No meio da floresta, onde o Rio Xingu corta a terra e a vida pulsa em comunidades que resistem, o desenvolvimento está deixando de ser promessa para se tornar realidade concreta. Em lugares como Medicilândia, Anapu, Vitória do Xingu e Altamira, famílias inteiras voltam a sonhar com um futuro melhor. O motivo? O avanço de projetos sociais e produtivos apoiados pelo Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRSX), uma iniciativa do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) voltada à redução das desigualdades e à reconstrução de vidas impactadas pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Para quem vive há décadas na região, o sentimento é de que finalmente os recursos estão chegando a quem realmente precisa. O secretário nacional de Desenvolvimento Regional e Territorial, Daniel Fortunato, destaca a relevância do edital que terá um investimento de R$ 50 milhões voltados para o desenvolvimento da região. “O Plano de Desenvolvimento do Xingu é uma iniciativa fundamental para estruturar o território e promover um novo ciclo de oportunidades na região. Ele marca a retomada de um processo importante que estava paralisado há oito anos. Graças ao empenho da nossa equipe técnica e à articulação do MIDR, conseguimos destravar essa agenda e lançar um novo edital com investimento de R$ 50 milhões, que vai impulsionar o desenvolvimento local e regional”, celebrou o secretário.
“É uma reparação que chega com dignidade”
Mônica Brito é do Coletivo de Mulheres Negras e integra o comitê gestor do plano. Ela conhece de perto os impactos da obra, como comunidades inteiras deslocadas, famílias desestruturadas e vínculos culturais rompidos. “Esse projeto é uma reparação. Muitas mulheres, muitas famílias foram tiradas de seus territórios sem preparo, sem estrutura, sem condições de reconstrução. Agora, com esse apoio, vamos trabalhar a formação dessas mulheres, o engajamento comunitário e a geração de renda com respeito à nossa história e identidade”, afirma.
Segundo Mônica, além do apoio financeiro, os projetos promovem autonomia e autoestima. “É fundamental termos acesso à gestão dos recursos, à capacitação e à possibilidade de pensar o nosso próprio futuro. Isso é muito mais do que dinheiro, isso é dignidade”, diz a representante do Coletivo de Mulheres Negras.
“A agricultura voltou a ser esperança”
A vida de Antônio Martins, agricultor familiar e também membro do comitê gestor desde o início do PDRSX, também foi atravessada pelos desafios deixados pela usina. Mas, agora, ele comemora a retomada de iniciativas voltadas ao pequeno produtor. “A gente viu muita promessa ficar pelo caminho. Mas agora, vemos os projetos sendo implementados de verdade, com foco nas mulheres, nas crianças e na agricultura familiar. Enfim, isso muda tudo”, destaca.
Antônio explica que muitas das propostas aprovadas envolvem capacitação técnica, melhoria da produção de alimentos e fortalecimento das cadeias produtivas locais. “Esses investimentos vão chegar na roça, na feira, no quintal das famílias. Isso vai fazer diferença na mesa do povo. É disso que a gente precisa: solução prática, pé no chão, feita com e para quem vive aqui”, diz o agricultor familiar.
“Quando a juventude acredita, tudo floresce”
O impacto positivo também alcança a juventude. Em muitas das propostas, jovens serão capacitados em temas como gestão de empreendimentos, tecnologias sustentáveis, agroecologia e economia solidária. Iniciativas de inclusão digital, cultura e empreendedorismo também fazem parte do plano. “Para a juventude daqui, é muito difícil ter oportunidade. Com os projetos apoiados pelo MIDR, a gente começa a ver novos caminhos se abrindo”, comenta José Matosalem, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Agricultores de Medicilândia.
Segundo ele, a escuta ativa da comunidade durante a construção dos projetos fez toda a diferença. “Pela primeira vez, tivemos voz. E agora, estamos vendo o resultado. É o desenvolvimento vindo de dentro, respeitando quem somos”, disse.
Desenvolvimento com pertencimento
O Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu foi criado com a proposta de reverter os impactos sociais da construção da usina com um modelo participativo, que dá protagonismo às comunidades locais na definição das prioridades. Com investimentos que somam cerca de R$ 49,3 milhões em projetos de diversas naturezas — de formação de lideranças a apoio à produção rural — a iniciativa se torna, na prática, um instrumento de transformação regional.
“Essa é uma experiência inovadora no Brasil. É a primeira vez que um grande empreendimento como Belo Monte tem um fundo de compensação com governança popular. Isso mostra que é possível construir obras e, ao mesmo tempo, garantir direitos e respeito à população impactada”, afirma Antônio Martins.
Um novo ciclo
Hoje, o que se vê no Xingu é uma mobilização ativa: prefeituras, universidades, associações, movimentos sociais e grupos comunitários trabalhando juntos para colocar os projetos em prática. O apoio do MIDR, por meio da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), tem sido fundamental para destravar pendências antigas, garantir recursos e apoiar a execução.
“Temos muito trabalho pela frente, mas o que está acontecendo agora é histórico”, reforça Mônica. “Depois de tanta luta, ver as coisas acontecendo, ver as pessoas acreditando de novo é o que nos move. Esse território merece viver com dignidade”, completa.
Saiba mais
O Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu contempla os municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu. A iniciativa é coordenada pelo MIDR e integra a Política Nacional de Desenvolvimento Regional. Para acompanhar os próximos passos, acesse http://www.mdr.gov.br
Via MIDR