Trump suspende vistos para estudantes e deve iniciar perseguição ideológica

É possível que o governo impeça vistos para qualquer pessoa que seja contra o genocídio da população palestina, por exemplo
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O governo dos Estados Unidos, do presidente de extrema direita Donald Trump, ordenou a suspensão imediata de novos agendamentos de entrevistas para concessão de vistos. Reproducao

O governo dos Estados Unidos, do presidente de extrema direita Donald Trump, ordenou a suspensão imediata de novos agendamentos de entrevistas para concessão de vistos de estudante e intercâmbio em embaixadas e consulados de todo o mundo. Entenda na TVT News.

A medida, formalizada em um memorando assinado nesta terça-feira (27) pelo Secretário de Estado Marco Rubio, visa preparar o terreno para a ampliação da chamada “triagem e verificação de rede social” de todos os solicitantes desses vistos. Espera-se que o governo impeça de entrar nos EUA qualquer pessoa que seja contra o genocídio da população palestina, por exemplo.

A nova diretriz atinge candidatos aos vistos das categorias F (estudantes acadêmicos), M (alunos de cursos técnicos) e J (programas de intercâmbio, inclusive de residência médica, estágios e trabalho temporário como au pairs). As entrevistas já marcadas continuarão valendo, mas as vagas ainda não preenchidas deverão ser retiradas do sistema até que as novas orientações sejam oficialmente publicadas.

Segundo o Departamento de Estado, a pausa nos agendamentos permitirá a revisão dos processos atuais de triagem e a formulação de diretrizes mais amplas para análise de redes sociais. A expectativa é que a checagem de perfis em plataformas digitais, que já vinha sendo aplicada a alguns candidatos desde março, passe a ser obrigatória para todos os solicitantes.


“Estamos conduzindo uma revisão das operações e dos processos existentes… e planejamos emitir diretrizes sobre a ampliação da triagem de redes sociais para todos esses candidatos”, diz o telegrama oficial obtido inicialmente pelo site Politico.

Censura aos vistos

Embora o governo não tenha detalhado quais conteúdos serão considerados problemáticos, fontes ligadas à administração Trump indicam que a medida poderá atingir solicitantes que tenham feito publicações classificadas como “ameaça à segurança nacional” — entre elas, declarações de apoio a causas pró-palestinas ou críticas à política externa dos EUA.

A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, se recusou a comentar os critérios específicos, mas confirmou que os EUA pretendem usar “todas as ferramentas possíveis” para identificar possíveis riscos, incluindo softwares de inteligência artificial para análise automática de postagens.

A definição genérica do que configura ameaça pode, na prática, ampliar as possibilidades de rejeição de vistos com base em opiniões políticas ou manifestações culturais. Em nota anterior, o governo já havia autorizado a recusa de vistos para indivíduos que “demonstrem apoio público a atividades terroristas ou a organizações terroristas”, critério que pode ser interpretado de forma controversa pelas autoridades consulares.

Impacto global e econômico da suspensão de vistos

A suspensão dos novos agendamentos pode ter impacto significativo na mobilidade acadêmica global. Segundo o relatório Open Doors 2024, mais de 1 milhão de estudantes internacionais estão matriculados em universidades norte-americanas, gerando uma receita anual de mais de 40 bilhões de dólares (cerca de R$ 225 bilhões) para a economia dos EUA.

No Brasil, o procedimento de marcação de entrevistas já foi interrompido, confirmaram fontes ao Jornal Nacional, da TV Globo. Muitos estudantes que planejavam iniciar seus cursos no segundo semestre de 2025 agora enfrentam incertezas quanto à obtenção do visto a tempo.

Ofensiva maior aos vistos

A medida se insere no contexto mais amplo da agenda anti-imigração do governo Trump, que tem buscado enfraquecer a presença de estrangeiros em instituições americanas. Na semana passada, a Casa Branca chegou a suspender a capacidade da Universidade Harvard de matricular alunos estrangeiros e impôs restrições orçamentárias à instituição, que abriga atualmente cerca de 6,8 mil estudantes internacionais — quase 27% de seu corpo discente.

A iniciativa de ampliar a vigilância em redes sociais soma-se à crescente militarização das fronteiras, ao endurecimento das políticas de deportação e à tentativa de criminalizar formas de expressão online de estrangeiros.

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