No mesmo estilo Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19, Tarcísio de Freitas, o governador bolsonarista de São Paulo, ironizou as vítimas contaminadas por metanol dizendo que só ficaria preocupado quando a falsificação atingir a Coca-Cola. Leia em TVT News.
Tarcísio ironiza mortes em São Paulo e disse estar mais preocupado com a Coca-Cola
Durante coletiva organizada pelo governo do Estado sobre as ações para combater as bebidas batizadas com metanol, o governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas, menosprezou as mortes ocorridas no Estado dizendo que não sabia direito quais bebidas eram falsificadas e que iria se preocupar se a Coca-Cola fosse adulterada.
Ao citar as bebidas que são falsificadas, Tarcísio cita as marcas que podem ser adulteradas e diz que não vai se atentar a isso. “No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola aí sim vou me preocupar”, disse Tarcísio, fazendo piada sobre o momento, no melhor estilo Bolsonaro na época da Covid-19. “Ainda bem que ainda não chegaram nesse ponto”, completou Tarcísio.
Em entrevista ao jornal TVT News Primeira Edição, o deputado estadual Guilherme Cortez (Psol), “o governador está mais preocupado em isentar o crime organizado na falsificação de bebidas do que dar respostas adequadas à população.
No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola,
Tarcísio de Freitas, governador Bolsonarista de São Paulo
aí sim vou me preocupar
3ª morte por metanol é confirmada em São Paulo e Tarcísio se preocupa com Coca-Cola
A prefeitura de São Bernardo do Campo, em São Paulo, confirma morte da jovem Bruna Araújo por intoxicação de metanol após ingerir vodca com suco. Essa é a terceira morte no estado de São Paulo.
Bruna Araújo de Souza consumiu a bebida junto a amigos no domingo (29) em um bar localizado em São Bernardo. Os sintomas de náuseas, vômito e visão turva começaram na segunda-feira (30).
Ela foi levada para atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), depois transferida já entubada para o Hospital das Clínicas de São Bernardo. Também foi confirmado por familiares que o namorado de Bruna apresentava sintomas e foi internado em outra unidade de saúde.
Morte cerebral da terceira vítima de bebida com metanol foi decretada na sexta, 3
Na sexta-feira (3), a equipe médica começou o protocolo de morte cerebral. Os procedimentos prevem uma série de exames para determinar a perda completa e irreversível das funções cerebrais. Também foi adotado procedimentos paliativos junto a família.
Em nota, a prefeitura afirmou que a paciente “recebeu a melhor assistência possível” e manifestou solidariedade aos familiares e amigos.
“O óbito da mulher de 30 anos [Bruna Araújo] é o único caso confirmado de contaminação [em São Bernardo do Campo]”, disse a administração municipal em nota.
A confirmação municipal se soma a outras duas mortes por metanol confirmadas pelo Ministério da Saúde informadas em boletim atualizado às 11h59 de segunda-feira (6).
Segundo a pasta na última atualização, em São Paulo são 14 casos confirmados e 178 em investigação. Outros dois casos foram confirmados em Curitiba, no Paraná. O resultado final do país é de 16 casos confirmados e 209 em investigação.
As investigações seguem em Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rondônia, São Paulo, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraíba e Ceará. Os estados da Bahia e Espírito Santo tiveram os casos registrados descartados.
Tarcísio de Freitas se preocupa com Coca-Cola
Enquanto o estado de São Paulo é o epicentro de casos de intoxicação por metanol, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que só se preocupará quando o problema afetar a marca de refrigerante Coca-Cola:
“Não vou me aventurar nessa área que não é minha praia. No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar. Ainda bem que não chegaram nesse ponto”, brincou Tarcísio.
A fala foi feita durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (6) sobre reunião com representantes do setor de bebidas. O encontro foi marcado para apurar as intoxicações. De acordo com o governador, as marcas demonstraram disposição em colaborar com as investigações.
População teme que intoxicações por metanol estejam ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) que tem usado a adulteração de bebidas alcoólicas para desaparecer com metanol utilizado na adulteração de combustível — esquema descontinuado após Operação Carbono Oculto da Polícia Federal (PF).
Na última semana, o Governo de São Paulo reduziu os recursos para o próximo ano destinados ao combate ao crime organizado. Segundo a proposta orçamentária para 2026, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estipulou R$ 325,8 milhões para ações de combate direto, valor que corresponde a menos de 50% dos R$ 666,4 milhões da verba reservada para este ano.
Se a ligação do metanol em bebidas com o PCC for confirmada, o corte de investimento pode afetar o combate a crise.
O que o governo Lula tem feito para resolver a crise do metanol?
Diante do número elevado de casos de intoxicação por metanol em investigação, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a aquisição de mais 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol para fortalecer o estoque estratégico do SUS para os casos de intoxicação por metanol associados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas.
A previsão é que os antídotos estejam disponíveis até o final da próxima semana.
As novas ampolas de etanol vão se somar às 4,3 mil unidades entregues aos estoques dos SUS pelos hospitais universitários federais, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A distribuição dos insumos começou neste sábado, contemplando a Bahia, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
“Já tínhamos adquirido 4,3 mil ampolas e agora garantimos mais 12 mil, que serão distribuídas aos centros de toxicologia e hospitais universitários. Essa ampliação assegura que nenhum paciente fique sem acesso ao tratamento adequado”, reforçou o ministro Alexandre Padilha durante coletiva de imprensa em Teresina (PI).
Os dois antídotos – etanol e fomepizol – podem ser utilizados na suspeita de intoxicação e o profissional de saúde não precisa aguardar a confirmação laboratorial. O Ministério da Saúde reforça que a administração deve ser feita exclusivamente sob prescrição e monitoramento médico em um ambiente de saúde.
Além disso, Padilha assegurou que as medidas adotadas pelo Ministério da Saúde seguem protocolos científicos reconhecidos, com base em evidências. “Seguimos a ciência e as orientações dos especialistas. O etanol farmacêutico e o fomepizol são tratamentos comprovados e reconhecidos pela comunidade médica internacional”, afirmou.
Cooperação internacional e novo antídoto
A aquisição de 2,5 mil tratamentos do fomepizol, medicamento específico para intoxicação por metanol, foi viabilizada em parceria com o Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) junto a um fabricante do Japão, que mantém estoques nos Estados Unidos. O antídoto chegará ao Brasil na próxima semana e será distribuído aos estados brasileiros de acordo com a demanda apresentada.
“Essa aquisição, feita em tempo recorde, reforça nosso estoque estratégico e amplia as alternativas de tratamento disponíveis. Agradeço à OPAS pela parceria e pela rápida mobilização internacional”, afirmou o ministro.
Emergência
A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada no organismo em produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem levar à morte.
Os principais sintomas da intoxicação são: visão turva ou perda de visão (podendo chegar à cegueira) e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese).
Em caso de identificação dos sintomas, busque imediatamente os serviços de emergência médica e contate pelo menos uma das instituições a seguir:
Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001;
CIATox da sua cidade para orientação especializada (veja lista aqui);
Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 – de qualquer lugar do país;
É importante identificar e orientar possíveis contatos que tenham consumido a mesma bebida, recomendando que procurem imediatamente um serviço de saúde para avaliação e tratamento adequado.
A demora no atendimento e na identificação da intoxicação aumenta a probabilidade do desfecho mais grave, com o óbito do paciente.
Com texto de Danielly Schulthais do Ministério da Saúde