Leitura fundamental para a Semana da Consciência Negra, livro Pegadas no rio, sombras no tempo conta biografias, histórias de vida e trajetórias da histórica africana de países como Antigo Egito (Sudão), Angola, África do Sul, Burquina Faso, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Senegal. Conheça mais da história africana em TVT News.
Dica de leitura para semana da Consciência Negra: livro sobre história africana
O Sele Negro, da Editora Summus, lança Pegadas no rio, sombras no tempo: Biografias, histórias de vida e trajetórias africanas. Essencial no processo de resgate identitário africano, o livro traz biografias de africanos que viveram em épocas diversas e em várias regiões do continente.
Desde o período pré-colonial até o pós-colonial, a coletânea tem contribuições de pesquisadores da atualidade sobre cultura africana, resistência e luta pela liberdade. Abrangente e diversa, a obra conta a vida de mulheres, líderes políticos, intelectuais, artistas, bem como debate guerras e conflitos, descolonização, religião e espiritualidade, com foco em países como Antigo Egito (Sudão), Angola, África do Sul, Burquina Faso, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Senegal.
Para conhecer a história africana
Resultado dos trabalhos do grupo de pesquisa Áfricas: Sociedade, Política e Cultura (Uerj-CNPq), o livro Pegadas no rio, sombras no tempo – Biografias, histórias de vida e trajetórias africanas (Selo Negro Edições, 288 págs. R$ 99,90), organizado pelos pesquisadores Matheus Serva Pereira, Silvio de Almeida Carvalho Filho e Washington Nascimento convida a conhecer biografias, histórias de vida e trajetórias de personagens pouco abordadas da história africana, contribuindo para problematizar não só as grandes histórias ocidentais como o próprio exercício de construção histórica.
A obra, de leitura essencial para a Semana da Consciência Negra, lembra que também o ato de narrar a África por africanos sempre está atravessado por disputas de poder e entrelaçado em contextos políticos, sociais e culturais específicos, que não podem ser desconsiderados.
Os textos reunidos no livro abarcam um vasto período (da antiga civilização cuxita, no Sudão do século I AEC, ao Moçambique do século XXI) e nos levam a percorrer diferentes regiões da África, explorando temas como o papel do feminino, a formação de elites locais, racismo, resistência, emancipação, construção de heróis e nacionalismo, entre outros. A diversidade de personagens, escolhidas por seu protagonismo em diferentes contextos, dá visibilidade às muitas camadas do que significa ser africano.
“Produzido no âmbito do grupo de pesquisa Áfricas: Sociedade, Política e Cultura (Uerj CNP q), esta coletânea, ao cruzar diferentes geografias e temporalidades, apresenta uma riqueza de abordagens, que nos ajudam a (re)ler temas como resistência, emancipação, cultura, construção de heróis, racismo e nacionalismo, entre muitos outros, constantemente problematizados pelos seus autores. São leituras que nos trazem igualmente discussões sobre alguns conceitos e sua operacionalização, introduzindo autores contemporâneos, para realçar o papel dos sujeitos africanos na história da África.” – Trecho do prefácio de Teresa Cruz e Silva, docente da Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique.
Quais são as histórias africanas?
O trabalho do grupo de estudiosos do o grupo de pesquisa Áfricas: Sociedade, Política e Cultura (Uerj-CNPq) está distribuído nos capítulos:
1- Biografias, histórias de vida e trajetórias africanas: aproximações a um debate teórico metodológico – Matheus Serva Pereira e Washington Nascimento
2- A candace Amanishakheto e a força do feminino: uma análise a partir da cultura material de Cuxe (África, I AEC I EC) – Fernanda Chamarelli de Oliveira
3- António de Oliveira de Cadornega e o contexto de escrita da obra História geral das guerras angolanas – Priscila Weber
4- Kafuxi Ambari: a trajetória de um título político – Crislayne Alfagali
5- Luhuna, o “cirurgião das chuvas”: poder, agências e guerras de um nkhumbi (sudoeste africano, XIX XX) – Washington Nascimento
6- Tomé Agostinho das Neves: a inglória denúncia do racismo e do colonialismo em São Tomé e Príncipe – Augusto Nascimento
7- Carlos Estermann: cientista, missionário e pesquisador das culturas do sudoeste angolano (1925 1976) – Inês Almeida Silva Oliveira
8- Aline Sitoé Diatta e a resistência diola em Casamance – Mariana Bracks Fonseca
9- Joseph Ki Zerbo e suas dimensões políticas e educacionais – Mariana Gino
10- Uanhenga Xitu: o percurso do enfermeiro em direção ao nacionalista – Nathalia Rocha Siqueira
11- Pepetela: nas trincheiras da memória (1962 1975) – Carolina Bezerra Machado
12- Paulo Freire em Angola: esperança e melancolia na reconstrução nacional angolana (1961 1991) – Priscila Henriques Lima
13- O bispo Jaime Gonçalves: perspectivas que desafiam as narrativas oficiais em Moçambique – Silas Fiorotti
Quem são os autores do livro sobre a história africana
Matheus Serva Pereira é investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS ‑ULisboa). Mestre em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutor em História Social da África pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente desenvolve a pesquisa African experiences of assimilation in Mozambique: histories and memories (1910 ‑2010), financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e sediada no ICS ‑ULisboa. Autor dos livros Grandiosos batuques — Tensões, arranjos e experiências coloniais em Moçambique (1890 ‑1940) (2020) e Alegrai-vos no mundo, o Fany Mpfumo retornou — Histórias e estórias da vida de um músico moçambicano (no prelo).
