Tecnologia da Petrobras transforma eucalipto em combustível

"Transformaremos a Refinaria Riograndense na primeira refinaria do mundo a fabricar produtos 100% renováveis", disse a presidenta da Patrobras
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Refinaria de Petróleo Riograndense, em Rio Grande (RS), pioneira em biorrefino. Foto: Divulgação/Petrobras

A Refinaria Riograndense (RPR), localizada em Rio Grande, alcançou um marco histórico ao concluir, com sucesso, o teste de coprocessamento de 5% de óleo de pirólise de biomassa (bio-óleo) com carga mineral. Com essa realização, a refinaria se tornou a primeira do Brasil apta a produzir combustíveis com conteúdo celulósico, reforçando seu papel na transição energética e sustentabilidade no setor. Trata-se de um avanço tecnológico com origem na estatal Petrobras.

O teste, concluído em 17 de fevereiro, ocorreu na unidade de craqueamento catalítico (FCC) da refinaria e utilizou tecnologia desenvolvida pela Petrobras. Durante os sete dias de experimentação, uma equipe técnica altamente especializada da Petrobras e da RPR acompanhou todas as etapas do processo, desde o comissionamento até a operação e parada do sistema de fornecimento e injeção do bio-óleo.

O bio-óleo é um líquido viscoso, de coloração escura e rico em compostos orgânicos. Assim como o petróleo, precisa de tratamentos adicionais antes de ser utilizado em motores ou turbinas. No coprocessamento realizado pela RPR, o bio-óleo foi convertido em diversas frações, como gás combustível, GLP, componentes para formulação de gasolina e combustível marítimo com conteúdo renovável.

Inovação na Petrobras

O craqueamento catalítico é um dos processos mais relevantes para a conversão de petróleo em derivados como gasolina, diesel e insumos químicos. Para viabilizar o teste, a unidade FCC da RPR passou por adaptações que permitiram o processamento simultâneo de bio-óleo e gasóleo mineral. O catalisador utilizado pertence à linha ReNewFCC, produzido pela Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC S.A.), uma joint venture entre Petrobras e Ketjen.

“O recente teste representa um avanço significativo para o biorrefino global, pois pode viabilizar a transformação de madeira e de outros resíduos agroflorestais, amplamente disponíveis, em derivados típicos do refino de petróleo”, indica a diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi.

O bio-óleo empregado no teste foi fornecido pela Vallourec Unidade Florestal e possui certificação do International Sustainability and Carbon Certification (ISCC). Sua produção envolve a condensação de vapores liberados na fabricação de carvão vegetal de eucalipto, contribuindo para a redução de emissão de gases de efeito estufa.

Essa iniciativa está alinhada ao Programa BioRefino da Petrobras, que prevê investimentos de US$ 1,5 bilhão no período de 2025 a 2029. O projeto também atende às diretrizes da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) no setor de óleo e gás.

Rumo à Biorefinaria

A RPR tem se destacado em iniciativas pioneiras. Em 2023, tornou-se a primeira refinaria do mundo a processar 100% de óleo vegetal na unidade FCC, produzindo combustíveis e insumos químicos como propeno e bioaromáticos (BTX – benzeno, tolueno e xileno), também com tecnologia da Petrobras.

Agora, a refinaria avança em seu projeto de conversão total para uma biorefinaria. “Em linha com nosso compromisso de liderar uma transição energética justa no Brasil, transformaremos a Refinaria Riograndense na primeira refinaria do mundo a fabricar produtos 100% renováveis. Ela será uma biorefinaria que produzirá combustíveis somente a partir de óleos vegetais”, afirma Magda Chambriard, presidente da Petrobras.

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