Profissionais da saúde do estado de São Paulo paralisaram as atividades ontem (1º) em uma greve de 48 horas. A mobilização, liderada pelo Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSaúde-SP), é uma resposta ao descumprimento de acordos firmados com o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). A paralisação tem o apoio de outras categorias do funcionalismo, como o Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep), que declarou “total solidariedade” à greve. Entenda na TVT News.
“O Sindsep manifesta total apoio e solidariedade à greve de 48 horas deflagrada pelo SindSaúde-SP. A paralisação é uma resposta legítima e necessária ao descumprimento sistemático de acordos por parte do Governo do Estado de São Paulo”, afirma a entidade em nota. O sindicato municipal denuncia o não pagamento da Bonificação por Resultados (BR), a ausência de proposta de reajuste do auxílio-alimentação, congelado em R$ 12 desde 2018, e a exclusão dos servidores de menor remuneração do último reajuste salarial.
“É inaceitável que o governo Tarcísio de Freitas deixe de pagar a Bonificação por Resultados e descumpra o prazo para apresentar a proposta de reajuste do auxílio-alimentação, valor congelado desde 2018. A situação é ainda mais grave com a exclusão dos profissionais de menor remuneração do reajuste salarial”, continua o sindicato municipal. “A luta desses mais de 50 mil profissionais, que incluem desde a assistência direta até as fundações e autarquias, é justa e reflete o total desrespeito do poder público com quem sustenta a saúde no estado. A categoria não pode ser penalizada com a retirada de direitos e a precarização dos serviços”, completa.
A greve da Saúde
Por fim, os servidores municipais lembram que a luta é conjunta. “Reivindicar melhores condições de trabalho e o cumprimento de acordos, hoje é uma desistência na defesa da Saúde Pública. Nossa apoio e solidariedade ao Sindsaúde-SP e a todas as trabalhadoras e trabalhadores da saúde estadual de São Paulo.”
A greve atinge mais de 50 mil trabalhadores da saúde, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, motoristas e administrativos. A mobilização acontece em hospitais da administração direta e em unidades geridas por organizações sociais, como os Hospitais das Clínicas da capital, Ribeirão Preto, Botucatu, Marília e o Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).
Mobilização em frente à Alesp
Na capital, os profissionais ocuparam as ruas em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) com cartazes, faixas e gritos de protesto. “Heróis da pandemia, salário é mixaria” e “Saúde na rua, Tarcísio a culpa é sua” foram alguns dos gritos de ordem entoados pelos grevistas. O deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT), presente no ato, responsabilizou o governador pelo impasse: “A responsabilidade dessa greve de 48 horas é do governador Tarcísio, que negociou, mas não pagou os direitos dos trabalhadores”.
Promessas não cumpridas
Além da Bonificação por Resultados e do reajuste do auxílio-alimentação, o governo estadual ainda não apresentou propostas para outras pautas acertadas em mesa de negociação, como:
- A ampliação da Gratificação pelo Desempenho e Apoio à Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Gdamspe), prometida para outubro;
- A revisão da tabela do Prêmio de Incentivo, com entrega de proposta prevista até o fim do ano.
A categoria já havia aprovado a greve em assembleia realizada em junho, mas a paralisação foi suspensa após o início das negociações. No entanto, com o descumprimento dos compromissos, a mobilização foi retomada a partir de deliberação do Conselho de Delegados Sindicais Ampliado no último dia 24 de setembro.
O SindSaúde-SP, que representa trabalhadores da saúde pública estadual há 36 anos, indica que outras paralisações não estão descartadas caso o governo continue ignorando as demandas. Os grevistas continuam pressionando o governo e o parlamento estadual para que os compromissos firmados sejam cumpridos e os direitos da categoria respeitados.