O governo do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, revogou nesta quarta-feira (13) os vistos de Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário do Ministério da Saúde do Brasil, e Alberto Kleiman, ex-funcionário do governo federal. A justificativa é o envolvimento dos servidores no programa Mais Médicos, que garante atendimento de saúde a mais de 60 milhões de brasileiros. Entenda em TVT News.
A decisão foi anunciada pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em uma postagem no X. A narrativa do governo trumpista é que o programa Mais Médicos se beneficia de um esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano. O episódio é um novo capítulo da ofensiva estadunidense contra o Brasil.
Enquanto Mozart Tabosa Sales é secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Alberto Kleiman é é coordenador-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para a COP30 e ex-assessor de Relações Internacionais da pasta e ex-diretor de Relações Externas da Opas.
No comunicado oficial da Casa Branca, também é anunciada a revogação de vistos de ex-funcionários da Organização Pan-Americana da Saude (Opas) e seus familiares.
Trump contra o Mais Médicos
O Mais Médicos foi criado em 2013 durante o governo da presidenta Dilma Roussef (PT) para garantir atendimento de saúde em todo o território nacional, especialmente regiões de difícil acesso, como municípios do interior e periferias.
Além da garantia do acesso à saúde para a população, a formação profissional dos médicos também é uma prioridade, com médicos matriculados em cursos de aperfeiçoamento, especialização, mestrado ou doutorado profissionais.
Sales e Kleiman participaram da criação do programa. Em parceria com a Opas, o Mais Médicos recebeu médicos cubanos a partir de 2013. Entre 2013 e 2017, 8.332 profissionais eram cubanos de todos os 18.240. O governo de Cuba encerrou a parceria em 2018, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi eleito.
A política pública foi enfraquecida durante o governo Bolsonaro, quando houve a substituição pelo Médicos pelo Brasil, em 2019. Com a eleição do presidente Lula, o programa foi retomado e priorizado com 28.000 vagas em 4.547 municípios, incluindo saúde indígena e prisional.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que esteve à frente da pasta quando a política pública foi criada, afirmou que “o Mais Médicos, assim como o PIX, sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja”, em nota publicada no X. Em julho, o governo Trump anunciou que iniciaria uma investigação contra o sistema de pagamento brasileiro.
Não nos curvaremos a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das pessoas fundamentais para o Mais Médicos na minha primeira gestão como Ministro da Saúde, Mozart Sales e Alberto Kleiman, disse Padilha em nota.
Mozart Sales classificou a sanção do governo Trump como “injusta” e utilizou as rede sociais para defender o Mais Médicos como “um programa que defende a vida e representa a essência do SUS”. “Graças a essa iniciativa, a presença de profissionais brasileiros, cubanos e de outras nacionalidades ofereceu atenção básica de saúde e mãos fraternas a quem mais precisava”, defendeu o secretário.
O governo Trump já revogou o visto de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outros ministros “aliados. A lista de ofensivas também inclui o tarifaço de 50% contra exportações brasileiras, a abertura de um processo que mira o Pix e a Rua 25 de Março e a inclusão do Brasil em um relatório sobre violação de direitos humanos.