Apesar da declaração da secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, de que o governo norte-americano não tem planos de ocupar a Faixa de Gaza, o presidente Donald Trump voltou a afirmar nesta quinta-feira (6), por meio de rede social, que os Estados Unidos pretendem assumir o controle de Gaza e promover a retirada total dos palestinos. Confira mais em TVT News.
Presidente dos EUA quer transformar Gaza na “Riviera do Oriente Médio”
O plano foi discutido durante o encontro entre Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na última terça-feira (4). Em coletiva de imprensa, o presidente dos Estados Unidos sugeriu que o país poderia assumir o controle da região. Netanyahu expressou apoio à ideia, embora não tenha comentado especificamente sobre a proposta de controle norte-americano.
No encontro, os líderes discutiram a manutenção dos acordos de cessar-fogo e o compromisso de libertar todos os reféns ainda mantidos em Gaza. No entanto, não foram fornecidos detalhes sobre como a realocação dos palestinos seria conduzida. Em outras ocasiões, porém, Trump já deu indícios de suas intenções para a região.
Em outubro do ano passado, no contexto da guerra entre Israel e o Hamas, Trump declarou ser favorável à criação de uma “Riviera do Oriente Médio” na Faixa de Gaza. Ele sugeriu que a região se tornaria “melhor do que Mônaco”.
A ideia foi inicialmente proposta por seu genro, Jared Kushner, há cerca de um ano. Kushner, que atuou como enviado especial para o Oriente Médio durante o primeiro mandato de Trump e tem experiência como empresário imobiliário em Nova York, descreveu o conflito na região como “nada mais do que uma disputa imobiliária entre israelenses e palestinos” durante um evento em Harvard, em fevereiro de 2024.
Na ocasião, ele afirmou que “um imóvel à beira-mar em Gaza poderia ser muito valioso” e se referiu à guerra como “uma situação infeliz, mas que, do ponto de vista de Israel, justificaria esforços para realocar as pessoas dali”.
Riviera em Gaza estaria alinhada aos negócios da família Trump
A criação de uma Riviera à beira-mar na Faixa de Gaza poderia beneficiar diretamente a família Trump. Empresas ligadas ao ex-presidente têm participação em empreendimentos que variam desde prédios de luxo até campos de golfe na Arábia Saudita e em Dubai, negócios que têm se mostrado bastante lucrativos. Um exemplo é o projeto em Omã, o mais avançado, que já rendeu US$ 7,5 milhões.
Dois dos filhos de Trump, Eric e Donald Jr., responsáveis pelas operações da família no Oriente Médio, declararam que o plano é aguardar o fim do cessar-fogo para dar continuidade ao acordo com Israel.
Tudo isso culminou na declaração de Trump ao lado de Netanyahu. No entanto, a proposta de uma ocupação e reconstrução radical de Gaza pelo governo norte-americano foi recebida com críticas por diversos líderes mundiais, que a consideram uma violação clara do direito internacional.

Foto: RS/Fotos Públicas
Mesmo após as reações negativas da comunidade internacional e as tentativas de sua equipe de suavizar suas declarações, Trump reiterou, nesta manhã, que o território palestino deve passar para o controle de seu governo ao final da guerra.
Como contrapartida, ele ofereceu a construção de casas para os palestinos em outra região. O ex-presidente afirmou ainda que transformaria a Faixa de Gaza “em um dos maiores desenvolvimentos do tipo no mundo” e garantiu que não utilizaria soldados norte-americanos na operação. O plano implicaria no deslocamento de aproximadamente 2 milhões de palestinos da região.
Entenda a ideia de Trump sobre Gaza
Durante encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o presidente norte-americano propôs que os EUA assumam o “o controle para serem donos da Faixa de Gaza”. Trump disse que “os palestinos não deveriam estar encarregadas de reconstruir e ocupar a terra”. Ele disse ainda que enxerga os EUA assumindo uma “posição de posse de longo prazo” em Gaza.

“Ter aquele pedaço de terra, desenvolvê-lo, criar milhares de empregos. Vai ser realmente magnífico”, afirmou Trump.
As declarações foram feitas durante a visita de Benjamin Netanyahu, o primeiro líder estrangeiro a ser recebido durante o segundo mandato de Trump. O premiê israelense não comentou o plano de Trump para Gaza.
Trump quer que a Jordânia e o Egito recebessem os palestinos retirados do território que tem sido duramente castigado ao longo dos tempos e, principalmente, após 15 meses de guerra entre Israel e Hamas.
Jordânia e Egito já demonstraram repúdio à ideia: ambos defendem que os palestinos têm direito de permanecer em suas terras.
A Arábia Saudita emitiu comunicado dizendo que não vai estabelecer laços com Israel até que o Estado Palestino seja criado. O sauditas também rejeitaram a proposta de Trump de retirar palestinos de Gaza.
O presidente norte-americano não deu detalhes sobre como esse processo de reassentamento de palestinos possa ser feito.
Lula critica posição norte-americana sobre Gaza
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira (5) Donald Trump, que disse ontem que pretende “tomar o controle” de Gaza. Para Lula, a fala do presidente dos Estados Unidos é “praticamente incompreensível”. Veja em TVT News.
Lula voltou a denunciar o “genocídio” cometido nos territórios palestinos ocupados por Israel, com apoio norte-americano. E defendeu novamente a criação do Estado Palestino.
“Os EUA participaram do incentivo a tudo que Israel fez na Faixa de Gaza. Então, não faz sentido se reunir com o presidente de Israel e dizer: ‘nós vamos ocupar Gaza, vamos recuperar Gaza, vamos morar em Gaza.’ E os palestinos vão para onde, onde vão viver? Qual o país dele?”, questionou Lula em entrevista a rádios de Minas Gerais.
“Então, é uma coisa praticamente incompreensível para qualquer ser humano. As pessoas precisam parar de falar aquilo que lhe vem na cabeça. (…) Cada um governa o seu país e vamos deixar os outros países em paz”, frisou.