O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrenta a pior aprovação popular para um presidente recém-eleito em 80 anos, conforme revelado por uma pesquisa conjunta do Washington Post, ABC News e Ipsos divulgada neste domingo (27). Apenas 39% dos americanos aprovam seu desempenho nos primeiros 100 dias do segundo mandato, enquanto 55% desaprovam, marcando um início de gestão sem o tradicional “período de lua de mel” observado em administrações anteriores.
Um dos principais pontos de insatisfação abordados na pesquisa diz respeito à situação econômica do país. De acordo com os dados, 73% dos entrevistados afirmam que a economia está em má situação, refletindo um crescente descontentamento com as políticas econômicas de Trump. Além disso, 53% afirmaram que a situação econômica piorou desde que Trump tomou posse. Ao mesmo tempo, 41% disseram que as suas finanças pessoais pioraram.
A guerra tarifária imposta por ele, especialmente sobre produtos chineses, é vista como um fator central para esse cenário. A pesquisa revela que 64% dos americanos desaprovam a forma como Trump tem lidado com as tarifas, incluindo um imposto de 10% sobre todas as importações e até 145% sobre produtos provenientes da China.
A inflação, que tem sido um dos maiores desafios econômicos nos últimos meses, é apontada por 62% dos entrevistados como um reflexo direto das políticas tarifárias de Trump. Muitos especialistas e cidadãos acreditam que essas tarifas têm causado um aumento no custo de vida e afetado negativamente o mercado de trabalho. Esses números refletem uma insatisfação crescente, com muitos americanos sentindo os impactos dessas políticas em seu dia a dia.
Em fevereiro, antes do tarifaço os números eram mais positivos. Na época, 45% das pessoas eram favoráveis ao governo e 53%, contrárias.

Imigração e cortes sociais ampliam desaprovação de Trump
Além das questões econômicas, a política de imigração e os cortes sociais propostos por Trump também têm gerado críticas severas. A aprovação de Trump na área de imigração caiu de 50% em fevereiro para 46% em abril, enquanto a desaprovação aumentou para 53%. A insatisfação é particularmente alta entre democratas (90%) e independentes (56%).
Propostas de cortes em programas sociais, como o Medicaid, têm gerado tensões internas no Partido Republicano e levantado preocupações sobre o impacto dessas medidas nas comunidades mais vulneráveis, afetando a popularidade do presidente entre os eleitores.
Trump e a falta de empatia
A pesquisa também destaca percepções negativas sobre as qualidades pessoais de Trump. Apenas 38% dos americanos acreditam que ele possui o julgamento necessário para servir efetivamente como presidente, e 58% o consideram “fora de sintonia” com as preocupações da maioria das pessoas. Além disso, 61% afirmam que ele não compreende os problemas enfrentados por pessoas como elas.
Apesar das críticas, Trump mantém forte apoio entre seus eleitores: 94% dos que votaram nele em 2024 aprovam seu desempenho. No entanto, entre os que votaram em Hillary Clinton, 92% desaprovam sua gestão. Entre eleitores de terceiros partidos ou que não votaram, 62% desaprovam e apenas 29% aprovam.
Diante dos números desfavoráveis, Trump criticou as pesquisas, chamando-as de “manipuladas” e “doentes”. Ele acusou os veículos de comunicação de promoverem uma “síndrome de aversão a Trump” e pediu investigações sobre o que chamou de “fraude eleitoral” relacionada à divulgação dessas pesquisas.
Com uma aprovação em queda e críticas crescentes sobre suas políticas econômicas e sociais, Trump enfrenta um início de mandato desafiador. A insatisfação generalizada, especialmente no que diz respeito à economia, indica que o presidente terá que lidar com uma oposição significativa tanto no Congresso – apesar de contar com maioria nas duas Casa – quanto na opinião pública nos próximos meses. A situação econômica, com 73% dos americanos considerando-a ruim, é um dos maiores obstáculos para sua popularidade e estabilidade política.