O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região anunciou que entrará com uma ação coletiva contra o Itaú Unibanco. A decisão foi tomada em resposta à demissão em massa de cerca de mil bancários e bancárias, realizada na segunda-feira (8). Entenda na TVT News.
Bancários processam Itaú por demissão arbitrária de cerca de mil trabalhadores em home office
O banco justificou os desligamentos pela suposta “baixa aderência ao home office”, considerado pelo Sindicato um critério extremamente questionável e uma afronta aos trabalhadores.
As demissões atingiram empregados que atuavam em regime híbrido ou totalmente remoto nas unidades do Centro Tecnológico (CT), CEIC e Faria Lima. De acordo com o banco, a decisão foi baseada em um monitoramento de mais de seis meses, que teria detectado longos períodos de inatividade nas máquinas corporativas.
Para o diretor do Sindicato e bancário do Itaú, Maikon Azzi, o critério de inatividade é falho e desconsidera a complexidade do trabalho remoto. Ele argumenta que fatores como falhas técnicas, sobrecarga de trabalho ou a forma de organização das equipes não são levados em conta pelo monitoramento.
A presidenta da entidade, Neiva Ribeiro, foi ainda mais incisiva, classificando as demissões como um “claro desrespeito” que infringem os princípios da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria bancária.
“Ouvimos os trabalhadores demitidos na plenária realizada nesta quinta-feira (11). O Itaú descumpriu regras básicas de proteção ao emprego e desconsiderou a mesa de negociação coletiva. Um banco que lucra bilhões não pode tratar os trabalhadores como números descartáveis. Vamos acionar a Justiça para reverter esse ataque e responsabilizar o Itaú por esse desrespeito à lei e à categoria”, afirmou Neiva.
Azzi ressalta que apesar da reforma trabalhista ter retirado a exigência de autorização prévia do Sindicato para demissões em massa, o Itaú agiu de forma unilateral e desumana. Não houve qualquer tipo de aviso prévio, advertência, feedback ou tentativa de diálogo com os empregados para que pudessem se defender ou corrigir condutas, demonstrando uma total falta de respeito com os trabalhadores.
Lucro bilionário e corte de vagas
O Sindicato reforça que não há “nenhuma justificativa para demitir” diante dos resultados financeiros do Itaú. No último semestre, o banco registrou lucro de mais de R$ 22,6 bilhões, com alta rentabilidade. No entanto, o Itaú cortou 518 postos de trabalho nos últimos 12 meses, contrariando a expectativa de manutenção de empregos de um dos maiores bancos do país.
SP Bancários já contatou o Itaú para exigir explicações e a reposição das cerca de mil vagas, alertando para a sobrecarga de trabalho dos funcionários que permanecem. Azzi destaca que o home office “não pode ser uma desculpa para aprofundar o controle excessivo, a vigilância abusiva e o desrespeito às relações de trabalho”.
Segundo Neiva Ribeiro, a ação coletiva visa reverter o ataque aos trabalhadores e responsabilizar o Itaú por desrespeitar a lei e a categoria. A decisão de entrar com o processo foi tomada em uma plenária realizada na quinta-feira (11) com os bancários demitidos.