Santander usa violência em protesto pacífico de bancários contra terceirização

Ato no Radar Santander foi reprimido pela PM. Deputado Estadual Luiz Claudio Marcolino (PT-SP) foi agredido com arma de choque
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"Santander terá uma resposta à altura. Não vamos recuar", afirma dirigente. Foto: SPBancários

O Santander usa violência durante protesto pacífico de bancários nesta quinta-feira (22) para denunciar a terceirização praticada no setor bancário. O banco espanhol recorreu à Polícia Militar, que agiu com brutalidade contra os trabalhadores, durante a atividade no Radar Santander, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo,

“Mais uma atitude antissindical do banco espanhol Santander, que aplica as piores condutas com os seus trabalhadores, e hoje é o maior responsável por intensificar o processo de terceirização de seus funcionários e desrespeitar o acordo coletivo”, afirma Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

O ato ocorreu durante o Dia Nacional de Luta contra a Terceirização, na manhã desta quinta-feira (22). A atividade integra a Campanha Nacional dos Bancários 2024 (campanha salarial dos bancários) para cobrar dos bancos, além do fim da intermediação de mão de obra, a apresentação de uma proposta decente na mesa com a Fenaban; a preservação dos empregos bancários; melhores condições de trabalho e o fim do adoecimento causado pela imposição de metas abusivas.

Extrema truculência no Radar Santander

“Estamos desde as primeiras horas da manhã em um movimento pacífico de diálogo com os trabalhadores. O Santander acionou a PM, que chegou com extrema truculência e agressividade, agredindo fisicamente as pessoas. Neste momento tem pessoas machucadas que precisaram recorrer ao ambulatório”, relata Lucimara Malaquias, secretária-geral do Sindicato, que estava no local durante os atos de violência.

A violência policial resultou em trabalhadores agredidos, inclusive mulheres. Enquanto isso, o banco espanhol não enviou nenhum representante para intermediar o conflito.

“A direção do Santander foi covarde. O banco é o principal responsável por essa atitude horrorosa de agressividade e truculência, que nós nunca tínhamos visto aqui. A polícia agiu de forma muito violenta e o banco, na sua omissão, contribuiu para a agressão aos trabalhadores. O Santander terá uma resposta à altura. Não vamos recuar, Santander”, afirma a dirigente Lucimara.

Deputado agredido

Também sofreu agressão o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT-SP), que participava da manifestação pacifica. Os policiais que chegaram para forçar a desocupação da praça, em frente ao Banco Santander, usaram arma de choque e cassetetes.

Em entrevista ao programa Bom para Todos, da Rede TVT, Marcolino relatou que notou movimentação atípica da PM. A confusão começou quando uma pessoa tentou furar a manifestação para entrar no edifício do banco. Desse modo, o parlamentar suspeita inclusive da atuação de um infiltrado. Isso porque, após o empurra-empurra – justamente quando Marcolino foi atingido pela arma de choque – a pessoa acabou indo embora.

“Não sabemos se era trabalhador, se não era trabalhador, se foi algo armado. Porque a pessoa depois não entrou no banco. Ou seja, se quisesse entrar mesmo, tinha entrado com o apoio da PM. Não foi isso que aconteceu.

Ele reclamou especificamente da ação de um tenente, que comandava a operação. “O problema é que esse tenente ele tava tensionando o tempo todo. Não dá para um comandante de tropa ter uma ação truculenta como essa. Se ele faz isso na presença de um parlamentar – inclusive com um parlamentar – imagina o que ele não pode fazer com a população”.

Em nota, a bancada da federação PT/PCdoB/PV na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) se solidarizou com o deputado, e exigiu a apuração do episódio e a devida punição dos envolvidos na agressão ao Parlamentar. “Infelizmente, não é o primeiro episódio de violência praticado contra parlamentares, no uso de suas prerrogativas, atacados de forma violenta por agentes de segurança que deveriam proteger todo e qualquer cidadão. A livre manifestação é um direito conquistado na democracia”.

Essa é a postura que Santander vai adotar?

Em todo o país, as atividades consistiram no retardo da abertura de agências e centros administrativos para dialogar com os trabalhadores e a sociedade sobre as reivindicações da categoria dos bancários, e expor a intransigência dos bancos que, apesar dos lucros bilionários, se recusam a apresentar uma proposta decente na mesa de negociação entre a Fenaban e o Comando Nacional dos bancários.

Na base do Sindicato dos Bancários, as atividades se concentraram no Radar Santander, onde ocorreram os episódios de violência, e no Geração Digital, ambos centros administrativos do Santander. Isto porque o banco espanhol vem promovendo um intenso processo de terceirização de trabalhadores, por meio da fraude na contratação.

“Fizemos uma ato pacífico durante a Campanha Nacional Unificada. E, em mais uma atitude desrespeitosa, os trabalhadores são recebidos com gás de pimenta, choque e cassetete. É essa a postura de negociação que o banco vai adotar no Brasil?”, questiona Neiva.

Além disso, a instituição financeira está transferindo seus funcionários para outras empresas do mesmo conglomerado, cada uma com um CNPJ diferente e vinculada a um sindicato distinto. É, portanto, uma forma encontrada pelo banco para fragmentar seus trabalhadores – enfraquecendo a representação sindical – e reduzir direitos e remuneração.

O Santander está promovendo este processo desde o segundo semestre de 2021. E utiliza, para isto, empresas criadas para este fim, como STI, SX, Santander Corretora, F1RST, Prospera e SX Tools.

Além do Santander, o Itaú também vem terceirizando setores inteiros. O processo vem atingindo áreas como a Central de Gerentes, a Gerência de Atendimento ao Cliente, SAC, Pool de Qualidade das Agências digitais Personnalité e CHAT.

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