Bolsonaristas planejavam matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Após os assassinatos, o plano era instituir um gabinete de crise comandado pelos generais do núcleo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Braga Netto e Augusto Heleno. Militares, inclusive, chegaram a se posicionar próximos aos alvos no dia escolhido para o golpe mortal, 15 de dezembro de 2022. Contudo, tiveram de abortar de última hora por circunstâncias alheias as suas vontades. É o que revelou hoje (19) investigação da Polícia Federal.
Trata-se de mais um capítulo das investidas golpistas do bolsonarismo. “Não percam a fé. É só o que eu posso falar”, disse Braga Netto a apoiadores dias antes da execução do plano. “É muita doidera. Os caras estavam planejando matar. Não sou eu quem estou falando. É relatório da PF. Prenderam já o primeiro general, Mario Fernandes. Fizeram reuniões na casa do Braga Netto para discutir isso. O plano era envenenar Lula e Alckmin. Com Moraes, podia ser explosão. Tinha data”, disse o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ).
“Sinceramente, não é só para acabar com o movimento de anistia. Bolsonaro tem que ser preso. Os caras são bandidos em um nível impressionante. Não podemos normalizar isso. precisamos divulgar, falar isso todos os dias. É um golpe violento. Imagina? Anular eleições e matare o presidente e o vice eleitos, além de ministro do Supremo Tribunal Federal, presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Só tem um jeito de superar isso. Sabemos que o mentor intelectual disso é Bolsonaro. Ele tem que ser preso”, completou.
General Braga Netto manda recado para apoiadores bolsonaristas: "não percam a fé. É tudo que eu posso dizer pra vocês. Tem que dar um tempo". Conversa aconteceu um mês antes da data prevista para o golpe de Estado e o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes,… pic.twitter.com/yKaf0afHa1
— ICL Notícias (@ICLNoticias) November 19, 2024
Por pouco
O relatório da PF revela que o caso chegou perto do pior. “Segundo autoridade policial, o local inicial, onde a pessoa de codinome Gama estava para cumprir a ação planejada, reforça que os investigados estavam executando um plano para, possivelmente, prender Alexandre de Moraes no dia 15 de dezembro (…) é plenamente possível que a pessoa estivesse próxima à residência funcional de Moraes”, explica relatório.
Outro parlamentar, Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) também demonstrou espanto com a gravidade da situação. “A investigação mostra a gravidade da conspiração da extrema direita contra a democracia e a liberdade no país. Não podemos esquecer o que foi a ditadura militar em nossa história. É preciso lembrar para nunca mais repetir”, disse.
COMPARTILHE: temos que fazer uma campanha forte SEM ANISTIA e defendendo a punição exemplar de JAIR MESSIAS BOLSONARO, o mentor intelectual do golpe de Estado e dos atos criminosos contra o Brasil e nossa democracia! pic.twitter.com/JVdnMah4ld
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) November 19, 2024
Ao redor de Bolsonaro
O plano era complexo e bem estruturado. Tudo foi pensado. Como burlar a segurança policial, despistar policiais federais. Havia, de acordo com a PF, uma lista de ações. Entre elas, o reconhecimento operacional, que envolvia o levantamento de informações como locais de frequência e estadia; trabalho e academia. Também havia uma análise de itinerários, com ruas específicas e os horários que os alvos passariam.
“As informações sobre segurança pessoal também apontam para uma provável estrutura de segurança do magistrado (Moraes). Ao final da primeira página, é mencionado o reconhecimento por pelo menos duas semanas nas regiões do Distrito Federal e São Paulo, sendo exatamente as unidades da Federação que o ministro frequentava ordinariamente”, afirma o relatório da PF.
De acordo com informações preliminares, este planejamento teve autoria de Mario Fernandes, que trabalhava como secretário executivo da Secretaria Geral da Presidência da República, comandada por Braga Netto. No detalhamento, especificaram, inclusive, quais armamentos seriam utilizados.
Toc, Toc, Toc
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Lula, Paulo Pimenta, comentou o caso. “Tudo não ocorreu por detalhe. Foi um período que tentaram explodir um caminhão próximo ao aeroporto de Brasília. Tudo culminou no 8 de janeiro. Os personagens são os mesmos. Quem financiou os acampados nos quarteis também estão envolvidos. O indivíduo que tentou explodir o Supremo semana passada também está envolvido. Há uma relação.”
A congressista Erika Hilton (Psol-SP) cobrou que não haja anistia para criminosos. “Toc, toc, toc (…) Conforme as investigações da PF, uma reunião sobre o plano ocorreu na casa de Braga Netto no dia 12 de novembro de 2022, menos de duas semanas depois da derrota de Bolsonaro nas urnas. Esse encontro foi confirmado pelo delator Mauro Cid e por materiais apreendidos com o general Mario Fernandes, preso hoje pela PF. Sem anistia”, disse.
Já o deputado Guilherme Boulos (Psol-SP), também cobrou a prisão de Bolsonaro. “A operação da PF que prendeu, hoje, um policial e quatro militares envolvidos no plano para matar Lula e dar um golpe de Estado no Brasil aponta para uma organização golpista muito bem articulada. A prisão do líder também é fundamental e urgente”, disse.