Silvio de Almeida Carvalho Filho – é professor do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e professor do Mestrado em Ensino de História (PPGEH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP), com a tese “Angola: nação e literatura (1975-1985)”, tem experiência em História da África, assim como na área de História Moderna e Contemporânea, atuando principalmente nos seguintes temas: África, Angola, história e literatura, intelectuais, ativismo político, diferenças e desigualdades sociais. Também é pesquisador do Laboratório de Estudos Africanos (Leáfrica) da UFRJ e pesquisador associado do Laboratório de Estudos das Diferenças e Desigualdades Sociais (Leddes) da Uerj.
Washington Nascimento é professor associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), alocado na área de Moderna e Contemporânea, na subárea de História da África. Professor do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em História Política da Uerj. Desde 2021 é pro-cientista da mesma instituição. Mestre em Ciências Sociais: Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC -SP). Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Organizador e/ou autor dos livros Jogo nas sombras — Realidades misturadas, estratégias de subjetivação e luta anticolonial em Angola (2021) e Intelectuais das Áfricas (2020), entre outros.
Sobre o livro Pegadas no rio, sombras no tempo
- Título: Pegadas no rio, sombras no tempo – Biografias, histórias de vida e trajetórias africanas
- Organizadores: Matheus Serva Pereira, Silvio de Almeida Carvalho Filho e Washington Nascimento
- Editora: Selo Negro Edições, da Editora Summus
- Preço: R$ 99,90 (E-book: R$ 59,90)
- Páginas: 288 (17 x 24 cm)
- ISBN: 978-85-8455-013-5
- Atendimento ao consumidor: (11) 3865-9890
Para saber mais sobre Consciência Negra: mais dicas de leitura
Há muitas obras que retratam a luta das mulheres negras contra o racismo e o machismo. Para quem quer se aprofundar mais no tema, alguns livros escritos por mulheres negras são referências essenciais sobre o Dia da Consciência Negra e a experiência afro-brasileira.
Um defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves (Record). Já considerado pela crítica e pelo público um dos principais livros da literatura brasileira, Um defeito de cor conta a história de Kehinde, desde o sequestro na África até os horrores da escravidão no Brasil. O romance tem tantos detalhes que você sente o cheiro nauseabundo do navio negreiro e não consegue conter as lágrimas com os crimes que foram cometidos contra os escravizados. O livro inspirou o samba enredo da escola de samba Portela, em 2024.
Por um feminismo afro latino americano, de Lélia Gonzalez (Zahar). Coletânea de artigos escritos por uma das mais importantes intelectuais negras brasileiras, que cunhou o termo feminismo afro-latino-americano. A leitura é fundamental para entender como o machismo e o racismo são estruturais nas sociedades latino-americanas, ainda profundamente marcadas pelas consequências do colonialismo.
Em comemoração ao Mês da Consciência Negra, a Selo Negro Edições lança Vidas Impressas – Intelectuais Negras e Negros na Escravidão e na Liberdade, obra que resgata trajetórias inspiradoras de pensadores negros e negras que atuaram no Brasil entre o século XIX e o início do XX. Organizada pelos historiadores Iamara Viana e Flávio Gomes, a coletânea revela contribuições até então silenciadas de intelectuais que, por meio da educação, literatura e medicina, enfrentaram os desafios de seu tempo e ajudaram a construir uma nova visão de cidadania, liberdade e identidade cultural em um país em transformação.
Com 280 páginas, Vidas Impressas reúne artigos que destacam esses pensadores negros/as que produziram literatura, fundaram escolas e desenvolveram ideias pioneiras sobre liberdade, cidadania e exclusão. A obra proporciona ao leitor o contato com biografias e trajetórias até então pouco conhecidas, dando visibilidade a intelectuais que marcaram a luta pela emancipação negra no Brasil.