Em um movimento que ecoa as políticas migratórias xenófobas de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, a Argentina anunciou a construção de um alambrado de 200 metros na cidade de Aguas Blancas, na província de Salta, ao norte do país, que faz fronteira com Bermejo, na Bolívia. Veja mais sobre a política de Milei na TVT News.
Milei adota tática semelhante a de Trump
A construção de alambrado de 200 metros, na cidade de Aguas Blancas na fronteira com a Bolívia, foi apresentada como uma resposta ao fluxo migratório na região, mas tem gerado debates e críticas de setores da sociedade e especialistas em direitos humanos. As informações são do Uol.
A decisão, anunciada pelo governo de Javier Milei, reflete a proximidade ideológica de extrema direita entre o presidente argentino e o presidente dos Estados Unidos. Durante seu primeiro mandato, Trump defendeu e implementou a construção de um muro na fronteira com o México como parte de sua política de combate à imigração ilegal, um símbolo de sua postura dura contra imigrantes. Agora, em seu retorno, já começou a expulsar imigrantes. Os casos envolvem, inclusive, suspeitas de tortura.
Milei, que expressa abertamente sua admiração por Trump, parece seguir os passos do líder americano ao adotar uma abordagem semelhante, ainda que em escala menor.
Muro de Milei
A construção do alambrado foi justificada pelo governo local como uma medida para conter a travessia irregular de pessoas entre as cidades fronteiriças. O secretário argentino da província fronteiriça Zigarán declarou que o objetivo da barreira é evitar essas situações, minimizando os impactos no comércio local e garantindo maior controle na área. “Não sei por que há tanta confusão contra esse arame”, afirmou em defesa da medida.
Segundo o Censo de 2022, a Argentina, com uma população de 45 milhões, abriga cerca de 2 milhões de imigrantes, dos quais mais de 60% são oriundos de países da América do Sul, como Paraguai, Bolívia, Venezuela e Peru. Muitos desses imigrantes enfrentam condições precárias e são frequentemente alvos de políticas restritivas e ataques de ódio de apreciadores da extrema direita.
Críticos da construção do alambrado argumentam que medidas como essa não apenas falham em resolver os desafios estruturais relacionados à imigração, mas também alimentam narrativas xenofóbicas e discriminatórias. Especialistas apontam que ações simbólicas, como barreiras físicas, tendem a reforçar discursos de exclusão, marginalizando ainda mais comunidades imigrantes.
Assim como o muro entre os Estados Unidos e o México se tornou um divisor literal e metafórico entre nações e pessoas, o alambrado em Aguas Blancas levanta questões sobre o futuro das relações entre Argentina e seus vizinhos sul-americanos. Para muitos, a iniciativa de Milei representa mais do que uma tentativa de controle fronteiriço: é um reflexo de um alinhamento ideológico que prioriza a separação em detrimento da integração regional e da solidariedade.
Enquanto a obra avança, o debate sobre os impactos e significados dessa política deve se intensificar, colocando em evidência as tensões entre segurança, soberania e direitos humanos na América Latina.