Por Neiva Ribeiro
Artigo da Presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região para a TVT News
Sindicato conquista acordo para demitidos do Itaú
Durante um mês, desde que os mais de mil trabalhadores do Itaú foram demitidos, fizemos uma intensa mobilização – convocando reuniões com o banco, ouvindo os trabalhadores, em protestos nas redes e ruas e divulgando nossa versão na imprensa.
Após três reuniões de mediação no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, avançamos em uma proposta de acordo com pagamento para os bancários atingidos pela demissão em massa promovida pelo Itaú em 8 de setembro. A decisão do banco afetou os trabalhadores que atuavam em regime de home office ou modelo híbrido.
A proposta conquistada pelo Sindicato prevê o pagamento de até dez salários a mais, valor fixo de R$ 9 mil, 13ª cesta-alimentação e a manutenção da taxa diferenciada de financiamento imobiliário. Além disso, o Itaú se comprometeu a não encerrar o modelo de teletrabalho, uma das principais preocupações da categoria após as demissões.
O acordo total vai distribuir cerca de R$ 130 milhões para esse grupo de bancários, que além de demitidos, foram expostos de forma vexatória. O Sindicato vai acompanhar de perto a execução e o cumprimento de todas as etapas.
A proposta conquistada pelo Sindicato prevê o pagamento de até dez salários a mais, valor fixo de R$ 9 mil, 13ª cesta-alimentação e a manutenção da taxa diferenciada de financiamento imobiliário. O acordo total vai distribuir cerca de R$ 130 milhões para esse grupo de bancários.
Desde o início do processo, o Sindicato se manteve ao lado dos trabalhadores exigindo explicações e denunciando as irregularidades cometidas pelo banco. Nos mobilizamos e fizemos diversos protestos e paralisações nos prédios do Itaú: BBA, Faria Lima, Ceic e CT, denunciando a falta de critérios de monitoramento que levaram às demissões.
Muitos dos demitidos haviam sido recentemente promovidos ou premiados por desempenho, o que reforça o caráter arbitrário da decisão do banco. A demissão em massa, além de não ter sido comunicada previamente ao Sindicato — como determina o processo negocial —, expôs os trabalhadores de forma pública.
Para alcançar uma solução negociada e garantir uma resposta efetiva aos bancários, o Sindicato atuou em várias frentes. Além de buscar diálogo direto com o Itaú e intermediação da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), recorremos ao TRT, solicitando uma audiência de mediação. As sessões ocorreram nos dias 1º, 3 e 6 de outubro, em São Paulo, e resultaram na proposta que agora será avaliada pela categoria em assembleia.
Após um mês desde a demissão em massa promovida pelo Itaú, o Sindicato conquistou uma proposta considerada positiva para os bancários demitidos, que será decidida pelos trabalhadores em assembleia.
Ainda assim, reafirmamos nossa indignação e repúdio à forma como o processo foi conduzido, reforçando que a mobilização em torno da defesa do teletrabalho, da privacidade e da transparência nas ferramentas de monitoramento continuará até que todos os bancários, não apenas do Itaú, tenham seus direitos assegurados.
A proposta apresentada estabelece que bancários com até 23 meses de trabalho receberão o equivalente a quatro salários, mais o valor fixo de R$ 9 mil e a 13ª cesta-alimentação. Para aqueles com mais de 24 meses de vínculo, o piso é de seis salários, acrescido de meio salário por ano trabalhado, com teto de dez salários, além do valor fixo de R$ 9 mil e da 13ª cesta-alimentação.

Além disso, os bancários que possuem financiamento imobiliário junto ao Itaú terão mantidas as condições diferenciadas, com taxa de 4% ao ano. Normalmente, ao serem desligados, esses trabalhadores perdem o benefício e passam a pagar a taxa de mercado, que varia entre 11% e 14%.
A adesão será individual, com assistência do Sindicato, e implicará a quitação total do contrato de trabalho. O prazo para adesão ao acordo é de até seis meses, e a proposta ainda precisa ser aprovada em assembleia. Os bancários impactados deliberarão sobre a proposta em assembleia híbrida marcada para o dia 9 de outubro (quinta-feira).
O acordo abre o debate sobre a criação de um marco regulatório que estabeleça regras claras de monitoramento e transparência no uso de novas ferramentas tecnológicas, com discussão na mesa da Fenaban, e garante o compromisso de incluir essas diretrizes na renovação dos próximos acordos de teletrabalho.
É resultado da resistência coletiva e da firme atuação sindical, que enfrentou uma das maiores demissões em massa da história recente do setor financeiro. A conquista reafirma o papel fundamental do Sindicato na defesa dos trabalhadores e na busca permanente por respeito, justiça e dignidade nas relações de trabalho.
Sobre a autora

Neiva Ribeiro é a atual presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região. É formada em Letras pela Universidade Guarulhos, pós-graduada em Gestão Pública pela Fesp-SP, e em Gestão Universitária pela Unisal. É funcionária do Bradesco desde 1989. Ingressou na direção do Sindicato em 2000.
Foi diretora-geral da Faculdade 28 de Agosto de Ensino e Pesquisa, secretária de Formação e secretária-geral da entidade.
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