Trabalhadores por aplicativos crescem e chegam a 1,7 milhão, aponta IBGE

Pesquisa mostra aumento de 25% no número de trabalhadores por app; maioria atua no transporte de passageiros
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O aumento reflete a busca por melhores rendimentos e pela flexibilidade de horários e locais de trabalho. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O número de trabalhadores por aplicativos como principal fonte de renda chegou a 1,7 milhão em 2024, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta sexta-feira (17). O dado integra o módulo experimental da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, realizado em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Ministério Público do Trabalho (MPT). Saiba os detalhes na TVT News.

Entre 2022 e 2024, o contingente de trabalhadores “plataformizados” cresceu 25,4%, o que representa um acréscimo de 335 mil pessoas. Hoje, eles já correspondem a 1,9% dos 88,5 milhões de trabalhadores brasileiros.

O aumento, segundo o IBGE, reflete tanto a busca por melhores rendimentos quanto pela flexibilidade de horários e locais de trabalho que esse tipo de ocupação oferece.

Transporte e entregas concentram maioria

A pesquisa identificou quatro grandes categorias de aplicativos. O transporte de passageiros responde por mais da metade dos trabalhadores (53,1%), seguido por entregas de comida e produtos (29,3%) e serviços gerais ou profissionais, como design, tradução e telemedicina (17,8%).

A Região Sudeste concentra 53,7% dos trabalhadores de aplicativo, sendo a única onde a proporção de plataformizados (2,2% da população ocupada regional) supera a média nacional.

Perfil: homens jovens com ensino médio

O estudo revela que o perfil do trabalhador de aplicativo no Brasil é majoritariamente masculino (83,9%), com idade entre 25 e 39 anos (47,3%) e ensino médio completo ou superior incompleto (59,3%). As mulheres representam apenas 16,1% do grupo. 

Segundo o analista do IBGE Gustavo Geaquinto Fontes, a predominância masculina se explica pelo peso das atividades de transporte e entrega. “A ocupação de condutor de motocicleta é fortemente exercida por homens”, destacou.

Renda maior, mas à custa de longas jornadas

Em média, os trabalhadores de aplicativo tiveram rendimento mensal de R$ 2.996 em 2024, 4,2% acima da média dos demais ocupados (R$ 2.875). No entanto, essa diferença vem diminuindo: em 2022, o ganho era 9,4% maior.

O IBGE observa que a renda superior se deve a jornadas mais extensas. Enquanto os plataformizados trabalham 44,8 horas semanais, os demais trabalhadores cumprem 39,3 horas. Com isso, o rendimento por hora dos plataformizados (R$ 15,40) é 8,3% menor que o dos outros trabalhadores (R$ 16,80).

Entre os trabalhadores com ensino superior completo, a renda dos plataformizados é 29,8% inferior à dos não plataformizados (R$ 4.263 contra R$ 6.072). Já para quem tem escolaridade até o ensino médio, o ganho é até 50% maior que o de outros trabalhadores com o mesmo nível de instrução.

Alta informalidade e baixa proteção social

A pesquisa demonstra um cenário de alta informalidade e baixa cobertura previdenciária. Cerca de 71,1% dos trabalhadores de aplicativo atuam de forma informal, sem carteira assinada ou CNPJ, contra 44,3% da média nacional.

Apenas 35,9% desses trabalhadores contribuem para a previdência social, proporção bem inferior à dos demais ocupados (61,9%). A maioria (86,1%) atua por conta própria, e apenas 3,2% possuem vínculo formal de emprego.

Debate no STF sobre vínculo empregatício

O avanço do trabalho intermediado por plataformas digitais ocorre em meio ao debate jurídico sobre o reconhecimento de vínculo empregatício entre trabalhadores e empresas de aplicativos. Representantes da categoria defendem a regulamentação para reduzir a precarização das condições de trabalho.

O tema está em análise no Supremo Tribunal Federal (STF), com julgamento previsto para o início de novembro, conforme informou o presidente da Corte, ministro Edson Fachin.

Com informações da Agência Brasil

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