Reborn: por que as pessoas se apegam ao boneco bebê?

Psicóloga reforça a importância de acolhimento especializado quando há apego excessivo ao boneco
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Psicóloga alerta para o risco de se apegar ao bebê. Foto: Wikimedia Commons

Bebê reborn é uma boneca criada para ter aparência realista com o objetivo de se parecer com um bebê de verdade, tanto na aparência quanto no peso e no toque. Os bebês reborns tomaram conta das redes sociais e estão contaminando até ações judiciais. Para além da exposição midiática, o apego ao bebê reborn é questão de saúde mental. Veja em TVT News.

Bebê reborn: Por que algumas mulheres se apegam a bonecos? Psicóloga explica

Bonecos hiper-realistas voltaram aos holofotes nas redes sociais. Psicóloga perinatal comenta possíveis fatores emocionais envolvidos e reforça a importância de acolhimento especializado em alguns casos

O que são bebês reborn?

Bonecos reborn são feitos a partir de um processo chamado reborning, no qual artistas personalizam bonecas comuns com camadas de tinta especial, implante de cabelos fio a fio, detalhes como veias, unhas e até cheirinho de recém-nascido.

Por que os bebês reborn estão nas redes sociais?

Os bebês reborn voltaram aos holofotes após a repercussão de vídeos nas redes sociais, entre eles o da influenciadora Gracyanne Barbosa cuidando de um boneco como se fosse um bebê real. A cena dividiu opiniões e gerou dúvidas sobre o que pode motivar esse tipo de vínculo simbólico.

Segundo a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do instituto MaterOnline, há casos em que o apego a bebês reborn está associado a questões emocionais, como a vivência de um luto, frustrações ligadas à maternidade ou um desejo de ser mãe que ainda não foi realizado. “Esse tipo de comportamento pode revelar afetos que precisam ser acolhidos e elaborados com acompanhamento psicológico”, afirma.

Apesar disso, a psicóloga destaca que o vínculo com bebês reborn não substitui a experiência com um bebê real e que, quando esse apego se intensifica, pode indicar sofrimento emocional. “Não é sobre fantasia ou brincadeira. É uma tentativa simbólica de suprir algo que está faltando emocionalmente”, explica.

Como lidar com esse o apego ao bebê reborn?

1) Procure acolhimento psicológico

O acompanhamento com um psicólogo perinatal pode ajudar a compreender os sentimentos envolvidos e a transformar o desejo de maternar em caminhos concretos.

2) Evite julgamentos apressados

A exposição pública desse vínculo pode gerar comentários negativos. Para quem já está emocionalmente fragilizada, isso pode intensificar o sofrimento.

3) Transforme o desejo em plano de ação

Se o desejo de ser mãe está presente, a psicoterapia pode auxiliar no planejamento de uma gestação, no caminho para a adoção ou em outras formas de maternar.

4) Respeite seus sentimentos

Não existe certo ou errado em sentir. O importante é reconhecer o que está por trás desse vínculo e buscar apoio para dar um novo significado à dor.

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O bebê reborn pode ser usado em tratamentos, como o Alzheimer. Foto: Wikimedia Commons

Características principais do bebê reborn

  • Material realista: normalmente feitas de vinil siliconado ou silicone, para imitar a pele humana.
  • Peso e tamanho: costumam ter peso semelhante ao de um bebê verdadeiro, entre 2 kg e 4 kg.
  • Detalhes minuciosos: incluem cílios, manchas, veias, dobra nas articulações, unhas pintadas e até marcas de nascença.
  • Personalização: cada boneca pode ser feita sob encomenda com características específicas (cor dos olhos, cabelo, tom de pele, sexo, etc.).

Para que serve o bebê reborn?

  • Colecionadores: muitas pessoas colecionam essas bonecas como arte.
  • Terapia: são usadas em terapias ocupacionais, especialmente com idosos, pessoas com Alzheimer ou luto perinatal.

Apesar de parecer um brinquedo, o bebê reborn é considerado por muitos como uma peça de arte ou um instrumento terapêutico. Como reforça a psicóloga perinatal Rafaela de Almeida Schiavo, o apego ao boneco demanda atendimento psicológico.


Com colaboração da professora Dra. Rafaela de Almeida Schiavo, psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline. Graduada com Licenciatura Plena em Psicologia e em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Mestra em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem e Doutora em Saúde Coletiva, ambos pela Unesp. Realizou o pós-doutorado na UNESP/Bauru, integrando o Programa de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem.

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