Sebastião Salgado morre aos 81 anos

O gigante da fotografia imortalizou questões sociais, ambientais e humanitárias em sua obra
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Sebastião Salgado enfrentava problemas decorrentes de malária desde 1990. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Nesta sexta-feira (23), Sebastião Salgado, um dos fotógrafos mais importantes do mundo, morreu aos 81 anos, em Paris. O falecimento foi confirmado pelo Instituto Terra, fundado pelo fotojornalista e sua esposa, Lélia Wanick Salgado, em 1998. Em comunicado, a família informou que Salgado morreu em decorrência de uma leucemia grave. Saiba mais em TVT News.

A leucemia grave foi uma consequência da malária contraída por Salgado na década de 1990, na Indonésia. Por conta da doença, o fotógrafo desenvolveu um distúrbio sanguíneo e parou de fazer viagens para fotografar em 2024.

Em uma entrevista à Forbes, publicada nesta quinta-feira (22), o fotógrafo comentou uma exposição sua que está em cartaz no centro Les Franciscaines, na França, até 1º de junho: “Para mim, foi como fazer um passeio pela minha própria vida”. “Quantas vezes na minha vida eu pus a câmera de lado e sentei para chorar? Porque era dramático demais, e eu estava sozinho. Esse é o poder do fotógrafo: poder estar lá.”, continuou Salgado.

Leia a nota do Instituto Terra na íntegra:

“Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado, nosso fundador, mestre e eterno inspirador.

Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.

Neste momento de luto, expressamos nossa solidariedade a Lélia, a seus filhos Juliano e Rodrigo, seus netos Flávio e Nara, e a todos os familiares e amigos que compartilham conosco a dor dessa perda imensa.

Seguiremos honrando seu legado, cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar.

Nosso eterno Tião, presente!
Hoje e sempre.”

Quem foi Sebastião Salgado

Ícone da fotografia, Sebastião Salgado, nasceu em Aimorés, Minas Gerais, em 1944, é um nome reconhecido internacionalmente. Com uma formação inicial em economia, Salgado migrou para a fotografia em 1973, em Paris, quando começou a se dedicar a temas sociais e ambientais.

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Sebastião Salgado iniciou sua carreira em 1973. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Agências importantes marcaram a carreira de Salgado, que passou por Gamma, Sygma e Magnun Photos. Mais de 120 países já foram registrados no trabalho do fotógrafo, que realizou exposições e lançou livros reconhecidos globalmente.

Seu trabalho na década de 1980, na Serra Pelada (AM), que atraiu mineradores com o sonho de enriquecimento rápido, o consagrou como um dos fotógrafos mais importantes do Brasil.

As lentes de Salgado também estiveram presentes em outros momentos históricos como a Revolução dos Cravos, em 1974; o atentado contra o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, em 1981; e uma das maiores ocupações da história do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), em 1996, que resultou no livro “Terra”.

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Sebastião Salgado acompanhou o MST durante dois anos e registrou momentos depois do massacre em Eldorado do Carajás, em 1996. Foto: Sebastião Salgado/Livro Terra/MST

Outros registros impressionantes estão nas obras “Trabalhadores”, “Êxodos” e “Gênesis”. Em “Trabalhadores”, Salgado documentou o trabalho manual em diferentes partes do mundo, buscando retratar aspectos da vida operária. “Êxodos” focou nos deslocamentos populacionais motivados por diversos fatores, abordando a experiência de migrantes e refugiados. Já “Gênesis” representou um desvio em sua temática, voltando-se para paisagens e comunidades em locais remotos.

Conhecido pelas fotografias em preto e branco, Salgado trabalhava com contrastes acentuados e composições que buscam evidenciar os sujeitos e ambientes. O fotógrafo já recebeu diversos prêmios internacionais, dentre eles, World Press Photo, Príncipe de Astúrias das Artes e Eugene Smith de Fotografia Humanitária.

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