Pela primeira vez na televisão aberta brasileira, o ativista Thiago Ávila falou ao vivo no TVT News Primeira Edição. Ele está no navio que tenta romper o bloqueio de Israel à Faixa de Gaza com ajuda humanitária a bordo da embarcação que integra a Flotilha da Liberdade. “Lidamos com a ideologia mais terrível de nosso tempo. Uma ideologia racista e supremacista como o sionismo, aliado ao imperialismo dos EUA, têm um poder destrutivo muito grande”, disse.
Thiago conversou sobre os riscos da missão, a violência de Estado imposta por Israel ao povo palestino e a força simbólica da desobediência não violenta. Atualmente, a Flotinlha está no Mediterrâneo, há cinco dias, próximo à costa grega. Eles adiaram temporariamente a chegada em Gaza por conta de um resgate a imigrantes do Sudão que estavam à deriva. A entrevista, inclusive, terminou antes do esperado pois a flotilha foi abordada pela guarda costeira grega.
Entre os 12 tripulantes está também a ativista sueca Greta Thunberg, ícone mundial da luta climática.
O ativista é conhecido por sua atuação em causas ambientais, sociais e pelos direitos humanos. A atual missão é marcada por tensões crescentes. No mês passado, o navio em que Ávila também embarcaria foi atingido por drones supostamente de Israel. “Já bombardearam nosso barco há um mês com drones semelhantes a esses e eles já atacaram nossa flotilha 15 anos atrás e assassinaram 10 pessoas. Então não é nada abstrato”, relatou.
Impacto da missão de paz
Ainda assim, ele afirma que a ameaça sobre suas vidas é menor do que a realidade enfrentada diariamente por civis em Gaza. “Nosso risco é muito menor do que o risco das pessoas em Gaza. Por isso, não podemos deixar de cumprir nossa missão em solidariedade ao povo palestino.”
Para Thiago, o objetivo da flotilha é provocar impacto político e mobilizar consciências. “Eles não vencem a gente pela força. Ações não violentas como a flotilha têm o poder de inspiração e mobilização. Não conseguem esmagar.”
Ameaças de Israel
Segundo o ativista, caso Israel volte a atacar, o efeito será oposto ao pretendido. “Se fizerem isso, garanto que semana que vem teremos milhares de pessoas na próxima flotilha para romper esse cerco. Se atacarem novamente, teremos milhões depois.”
Ele vê a ação como uma fagulha de mobilização global contra o que considera um projeto de morte coordenado por Israel. “Essa ideologia racista terá que entender que não vão parar a sede dos povos de não ver mais crianças mortas de fome, hospitais bombardeados.”
Com treinamento pessoal em táticas de ação direta não violenta, Ávila se diz preparado para resistir em paz. “Vamos cumprir nossa missão com o máximo de dignidade possível.”
Ajuda a Gaza
A tentativa da flotilha de alcançar Gaza com alimentos, medicamentos e equipamentos médicos acontece num contexto de agravamento da crise humanitária na região. Desde 2008, Israel mantém um bloqueio terrestre, aéreo e marítimo à Faixa de Gaza, o que compromete drasticamente o acesso da população palestina a insumos básicos, gerando escassez crônica e sofrimento generalizado.
Mais do que romper fisicamente um cerco, a missão liderada por ativistas como Thiago Ávila busca furar o cerco político e simbólico que silencia ou relativiza o sofrimento palestino. “Estamos aqui para cumprir uma missão e vamos cumprir.”

Confira um trecho da fala do ativista à TVT News em resposta à jornalista Emilly Gondim
“No contexto dessa viagem, não é algo abstrato falar em morrer (…)
Já bombardearam nosso barco há um mês com drones semelhantes a esses e eles já atacaram nossa flotilha 15 anos atrás e assassinaram 10 pessoas. Então não é nada abstrato. De fato, precisamos considerar uma possibilidade concreta de isso acontecer.
Agora, nosso risco é muito menor do que o risco das pessoas em Gaza. Por isso não podemos deixar de cumprir nossa missão em solidariedade ao povo palestino.
Além disso, toda vez que é colocado na mesa a possibilidade de nos atacarem, nos matarem, eles têm a potencia militar para isso. A gente não tem vitória militar. Eles conseguem matar a gente se quiserem. Mas estarão cometendo o maior erro da história dos 80 anos desse estado ilegal de ocupação.
Se fizerem isso, garanto que semana que vem teremos milhares de pessoas na próxima flotilha para romper esse cerco. Se atacarem novamente, teremos milhões depois.
Eles não vencem a gente pela força. Ações não violentas como a flotilha, uma ação humanitária, tem o poder de inspiração e mobilização. Não conseguem esmagar. Se nos atacam, trarão mais força.
Essa ideologia racista terá que entender que não vão parar a sede dos povos de não ver mais crianças mortas de fome, hospitais bombardeados.
Estamos aqui para cumprir uma missão e vamos cumprir. Tomamos todos cuidados. Treino pessoalmente essa equipe em ação direta não violenta mesmo com toda violência deles. Vamos cumprir nossa missão com o máximo de dignidade possível.“
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