O prefeito bolsonarista de São Paulo, Ricardo Nunes, decidiu não assinar a compra de 10 milhões de exemplares para os programas Minha Biblioteca e Sala de Leitura, da Secretaria Municipal de Educação. A omissão em relação à leitura provocou entre educadores e profissionais da área.
O Brasil perdeu quase 7 milhões de leitores nos últimos quatro anos, de acordo com a pesquisa Retratos da Leitura, divulgada em novembro. Desde 2015, o total acumulado de leitores perdidos chega a 11,3 milhões. Este é o cenário em que Nunes corrobora com o desinvestimento na formação de cérebros.
Nunes em falta
A aquisição, prevista para o primeiro trimestre de 2024, era destinada às crianças da rede municipal de ensino, do infantil ao fundamental. O programa Minha Biblioteca é reconhecido como uma referência nacional na promoção e democratização da leitura. No entanto, a inação do prefeito em não formalizar a compra deixou milhões de exemplares longe das mãos de estudantes, comprometendo o acesso ao conhecimento e à formação de novos leitores.
“A política de desmonte da cultura e educação já é uma realidade nesta gestão que precariza serviços importantes. Deixar de comprar 10 milhões de livros em um programa que é referência nacional escancara esse desrespeito com leitores paulistanos. É preciso denunciar”, afirmou Luba Melo, bibliotecária e vice-presidenta do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), de quem parte a denúncia.
Impacto da inação
O impacto da decisão é profundo, considerando o papel transformador do programa Minha Biblioteca. Para Luana Bife, professora e dirigente do Sindsep, os livros têm um efeito significativo na formação dos estudantes.
“Nas escolas, os programas Minha Biblioteca e Sala de Leitura são essenciais para formar novos leitores. Fui professora de Sala de Leitura e vi com os meus olhos a diferença de uma criança levando consigo um livro para casa. Os olhos brilham. Os livros chegam às mãos de crianças e jovens estudantes da rede municipal, suas estantes de livros começam ali e ajudam a construir um futuro de conhecimento e aprendizado”, destacou.
Além de prejudicar os alunos, a medida enfraquece um programa que é modelo para outras cidades do país. O futuro do programa e de seus beneficiários agora depende de uma revisão da política municipal ou de ações para pressionar o governo a retomar a iniciativa.