O governo do Reino Unido, sob a liderança do primeiro-ministro Keir Starmer, está prestes a reconhecer formalmente o Estado da Palestina. A decisão, aguardada nos próximos dias, cumpre uma promessa do Partido Trabalhista e resulta de intensa movimentação diplomática. Saiba mais na TVT News.
A medida busca preservar a viabilidade da solução de dois Estados, ameaçada pela possível anexação da Cisjordânia por Israel e pelos ataques em Gaza. A iniciativa britânica ganhou impulso após a França, presidida por Emmanuel Macron, anunciar intenção similar, criando um movimento internacional.
Em julho, Starmer estabeleceu condições para que Israel evitasse o reconhecimento imediato, incluindo cessar-fogo em Gaza, fim da campanha militar, retomada das negociações de paz e interrupção de anexações na Cisjordânia. Como os requisitos não foram cumpridos, a ação britânica tornou-se inevitável.
O futuro Estado palestino deverá ser governado pela Autoridade Palestina, com eleições previstas em um ano, enquanto o Hamas será desarmado e excluído do governo.
Equilíbrio diplomático e pressões internas
A decisão enfrenta um cenário complexo. Apesar do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter classificado a medida como “um dos poucos desentendimentos”, a Casa Branca optou por não escalar o tema, considerando que o reconhecimento será apenas simbólico.
No território britânico, a iniciativa é celebrada por membros do Partido Trabalhista e chega em um momento estratégico para Starmer, que busca recuperar popularidade antes da conferência anual do partido.
Impactos do reconhecimento
Embora não altere a situação atual, o reconhecimento do Estado Palestino terá efeitos concretos: a Missão Palestina em Londres será elevada à embaixada, com Husam Zumlot como embaixador, e haverá uma cerimônia de hasteamento da bandeira palestina. O Reino Unido poderá ainda firmar tratados diretamente com a Palestina, reforçando o apoio à solução de dois Estados e criticando a recusa de Israel em negociar.
Legalmente, a medida não obriga o Reino Unido a punir Israel, cuja ocupação já é considerada ilegal pelo país.
Enquanto o gesto enfrenta oposição de Israel e dos EUA, que afirmam que a medida recompensaria o Hamas pelos ataques de outubro de 2023, especialistas questionam a eficácia do reconhecimento simbólico sem medidas práticas para pressionar Israel. Internamente, a pressão por ações mais duras, como sanções, tende a crescer, especialmente diante das acusações de genocídio em Gaza levantadas por uma comissão da ONU e pelo prefeito de Londres, Sadiq Khan.
Com informações do The Guardian