A Venezuela reagiu ao roubo de um navio petroleiro por forças militares dos Estados Unidos, que aconteceu nesta quarta-feira (10) em águas próximas ao seu litoral. Em nota oficial divulgada pelo governo de Nicolás Maduro, Caracas classificou o episódio como “um roubo flagrante e um ato de pirataria internacional”, acusando Washington de executar uma operação destinada a saquear recursos energéticos venezuelanos sob pretextos políticos e jurídicos fabricados. Entenda na TVT News.
A apreensão foi confirmada pelo próprio presidente norte-americano, Donald Trump, durante um encontro com empresários na Casa Branca. O mandatário alegou que a ação ocorreu “por uma boa razão”, sem detalhar a localização do navio, sua bandeira nem as circunstâncias precisas do cerco. Posteriormente, a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, divulgou um vídeo da operação e afirmou que a embarcação estaria envolvida no transporte de petróleo “sancionado” venezuelano e iraniano, citando suposta ligação com “redes ilícitas”.
Segundo a emissora CBS News, fontes anônimas afirmaram que o navio seria o petroleiro The Skipper, sancionado por Washington em 2022. Por outro lado, a Rússia já exigiu explicações pelo ato de pirataria, como mostra reportagem da TeleSur.
🚨Estados Unidos difunde video de piratería contra tanquero en costas venezolanas
— teleSUR TV (@teleSURtv) December 10, 2025
🚢La fiscal Pam Bondi difundió imágenes de la incautación de un petrolero, acción que se enmarca en la escalada militar de Washington y las denuncias venezolanas sobre agresiones en el Caribe.… pic.twitter.com/nwkh25k8g8
Posição da Venezuela
No centro da resposta oficial da Venezuela está a acusação de que os Estados Unidos vêm executando uma política sistemática de espoliação de ativos estratégicos do país. O comunicado afirma:
“A República Bolivariana da Venezuela denuncia e repudia veementemente o que constitui um roubo flagrante e um ato de pirataria internacional […] O Presidente dos Estados Unidos confessou o sequestro de um petroleiro no Mar do Caribe.”
O texto também vincula o episódio ao histórico de disputas envolvendo a Citgo, filial da estatal PDVSA nos EUA, cuja administração foi transferida a grupos opositores por decisões judiciais americanas. “Este novo ato criminoso soma-se ao roubo da Citgo, um ativo significativo do patrimônio estratégico de todos os venezuelanos, apreendido por meio de mecanismos judiciais fraudulentos”, afirma o governo Maduro.
Para Caracas, a motivação norte-americana é inequívoca: “Não se trata de migração. Não se trata de narcotráfico. Não se trata de democracia. Não se trata de direitos humanos. Sempre se tratou de nossa riqueza natural, nosso petróleo, nossa energia.”
Escalada militar
A apreensão ocorre no contexto de um reforço militar sem precedentes dos Estados Unidos na região, com deslocamento de porta-aviões, caças e um grande contingente de tropas. Washington alega que a operação tem como objetivo combater o tráfico internacional de drogas. Caracas contesta frontalmente essa justificativa e afirma que a manobra é parte de uma estratégia para promover a derrubada do governo Maduro.
Discursando em Caracas poucas horas após a divulgação da apreensão do navio, Maduro criticou a política externa norte-americana sem mencionar diretamente o episódio. “Pedimos e exigimos o fim do intervencionismo ilegal e brutal dos Estados Unidos. Basta de políticas de mudança de regime, golpes de Estado e invasões no mundo.”
Venezuela fala em “operação para encobrir fracassos”
O comunicado oficial também vincula a ação militar dos Estados Unidos ao fracasso das negociações realizadas em Oslo, onde setores oposicionistas e governos ocidentais buscavam novas articulações contra o chavismo. Segundo o texto:
“Este ato de pirataria busca desviar a atenção e encobrir o retumbante fracasso do espetáculo político realizado hoje em Oslo, onde as manipulações e a falta de resultados daqueles que tentaram, durante anos, uma operação de ‘mudança de regime’ foram mais uma vez expostas.”
Apelo internacional e defesa da soberania
O governo Maduro anunciou que denunciará o episódio em organismos multilaterais e afirmou que o país defenderá seus recursos energéticos e seu território “com absoluta determinação”. A nota conclui:
“A Venezuela convoca todos os venezuelanos a se manterem firmes na defesa da pátria e insta a comunidade internacional a rejeitar esta agressão sem precedentes, ilegal e vandalista […]. O Governo Bolivariano defenderá sua soberania, seus recursos naturais e sua dignidade nacional com absoluta determinação.”
