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Setembro Amarelo e o papel do CVV: ouvir com empatia é gesto essencial de acolhimento

Setembro Amarelo chama a atenção para a importância do acolhimento. Particularmente o CVV exerce papel essencial, através do telefone 188
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"A atenção ao outro pode ser o primeiro passo para ajudar a salvar uma vida", afirma voluntário do CVV. Foto: Tânia Rêgo/ABr

“Ouvir de forma empática não é apenas uma prática de autocuidado, mas também um gesto essencial de acolhimento para aqueles que convivem conosco.” As palavras do voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) Carlos Correia dialogam com a campanha do Setembro Amarelo. Este é um período em que entidades da sociedade civil buscam chamar atenção para a prevenção ao suicídio. E a TVT News reuniu informações e depoimentos para alertar sobre o tema e ajudar na campanha.

As campanhas do mês possuem relação com o dia 10, que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Na noite anterior, Don Ernesto, apresentador do programa Conversa sem Curva, da Rede TVT, recebeu o ator e diretor Kiko Mascarenhas, que falou sobre o tema. Famoso por seus papeis bem-humorados, ele lembrou a Don Ernesto que passou por episódios de depressão severa.

O ator lembrou que o humor, de certa forma, pode ser um aliado na vida das pessoas. Contudo, reforçou a necessidade do auxílio profissional, como o CVV e acompanhamento psicológico e psiquiatra.

Elogio à vida

Kiko está em cartaz no teatro Tucarena, em São Paulo, com a peça “Todas as Coisas Maravilhosas“. A obra trata justamente do tema. No texto, um menino descobre que sua mãe sofre de depressão. Então ele começa a listar todas as coisas maravilhosas para fazê-la recuperar a vontade de viver. “A peça é um elogio à vida e à redescoberta das pequenas alegrias”, informa a produção.

Durante a peça, Kiko fala sobre o CVV e o Setembro Amarelo. “O tema deste ano é ‘Procure Ajuda’ e a gente fala durante a peça. Tem uma hora que a gente para e fala os dados e a ajuda que a gente sugere é o CVV. Quando você fala, ‘peça ajuda’, peça ajuda para quem? O primeiro lugar que eu penso é o CVV, que existe eu acho que há 50 anos”, relatou durante sua passagem pela Rede TVT.

“Eu quando adolescente ligava para o CVV porque eu tinha coisas que eu precisava falar, eu tinha angústias que eram muito naturais nessa idade e eu não tinha o ouvido, porque você não precisa de conselho, você não precisa de uma fórmula para sair daquilo, às vezes você só precisa ser ouvido, e o CVV me ajudou muito na minha adolescência”, completou.

  • Veja o depoimento que o autor Kiko Mascarenhas fez à TVT News:

O CVV

O Movimento Setembro Amarelo começou no Brasil em 2015. Entre os principais articuladores, o CVV. Uma associação sem fins lucrativos que atua desde 1962. Voluntários oferecem atenção 24 horas por dia, sem custos, atravésa de telefone (188), chat na internet, e-mail e também pessoalmente. São mais de 3 milhões de atendimentos anuais. Os voluntários são cerca de 3.500, que estão presentes em 20 estados e no Distrito Federal.

O CVV parte de alguns princípios que norteiam este atendimento emergencial às pessoas. “Tanto o sofrimento, em seus diversos nomes e matizes, quanto a busca por seu alívio são experiências constitutivas de todos nós, sem exceção. Mais ainda, falar sobre o próprio sofrimento em um ambiente acolhedor e respeitoso é um dos caminhos pelos quais se pode restabelecer o equilíbrio emocional”, informa a entidade.

Então, o centro treina seus voluntários para estimular o desenvolvimento da disponibilidade e escuta sem exigências. Empatia sem exigências, ameaças ou interferências para quem busca alívio. “O CVV defende que somos todos capazes de tomar decisões sobre nossas próprias vidas e que temos necessidade de socialização, autonomia, conservação e autorrealização, embora sejamos em certa medida vulneráveis, o que faz com que nenhum ser humano possa garantir que jamais pensará em suicídio como caminho de libertação de uma dor insuportável”, completa.

De volta a Carlos Correia, que atua na campanha do Setembro Amarelo, o primeiro passo é tirar a pessoa de um isolamento profundo através da escuta. “Influenciados pelo estresse e pela correria do dia a dia, muitas vezes deixamos de perceber quem está ao nosso redor, focando apenas em nós mesmos”, afirma. “A atenção ao outro pode ser o primeiro passo para ajudar a salvar uma vida”, completa.

Setembro Amarelo

A prevenção ao suicídio é tema urgente da sociedade. De acordo com dados do Ministério da Saúde, apenas em 2021, fora 15.507 suicídios. Ou seja, 42 por dia. O número é mais elevado do que a causa mortis de muitos tipos de cânceres, por exemplo. Então, chamar a atenção é essencial. Não à toa, o mês de agosto – em que iniciam as propagandas do Setembro Amarelo – é o mês com maior número de chamadas no CVV. Em 2023, este mês registrou 236.285 atendimentos, sem contar as ligações que não completam. Os atendimentos remotos representam 79%, ampla maioria; particularmente pelo telefone 188.

Volume de ligações atendidas em 12 meses – Abr/23 a Mar/24. Fonte: CVV

Já sobre os estados que mais buscam o serviço, São Paulo lidera. Em janeiro deste ano, foram 232.046 ligações atendidas em todo o Brasil. O número geral, contando ligações que não completaram, foi de 281.680. Destas, 71.941 foram de paulistas. Então, na sequência vem o Rio de Janeiro, com 30.026, e a Bahia, com 14.274 completa o quadro.

Volume de ligações recebidas por UF em números absolutos no mês de Jan/24. Fonte: CVV

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