Veja quem votou pelo aumento do IPTU em São Paulo

Projeto do prefeito bolsonarista Ricardo Nunes (MDB) contou com 28 votos favoráveis. IPTU pode ficar mais caro. Saiba tudo na TVT News
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"Justiça tributária é quem ganha mais paga mais e quem ganha menos paga menos. E não é isso que está acontecendo", afirma parlamentar sobre aumento de IPTU. Foto: Wikicommons

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira (8), em primeiro turno, um Projeto de Lei que estabelece as novas regras do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) para 2026. O texto foi enviado pelo prefeito bolsonarista Ricardo Nunes (MDB) e recebeu 28 votos favoráveis e 19 contrários. No geral, a proposta pode aumentar impostos, além de ampliar renúncias. Entenda na TVT News.

Após pressão, vereadores encaixaram um teto de reajuste para o imposto: 10% para imóveis residenciais e 12% para imóveis comerciais ao ano. Esta última trava foi incluída por meio de uma emenda coletiva apresentada momentos antes da votação. A medida ainda precisa ser aprovada em segundo turno e sancionada pelo prefeito para entrar em vigor. Antes da etapa final, estão previstas duas audiências públicas.

Ainda não há um levantamento oficial sobre o número de contribuintes que sofrerão aumento no valor do tributo. Contudo, com mudanças na base de cálculo, a expectativa é que imóveis nas periferias sofram com mais aumento do que em regiões do Centro expandido, como explica o vereador Dheison Silva (PT-SP). “A mudança na Planta Genérica de Valores (PGV) aumenta mais (o IPTU) na periferia. E privilegia quem mora no Centro. É um absurdo o que está acontecendo. Na prática, isso significa aumento de imposto pra você da periferia. Nós vamos contra”, disse.

Veja a lista de quem votou pelo aumento do IPTU (a reportagem continua após a lista)

IPTU

Atualização da base de cálculo

Além das travas e isenções, o projeto prevê a atualização da Planta Genérica de Valores (PGV), base utilizada para calcular o valor do IPTU. A revisão da PGV é obrigatória por lei e deve ser feita no primeiro mandato de cada prefeito. “A questão é que o projeto é que aumenta acima do esperado. Na prática, teremos aumento do IPTU. A bancada do PT encaminhou contra essa valorização da Planta. Não queremos aumento, sobretudo nas periferias”, continuou Dheison.

Como disse o parlamentar, a atualização da PGV pode gerar aumentos acima da inflação para imóveis que se valorizaram. “A PGV vai aumentar valores dos imóveis. Na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), tivemos uma redução nas periferias. Mas, na prática, agora aumentam o IPTU. Falam da trava, realmente ela existe. Mas ao longo dos anos, o aumento vai existir acima”, disse.

“Pergunto para trabalhadores do Grajaú, Itaquera… será que você aumenta o padrão de vida em 10% ao ano? Por que o IPTU vai aumentar de maneira brutal?”, questionou.

Dados do aumento do IPTU

A título de comparação, a inflação acumulada medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 3,15% no ano até agosto, e 5,13% nos últimos 12 meses, índices que ficam abaixo do teto de reajuste proposto para o IPTU.

Entre 2021 e 2026, o Centro Expandido, em residências horizontais, a avaliação variou 83%. Nas periferias, 137%. “Estamos falando que vai aumentar em 137% o valor venal dos imóveis nas periferias. Se a pessoa fizer um puxadinho, um banheiro a mais, teremos valores a partir da planta nova. Vai aumentar substancialmente o valor dos imóveis (para cobrança de IPTU)”, disse Dheison.

O vereador também criticou a falta de tempo para análise do projeto. “Temos que discutir. É verdade que não teve tempo suficiente para analisar. Precisamos fazer mais audiências públicas para falar com o povo. O povo que vai sentir o aumento no bolso. E não dá pra fazer às pressas. Precisamos de mais audiências, mais diálogo. No final do dia, vai pesar no bolso de quem pega três horas por dia de transporte público, a pessoa que depende do posto de Saúde. Isso que está acontecendo. Temos que dialogar com essas pessoas”, completou.

O que muda com o projeto do IPTU 2026

  • Reajuste máximo anual:
    • 10% para imóveis residenciais
    • 12% para imóveis comerciais
  • Isenções ampliadas:
    • Imóveis até R$ 150 mil (antes R$ 120 mil)
    • Residência única até R$ 260 mil (antes R$ 230 mil)
    • Imóveis localizados em ZEIS 1, 2 e 4
  • Atualização da PGV:
    • Pode gerar aumento no imposto, dependendo da valorização do imóvel
  • Próximos passos:
    • Duas audiências públicas
    • Votação em segundo turno
    • Sanção do prefeito

Caso aprovado novamente e sancionado, o novo modelo de IPTU entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026. A proposta é a mais ampla reformulação no imposto desde a revisão anterior da PGV, feita durante a gestão de Fernando Haddad (PT), em 2013, que previa uma estratégia para que mais pobres pagassem menos. “Justiça tributária é quem ganha mais paga mais e quem ganha menos paga menos. E não é isso que está acontecendo”, finaliza Dheison.

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