‘The Economist’ estampa Bolsonaro como golpista e celebra julgamento no STF

Publicação da revista "The Economist" celebra julgamento de Bolsonaro no STF como lição de democracia aos EUA, tomados pelo autoritarismo
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"Brasil dá uma lição de maturidade democrática à América", afirma publicação do The Economist

A edição desta semana da revista britânica The Economist, uma das mais influentes publicações do mundo, traz o ex-presidente Jair Bolsonaro em sua capa, caracterizado com um chapéu semelhante ao do “viking do Capitólio” – um dos extremistas da invasão ao Congresso dos Estados Unidos, em 2021. A imagem acompanha a manchete: “O que o Brasil pode ensinar para a América”. Entenda na TVT News.

A publicação sugere que o Brasil, às vésperas do julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF), está dando uma lição de democracia a uma América cada vez mais “corrupta, protecionista e autoritária”. De acordo com o texto, Bolsonaro seria um golpista e um “Trump dos trópicos”.

Bolsonaro, autoritarismo e corrupção

A revista afirma que o processo contra o ex-presidente brasileiro, que atualmente cumpre prisão domiciliar, será um marco para a democracia. O julgamento começa na próxima terça-feira, 2 de setembro, e, segundo a publicação, deve levar à condenação de Bolsonaro e seus aliados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “O golpe fracassou por incompetência, e não por intenção”, escreve a reportagem.

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Nos EUA, imprensa focou nas articulações de Eduardo para anistiar Bolsonaro. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Ao analisar o cenário político internacional, The Economist afirma que o Brasil se tornou um “caso de teste para a recuperação de países após uma febre populista”, em referência à onda de líderes autoritários eleitos por vias democráticas que se espalhou por países como Estados Unidos, Reino Unido e Polônia. Bolsonaro, apelidado de “Trump dos trópicos”, é comparado diretamente ao ex-presidente norte-americano, com destaque para os vínculos políticos, ideológicos e até estéticos entre ambos.

Trump, autoritarismo e corrupção

A reportagem critica as ações recentes de Donald Trump, incluindo tentativas de interferência no Federal Reserve (Fed), ameaças a cidades administradas por democratas e represálias ao Judiciário brasileiro por sua atuação contra Bolsonaro, como a imposição de tarifas de 50% sobre produtos do Brasil e a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes.

A publicação vê nessa postura uma tentativa de desestabilização, que remete a “uma era sombria e passada, em que os Estados Unidos, habitualmente, desestabilizavam os países latino-americanos”. No entanto, ressalta: “Felizmente, a interferência do Sr. Trump provavelmente sairá pela culatra”.

Visão do The Economist

Ao contrário dos Estados Unidos, diz a revista, o Brasil demonstra hoje sinais de “maturidade política” ao conduzir o processo judicial contra Bolsonaro com apoio de setores diversos do sistema político. “Muitos dos políticos tradicionais do Brasil, de todos os partidos, querem seguir as regras e progredir por meio de reformas”, avalia a publicação. “Pelo menos temporariamente, o papel do adulto democrático do hemisfério ocidental se deslocou para o sul.”

A crítica a Bolsonaro se insere em uma análise mais ampla sobre o enfraquecimento das democracias liberais no Ocidente e o risco de normalização de práticas autoritárias por líderes eleitos. Para a The Economist, o Brasil, ao responsabilizar judicialmente um ex-presidente por tentativa de subversão da ordem democrática, assume um protagonismo exemplar em um mundo onde a democracia tem sido cada vez mais testada.

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