O ambiente digital tem se tornado cada vez mais inseguro devido à crescente quantidade de golpes aplicados por criminosos virtuais, e a população idosa tem sido o principal alvo dessas práticas ilícitas. Confira mais em TVT News.
Pessoas idosas são capacitadas para se protegerem de golpes virtuais
Segundo dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), no ano passado, cerca de 320 pessoas com 60 anos ou mais denunciaram violações patrimoniais cometidas na internet. Esse número, no entanto, pode ser ainda maior, já que muitos idosos não realizam denúncias formais por falta de conhecimento sobre os canais adequados ou por medo de represálias.
A vulnerabilidade desse grupo se deve, em grande parte, ao desconhecimento sobre as práticas seguras no mundo digital, o que os torna presas fáceis para fraudes financeiras, golpes de phishing, falsas promessas de empréstimos e outras modalidades de crimes cibernéticos.
Para garantir maior proteção a essa população no ambiente virtual, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) lançou, na semana passada, no Distrito Federal, o Projeto Viva Mais Cidadania Digital.
A iniciativa, fruto de uma parceria entre a Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (SNDPI), do MDHC, e a Universidade de Brasília (UnB), tem como objetivo principal prevenir golpes, promover educação digital e midiática, e combater violências financeiras, discursos de ódio e a disseminação de notícias falsas.
O projeto surge como uma resposta às crescentes denúncias de crimes virtuais que afetam diretamente a qualidade de vida e a segurança dos idosos.
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Muitas vezes, quem cai em um golpe, principalmente as pessoas idosas, não sabe bem o que fazer ou a quem recorrer. A falta de familiaridade com as ferramentas digitais e o medo de expor sua situação podem levar ao silêncio. Um dos caminhos para enfrentar esse problema é buscar grupos de proteção aos idosos, e é aí que entra o Projeto Viva Mais Cidadania Digital.
“É muito importante que haja uma verdadeira aliança do poder público, sociedade civil e big techs para a proteção da infância e da juventude. Tanto para o monitoramento de combate a esse tipo de conteúdo, como para sua efetiva retirada e posterior identificação e responsabilização civil e criminal das pessoas por trás desses ilícitos. Os ambientes digital e físico estão cada vez mais integrados e as repercussões das ações no digital, cada vez mais perceptíveis na vida e no desenvolvimento de crianças e adolescentes”, afirma a advogada de direito digital e proteção de dados Nuria López, da Daniel Advogados
O programa foi desenvolvido para capacitar os idosos a identificar e evitar golpes, além de ensiná-los a utilizar a internet de forma segura e consciente.
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O programa oferecerá um curso presencial, com atividades que contarão com o apoio de monitores e estudantes da UnB, promovendo uma troca de experiências entre gerações. Essa abordagem é fundamental, pois permite que os jovens, mais familiarizados com o mundo digital, compartilhem seus conhecimentos com os idosos, enquanto estes transmitem suas vivências e sabedoria.
Os participantes terão acesso a material didático com conteúdo simples e de fácil compreensão, além de exemplos práticos, vídeos explicativos e indicações de cursos complementares gratuitos. O objetivo é tornar o aprendizado acessível, garantindo que todos possam acompanhar as aulas e aplicar os conhecimentos no dia a dia.
Por enquanto, o curso estará disponível apenas na Universidade de Brasília, mas a ideia do MDHC é expandir a iniciativa para outras universidades pelo país. A meta é alcançar o maior número possível de idosos, especialmente aqueles que vivem em regiões com menor acesso a informações e recursos educacionais. A professora da UnB em Ceilândia,
Mariana Sodário Cruz, que participa do projeto, ressalta que a iniciativa é uma solução eficaz para combater a violência financeira e patrimonial que muitos idosos enfrentam diariamente. “São mensagens enganosas no WhatsApp que contêm links maliciosos para roubar senhas, falsas ofertas de empréstimos consignados e outros golpes que são aplicados de forma recorrente”, explica a professora. Ela destaca que a educação digital é a chave para empoderar os idosos e reduzir sua vulnerabilidade.
O Viva Mais Cidadania Digital consiste em oito encontros presenciais, complementados por tarefas para serem realizadas em casa. Essas atividades extras têm o intuito de incentivar a reflexão e aprofundar o aprendizado, garantindo que os participantes assimilem o conteúdo de forma prática.
Além disso, a expectativa é que os idosos que realizarem o curso possam se tornar multiplicadores do conhecimento adquirido, compartilhando informações com familiares, amigos e vizinhos. Dessa forma, o projeto não apenas beneficia os participantes diretos, mas também contribui para a criação de um ambiente virtual mais seguro para toda a sociedade.
A iniciativa também aborda outros desafios enfrentados pelos idosos no mundo digital, como a dificuldade em identificar notícias falsas e a exposição a discursos de ódio. Com o aumento do uso de redes sociais e aplicativos de mensagens, muitos idosos acabam sendo vítimas de desinformação, o que pode gerar medo, ansiedade e até conflitos familiares. O curso busca ensinar técnicas para verificar a veracidade das informações e orientar os participantes a adotar uma postura crítica diante do conteúdo que consomem online.
Outro aspecto importante do projeto é o combate à violência financeira, que muitas vezes começa com uma simples mensagem ou ligação. Os idosos são frequentemente abordados com promessas de ganhos fáceis, ofertas de investimentos fraudulentos ou falsos empréstimos consignados. O curso ensina como identificar esses golpes e quais medidas tomar para proteger suas finanças. Além disso, os participantes aprendem a utilizar ferramentas de segurança, como senhas fortes, autenticação em duas etapas e bloqueio de contatos suspeitos.
O Projeto Viva Mais Cidadania Digital representa um avanço significativo na proteção dos direitos dos idosos no Brasil. Ao unir educação, tecnologia e inclusão, a iniciativa não apenas previne crimes, mas também promove a autonomia e a confiança dos idosos no uso das ferramentas digitais.
Em um mundo cada vez mais conectado, garantir que todas as gerações possam navegar com segurança é um passo essencial para construir uma sociedade mais justa e igualitária. A expectativa é que, com a expansão do projeto, mais idosos possam se beneficiar desses conhecimentos, reduzindo significativamente os índices de golpes e violências no ambiente digital.