União Africana quer mudança no mapa-múndi hoje distorcido e desatualizado

Mapas como o Mercator são vistos como ferramenta política de colonização
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Planeta Terra. Foto: NASA/Wiki Communs/Reprodução

O mapa-múndi padrão utilizada nos livros de geografia em todo o mundo são baseados na projeção de Mercator, foi criado em 1569 e que distorce a dimensão dos países. No último dia 18, a União Africana (UA), aderiu ao movimento que quer que os mapas políticos sejam alterados para versões mais realísticas baseadas em tecnologias mais recentes. Entenda na TVT News.

Em 2018, foi lançada a projeção Equal Earths, baseada em tecnologia contemporânea e representa os continentes com proporções mais próximas do real seguindo a curvatura da Terra.

O movimento apoiado pela União Africana solicita que as mídias, as escolas e organizações internacionais abandonem o modelo Mercator para aderir ao projeto desenvolvido pela Equal Earths.

Assim, as pessoas de todo o planeta teriam acesso a modelos de mapa-múndi com menor distorção na dimensão territorial dos países.

Veja o mapa-múndi gerado pela Equal Earths:

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Mapa-múndi político da Equal Earths. Imagem: Equal Earths/Reprodução

Projeção Mercator e a colonização

Qual é o centro do mundo? O que é o lado para cima e para baixo de um planeta? Para ambas as perguntas a resposta é: depende do ponto de vista e de quem responde. Isso porque pela física, o planeta flutua no universo sem ter lados corretos.

Para ficar mais claro: se imagine em uma sala de sua casa, a televisão está numa parede e a porta ao lado. Se você ficar parado na frente da TV, a porta está na sua direita, entretanto se você der um giro de 180º, a porta agora está na sua esquerda e a TV nas suas costas.

Você pode pensar que ficar de frente para a TV é o certo. Mas isso se trata de uma convenção social. Se quiser remodelar sua sala, pode inverter a posição dos móveis — e não há nada de errado nisso.

Essa questão de perspectiva é um problema dentro da cartografia que tornou a técnica em política. Em 1569, Gerardus Mercator apresentou a sua versão de mapa-múndi com o planeta dividido com linhas paralelas perpendiculares.

Essa forma de desenhar o mapa ajudava os navegantes, pois estabelecia linhas retas nos oceanos como caminhos.

As linhas representam a tentativa de transformar o globo terrestre em uma representação plana, mas como consequência distorce as dimensões nas regiões mais próximas dos polos. É necessário esticar a superfície para preencher os espaços.

É essa dimensão que faz a Europa, Groenlândia, Rússia, América do Norte e Oceania parecerem maiores do que realmente são. Para se ter noção, no mapa Mercator a Groenlândia parece ter o mesmo tamanho que o continente africano, mas na realidade cabem 14 Groenlândias dentro da África.

A perspectiva também importa: os mapas foram desenhados colocando a Europa no centro do mundo, o que fez das outras regiões parecerem periféricas. Essa modelagem é vista como uma ferramenta de colonização cultural, impondo que a perspectiva europeia é a correta.

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Atual mapa-múndi político feito pela projeção Mercator. Imagem: IBGE/Reprodução

Em maio desse ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou uma nova versão do mapa-múndi com o Brasil no centro. O material destaca países e regiões com os quais o Brasil mantém laços estratégicos, como os membros do BRICS, o Mercosul, as nações de língua portuguesa e aquelas inseridas no bioma amazônico.

A versão brasileira não está errada, ela só mudou o ponto de vista a ser observado. O que causa estranheza é justamente a imposição da colonização cultural imposta pela Europa por durante os últimos mais de quatro séculos.

Em 2014, exposição refletia sobre a construção do conhecimento científico português em relação aos povos do além-mar: África e Brasil. A TVT esteve presente, confira:

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