Ainda Estou Aqui e Fernanda Torres são indicados ao Globo de Ouro 2025

Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui são indicados no Globo de Ouro. O Brasil retorna após 20 anos para a premiação e a história se repete
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Fernanda Torres e Selton Mello protagonizam filme de Walter Salles. Foto: Reprodução / Ainda Estou Aqui

Ainda Estou Aqui recebe duas indicações ao prêmio Globo de Ouro: melhor filme em língua não inglesa e melhor atriz em filme de drama. Veja detalhes da indicação em TVT News.

Brasil de volta ao Globo de Ouro

Filho de peixe, peixinho é. Nesse caso, um fato histórico vai sendo redesenhado na memória da arte brasileira. Nesta manhã de segunda-feira, Fernanda Torres foi indicada ao Globo de Ouro 2025 de Melhor Atriz em Filme de Drama, pela a atuação em Ainda Estou Aqui. A atriz se torna a segunda brasileira a concorrer ao prêmio. A primeira foi, simplesmente, sua mãe, Fernanda Montenegro há 25 anos, pelo papel em Central do Brasil.

O longa-metragem Ainda Estou Aqui também foi indicado a Melhor Filme Em Língua não Inglesa. Está indicação representa o retorno do Brasil a categoria após 20 anos da última aparição do país com Diários de Motocicleta em 2005. Além disso, é outra similaridade com Central do Brasil que foi o vencedor em 1999.

A TVT News assistiu na estreia Ainda Estou Aqui. A obra é sobre memória, resistência e luta. Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, o longa conta a história de Eunice Paiva, viúva do ex-deputado e engenheiro civil Rubens Paiva. Antes mesmo da estreia no Brasil, já havia recebido 10 minutos de aplausos no Festival Veneza 2024 em que levou a premiação de Melhor Roteiro. Tamanho sucesso já seria desculpa suficiente para recomendarmos ir até o cinema mais próximo, mas nós consideramos também sua importância política para um país que anistiou agressores da ditadura militar e esconde com tapete a mancha de sua história.

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Cena de Ainda Estou Aqui: resistência e memória de Eunice Paiva marcam a história
Foto: Reprodução Sony Pictures Brasil

A história que se repete não é por acaso: Walter Salles é o diretor de Ainda Estou Aqui, Central do Brasil e Diários de Motocicleta. Salles é reconhecido mundialmente não apenas pela seu olhar artístico e competência, já postas a prova, mas também é considerado o terceiro cineasta mais rico do mundo.

O dinheiro de família é um fator decisivo para elevar o nível das produções. Os Salles são acionistas majoritários do Itaú Unibanco. Eles também controlam a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), principal produtora de nióbio mundial, segundo a Forbes. Se você olhar para seus pés calçados com as clássicas Havaianas, saiba que a família Salles é dona da empresa produtora das chinelas.

Sem ter que lidar com os clássicos problemas financeiros que assola o cenário do audiovisual brasileiro, Salles ainda busca atores de altíssimo nível. Se Central do Brasil contava com o protagonismo da dama da dramaturgia brasileira, Ainda Estou Aqui trouxe a filha… e a mãe. As Fernandas aparecem com o mesmo papel em diferentes fases da vida de Eunice Paiva. De forma brilhante, as duas fazem o público chorar de emoção e rir, com a mesma delicadeza que é viver os momentos de luto permeados pelas as pequenas alegrias diárias.

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Mas Salles faz isso não apenas buscando nomes já reconhecidos, novos atores são bem recebidos. Em Central de Brasil somos cativados por Vinícius Oliveira que interpreta o pequeno Josué, o menino que é cuidado por Dora (Fernanda Montenegro).

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Fernanda Torres emociona o público ao interpretar Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui.
Foto: Reprodução Sony Pictures Brasil

E se há tantas similaridades, também há espaço para as mudanças, até porque o futuro é uma incógnita. O Brasil anseia pela validação e reconhecimento internacional. Talvez seja esse o momento. Em 1999, Fernanda Montenegro se tornou a primeira brasileira a ser indicada ao Oscar, a expectativa que sua filha Torres repita o feito sendo a segunda brasileira indicada na premiação se torna cada vez mais um sonho plausível.

A reviravolta surpreendente e aguardada para o final dessa história é que diferente de Montenegro, Torres seja verdadeiramente condecorada com a estatueta.

O gosto amargo da derrota há 25 anos jamais será superado, mas com a possível vitória talvez o Brasil divida o espaço com o doce sabor da vitória. Por ora é certo de que nós, patriotas orgulhosos pelo nosso país, iremos de comemorar honradamente a indicação de Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui no já reconhecido Globo de Ouro.

Veja a entrevista de Marcelo Rubens Paiva, autor livro Ainda Estou Aqui, ao Programa Juca Kfouri Entrevista

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