Profissionais da Saúde entram em greve em São Paulo

Categoria da Saúde denuncia descumprimento de acordos sobre bonificação, vale-alimentação e cobra valorização dos trabalhadores
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Na capital, trabalhadores ocuparam ruas com faixas, cartazes e o bandeirão com a frase “A Saúde está na rua”. Foto: SindSaúdeSP

Os profissionais da saúde do estado de São Paulo cruzaram os braços nesta quarta-feira (1º) em uma greve de 48 horas, em protesto contra o descumprimento de acordos firmados com o governo bolsonarista de Tarcísio de Freitas (Republicanos). A mobilização, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSaúde-SP), acontece em todas as regiões do estado, com manifestações em frente a hospitais e unidades de saúde. Entenda na TVT News.

O principal motivo da paralisação é o não pagamento da Bonificação por Resultados (BR) no quinto dia útil de setembro, além da ausência de proposta para reajuste do auxílio-alimentação, cujo valor diário segue congelado em R$ 12 desde 2018. Segundo o SindSaúde-SP, o governo descumpriu os prazos acertados em mesa de negociação realizada em 17 de julho, o que motivou a retomada da greve aprovada previamente em assembleia da categoria.

“Na segunda-feira, a Casa Civil nos chamou para uma nova conversa, reconheceu que não cumpriu o prazo acordado e nem garantiu que atenderá o que eles mesmos se comprometeram nos próximos dias”, afirmou o presidente do SindSaúde-SP, Gervásio Foganholi. “Em julho, suspendemos a greve como gesto de boa-fé. Mas mantivemos o estado de greve enquanto aguardávamos. Como os acordos não foram efetivados, agora é greve”, concluiu.

“A saúde está na rua”

A paralisação atinge mais de 50 mil profissionais representados pelo SindSaúde-SP, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, motoristas, oficiais de saúde e administrativos. A adesão ocorre em hospitais da administração direta e unidades com gestão privatizada, mas que mantêm servidores públicos, como os Hospitais das Clínicas de São Paulo, Ribeirão Preto, Botucatu, Marília, e o Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).

Na capital, trabalhadores ocuparam ruas com faixas, cartazes e o bandeirão com a frase “A Saúde está na rua”, em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Gritando palavras de ordem como “Heróis da pandemia, salário é mixaria” e “Saúde na rua, Tarcísio a culpa é sua”, os profissionais denunciaram o que chamam de “mentiras do governo estadual”, que teria se comprometido a pagar e reajustar benefícios, mas não cumpriu.

“O estado mais rico do país paga só R$ 12 por dia útil de vale-alimentação, não deu reajuste para quem ganha os menores salários e segue privatizando todo o sistema de saúde”, criticou o sindicato em nota.

Compromissos não cumpridos

Além da bonificação e do vale-alimentação, o governo ainda não apresentou propostas concretas para outras duas pautas prometidas:

  • Ampliação da Gratificação pelo Desempenho e Apoio à Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Gdamspe), cujo estudo e proposta deveriam ser apresentados até meados de outubro;
  • Revisão da tabela do Prêmio de Incentivo, com entrega de proposta até o fim do ano.

A greve foi aprovada em assembleia da categoria ainda em junho e suspensa em julho diante da abertura de negociação por parte do governo. No entanto, em 24 de setembro, durante o Conselho de Delegados Sindicais Ampliado, os trabalhadores decidiram retomar a paralisação por tempo determinado após constatarem que os compromissos assumidos não foram honrados.

Pressão sobre parlamentares

Durante o ato na Alesp, os manifestantes dialogaram com a população e cobraram dos parlamentares atuação efetiva para pressionar o Executivo estadual. O deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT) esteve presente e responsabilizou diretamente o governador pelo impasse.

“A responsabilidade dessa greve de 48 horas é do governador Tarcísio, que negociou, mas não pagou os direitos dos trabalhadores”, declarou o parlamentar, que acompanhou a categoria tanto no conselho da manhã quanto no plenário da Alesp.

Quem está em greve

Estão mobilizados os profissionais que atuam:

  • Na Secretaria de Estado da Saúde (SES) e na Secretaria da Administração Penitenciária (SAP);
  • Em autarquias e fundações de saúde, como os Hospitais das Clínicas de São Paulo, Ribeirão Preto, Botucatu e Marília;
  • No Iamspe, incluindo o HSPE e os Ceamas (Centros de Atendimento Médico-Ambulatorial).

O SindSaúde-SP, com 36 anos de atuação, representa trabalhadores da saúde pública estadual vinculados ao governo, estatutários ou contratados via CLT, e reforça que novas paralisações não estão descartadas caso o governo continue ignorando as demandas da categoria.

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