“China e Brasil: com futuro compartilhado e amizada que supera distâncias é hora de navegarmos juntos sob velas cheias.” Esse é o título de um texto de autoria do presidente chinês Xi Jinping, publicado em um jornal brasileiro hoje (18). O chefe de Estado do gigante asiático está no Brasil para a reunião de cúpula do G20, que acontece no Rio de Janeiro. Xi contou com uma calorosa recepção no Brasil, tanto de populares como do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Xi chegou ontem na cidade. Ele foi surpreendido na porta do hotel onde está hospedado, no bairro do Leblon, por admiradores. Entre eles, brasileiros e chineses residentes do país latino. A embaixada chinesa destacou que o presidente chinês faz uma visita de Estado a convite de Lula, para além do G20. A representação diplomática também comemorou as boas relações entre os países e a recepção alegre de Lula ao mandatário.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil e as alianças entre as nações só tendem a se estreitar. Embora distantes, os governos chinês e brasileiro possuem ambições em comum de desenvolvimento mútuo, de não intervencionismo e de combate à fome e à pobreza. Não à toa, Xi foi um grande apoiador de Lula no que vem sendo considerada uma grande vitória diplomática do Brasil; a adesão massiva da comunidade internacional à Aliança Global Contra a Fome e à Pobreza, idealizada pelo presidente brasileiro.
China, Brasil e capivaras
“O Brasil tem território vasto, recursos ricos, paisagens deslumbrantes e culturas diversas, e é um país do qual o povo chinês gosta muito”, disse Xi em seu artigo que saiu no jornal Folha de S.Paulo.
O presidente chinês não poupou elogios à cultura brasileira. Ele chegou a citar características particulares do Brasil, incluindo as capivaras. “As fofinhas capivaras, a bossa-nova, o samba e a capoeira são populares na China, enquanto festivais tradicionais como o da primavera e outros elementos de cultura chinesa como a medicina tradicional são cada vez mais conhecidos pelos brasileiros”, destacou.
Amizade e soberania
A não intervenção é um dos pilares da política externa chinesa. O respeito à soberania é um ponto caro ao país. Existe uma cultura muito centrada dos chineses no desenvolvimento de seu povo. “Império do meio”. Esse é o nome da China para os chineses (ZhongGuó, em mandarim romanizado pelo método pinyin). Xi não esquece este ponto. “China e Brasil sempre persistem em respeito mútuo e tratamento em pé de igualdade”, afirma.
As relações diplomáticas entre China e Brasil datam de 1974. De lá para cá, nestes 50 anos, as nações tornaram-se parceiros essenciais. “O Brasil foi o primeiro país a estabelecer uma parceria estratégica com a China e o primeiro país da América Latina e Caribe a estabelecer uma parceria estratégica global com Pequim”, destacou Xi.
Há 15 anos consecutivos, o gigante asiático é o parceiro mais relevante do Brasil. A amizade é produtiva e fica evidente a partir dos números. A China importou, nos últimos anos, mais de US$ 100 bilhões, anualmente, do Brasil. O bloco dos Brics ampliou ainda mais as conexões. Hoje, a ex-presidenta Dilma Rousseff comanda o Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco dos Brics, sediado em Shanghai.
“China e Brasil sempre persistem em abertura, inclusão e aprendizagem mútua. Por natureza, sentem-se próximos um do outro e têm uma busca comum por tudo o que é belo (…) De mãos dadas, os dois países cumprem seus papéis como grandes países responsáveis, promovem a multipolarização global e a democratização das relações internacionais, bem como injetam energia positiva à paz e à estabilidade mundiais”, completou Xi.