Trump escala conflito civil contra a Califórnia e mantém L.A. sob cerco

Los Angeles está refém de forças federais intervencionistas de Donald Trump. População responde e governo local tenta combater o extremista
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Donald Trump federalizou a Guarda Nacional e enviou dois mil soldados às ruas de Los Angeles (CA). População reage. Foto: Reprodução/X

O presidente Donald Trump federalizou a Guarda Nacional e enviou dois mil soldados às ruas de Los Angeles (CA). O extremista alega a necessidade de conter protestos contra as mais recentes batidas migratórias promovidas pela ICE (Immigration and Customs Enforcement). Entenda na TVT News.

A decisão, tomada sem o consentimento do governador da Califórnia, Gavin Newsom, escalou uma já tensa relação entre a Casa Branca e o estado mais populoso e rico dos EUA, reacendendo o debate sobre os limites do poder presidencial e o uso da força militar em solo americano.

América em chamas

Desde a última sexta-feira, milhares de manifestantes tomaram ruas e rodovias da cidade para protestar contra as prisões em massa de imigrantes indocumentados. Mais de 100 mil detidos desde o retorno de Trump ao poder, segundo dados oficiais da ICE.

No domingo (8), a indignação popular atingiu um novo pico quando manifestantes bloquearam a movimentada rodovia 101, paralisando o tráfego por quase duas horas. As manifestações, embora mais silenciosas nesta segunda-feira, persistem.

Trump: federalizar e judicialização

Trump, por sua vez, aproveitou o caos como palco para reforçar sua retórica de “lei e ordem”, invocando um artigo constitucional dos EUA que permite ao presidente federalizar a Guarda Nacional em situações de rebelião. “Se o governador Gavin Newscum (sic) e a prefeita Karen Bass não puderem fazer seu trabalho, então o governo federal resolverá o problema”, afirmou o presidente em sua rede social, usando mais uma vez o trocadilho ofensivo que se tornou marca de sua relação com o democrata.

A resposta de Newsom foi imediata: anunciou uma ação judicial contra a medida e denunciou o que chamou de “espetáculo autoritário”. “A ordem foi motivada não pela escassez de agentes da lei, mas porque Trump quer um espetáculo. Não deem um motivo a ele. Fiquem calmos e pacíficos”, pediu o governador em comunicado.

A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, também criticou a escalada da violência e pediu que os protestos mantenham-se pacíficos. “Não se rendam à violência e ao caos”, declarou em coletiva.

Repórter ferida ao vivo

A resposta policial aos protestos tem sido marcada por confrontos, prisões e relatos de abusos. No domingo, a correspondente Lauren Tomasi, da Nine News, afiliada da CNN, foi atingida por uma bala de borracha enquanto fazia a cobertura ao vivo. Ela sofreu apenas ferimentos leves, mas o episódio reforçou a tensão sobre o uso desproporcional da força.

Analistas políticos e especialistas em Direito Constitucional apontam que, diferentemente de episódios históricos como os distúrbios de 1992 em Los Angeles — quando o então presidente George H.W. Bush atendeu a um pedido formal do governador Pete Wilson para federalizar a Guarda Nacional —, a atual intervenção ocorreu sem qualquer solicitação local, sinalizando uma ruptura institucional preocupante.

Prisão de autoridades

A retórica belicosa do governo federal foi além. O nome forte da Casa Branca para assuntos fronteiriços, Tom Homan, ameaçou prender autoridades locais que interfiram nas operações do ICE. “É crime abrigar e ocultar um estrangeiro ilegal. É crime impedir que a lei seja cumprida”, declarou. Em resposta, o governador disparou: “Venha me pegar, valentão. Isso não vai me impedir de defender a Califórnia”.

O vice-presidente J.D. Vance também inflamou a crise, classificando os manifestantes como “insurrecionistas”. A fala ecoa ironicamente os acontecimentos de 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores de Trump invadiram o Capitólio — sem que o então presidente acionasse prontamente a Guarda Nacional, o que agora contrasta com sua agilidade para reprimir protestos contra seu governo.

Riots: L.A under siege

Apesar da redução nas manifestações nesta segunda-feira, a cidade segue sob tensão. Imagens aéreas captadas no domingo mostram milhares de manifestantes bloqueando cruzamentos e rodovias. Segundo a prefeita, milhares marchavam pelas ruas do centro. “Estamos tentando garantir que os protestos ocorram com segurança, mas a presença militar complica esse equilíbrio”, declarou Bass.

Cenas de revolta (riot) e cidades sob cerco (under siege) podem se tornar comuns em um cenário que remonta a ficação, como visto no recente filme Guerra Civil, do diretor Alex Garland, que retrata os EUA divididos em razões políticas em um confronto generalizado.

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