Dia 11 de dezembro estreia a série Cem Anos de Solidão, baseada no clássico livro do escritor colombiano, Prêmio Nobel de Literatura de 1982, Gabriel García Márquez. TVT News teve acesso à fotos da produção e conta para você detalhes da série.
Série Cem Anos de Solidão estreia dia 11 de dezembro
Muitos anos depois, diante das telas, os apaixonados por Cem Anos de Solidão hão de recordar o dia da estreia da primeira adaptação do livro para o audiovisual.
A aguardada adaptação de Cem Anos de Solidão para série em streaming estreia dia 11 de dezembro, na Netflix.
Composta por duas partes de oito episódios, a série faz a adaptação do clássico livro Cem Anos de Solidão, do premiado escritor colombiano, Gabriel García Márquez, vencedor do Nobel de Literatura de 1982. O livro é um dos mais famosos do mundo, com mais de 50 milhões de exemplares vendidos e traduzido para mais de 40 idiomas.
Em vida, Gabriel García Márquez nunca permitiu a adaptação de sua obra-prima para o audiovisual. Outros livros do autor, como Amor nos Tempos do Cólera e Ninguém Escreve ao Coronel, ganharam versão para o cinema.
- Vídeo: veja o trailer da série Cem Anos de Solidão no Instagram da TVT News
O argumento, segundo García Márquez, é que toda a fantasia da obra não conseguiria ser captada pelas câmeras.
Após a morte do escritor, em 2014, e intensas negociações com os herdeiros, a adaptação foi liberada para a Netflix. O filho mais velho, Rodrigo García, trabalha com audiovisual (cinema e séries) nos EUA, o que pode ter facilitado a negociação.
Em 2024, Rodrigo também justificou a publicação do livro póstumo Em agosto nos vemos que fora rejeitado pelo próprio García Márquez. Para o filho do autor, o pai era muito exigente com a própria criação e Em Agosto nos Vemos trazia ainda muito das qualidades do escritor e seria um presente para os leitores, no aniversário de 10 anos da morte de García Márquez. Sobre Em Agosto nos vemos, leia a resenha da jornalista Lívia Magalhães, publicada na revista-laboratório Babel, da USP, em junho.
Os fãs de Cem Anos de Solidão se dividem entre a ansiedade para ver um dos maiores livros de todos os tempos adaptado para a telas e o receio que a série não dê conta da genialidade da obra. Adaptações para o cinema geram essa polêmica, mas trazem a oportunidade de impulsionar a leitura do livro original, o que já acontece nas livrarias.
- Vídeo: veja o trailer da série Cem Anos de Solidão na Netflix
A data da segunda parte da série, com outros 8 episódios, ainda não foi anunciada.
Uma série latino-americana na Netflix
Com direção dos cineastas colombianos Laura Mora e Alex García López, a série Cem Anos de Solidão representa um dos projetos audiovisuais mais ambiciosos do streaming na América Latina. A série foi inteiramente filmada em espanhol e na Colômbia, com o apoio da família de Gabriel García Márquez.
Para a cineasta Laura Mora, dirigir Cem Anos de Solidão é uma honra e um desafio. “Como cineasta e como colombiana, tem sido uma honra e um enorme desafio trabalhar em um projeto tão complexo e que carrega tanta responsabilidade como Cem Anos de Solidão“, afirma Laura.
De acordo com Laura, o objetivo foi “sempre buscar entender a diferença entre a linguagem literária e a audiovisual, e poder construir imagens que contenham a beleza, a poesia e a profundidade de uma obra que impactou o mundo inteiro. Fizemos isso com amor e respeito pelo livro, com o apoio de uma equipe técnica e humana excepcional”, explica a diretora.
O colega de direção, Alex García López, conta que “dirigir este projeto foi um desafio e uma aventura; afinal, na vida, correr riscos é necessário para dar sentido ao que fazemos. Ao mergulhar na adaptação de Cem Anos de Solidão, minha intenção era criar algo autêntico que carregasse a estatura de uma produção internacional, porque a história merece.”
Como adaptar Cem Anos de Solidão para série
Durante a 22ª Festa Literária Internacional de Paraty, na Mesa “Do Livro às Telas: Cem Anos de Solidão”, os roteiristas da série da Netflix contaram como foi o desafio de adaptar para o audiovisual a obra que marcou gerações.
Durante o evento em Paraty, as roteiristas Natalia Santa e Camila Brugés, além de Francisco Ramos, vice-presidente de Conteúdo da Netflix na América Latina, falaram sobre sobre o processo criativo e as complexidades de levar o universo literário de Gabriel García Márquez às telas.
As roteiristas compartilharam o que as inspirou a se envolver nesse projeto ousado, revelando os desafios e nuances de adaptar Cem Anos de Solidão para as telas. “É um imenso desafio dar vida a personagens que habitam o imaginário de tantas pessoas. Nossa missão foi honrar a riqueza da obra, sem perder de vista sua profundidade e magia,” comentou Natalia Santa.
“A série precisava capturar as emoções que o livro desperta, sem esquecer que estamos lidando com uma linguagem diferente. O desafio foi equilibrar a fidelidade à obra original com a criação de uma experiência visual impactante,” disse Camila Brugés, destacando a responsabilidade de adaptar o romance. “A grande vantagem é que sempre que tínhamos qualquer dúvida e precisávamos reencontrar os caminhos, bastava voltar ao livro e todas as respostas estavam lá”, acrescentou.
Francisco Ramos destacou a importância do legado que a adaptação deixaria. “Desde o início, alinhamos com a família García Márquez alguns pilares do projeto: ele teria gravação em espanhol e produção na Colômbia. Esses elementos não apenas preservam a essência da obra, mas garantem que o legado ressoe, promovendo um impacto cultural e econômico significativo para o audiovisual colombiano”, explicou.
Baseada na obra-prima de Gabriel García Márquez, a série acompanha as gerações da família Buendía no mítico vilarejo de Macondo, no qual as loucuras do amor, das guerras e das maldições ancestrais se entrelaçam em uma narrativa fantástica e envolvente que é uma metáfora da história latino-americana.
A adaptação pretende capturar a essência do romance e, ao mesmo tempo, tratar dos temas universais que tornaram o livro de Gabriel García Márquez um clássico atemporal lido por chefes de estado a estudantes por todo o planeta.
Série Cem Anos de Solidão na Netflix impulsiona venda do livro
O anúncio da exibição de Cem Anos de Solidão já aumentou a venda dos livros. De acordo com Jean Faria, gerente de compras da Livraria da Vila , uma das maiores redes de livrarias do país, com 21 lojas em diferentes regiões do Brasil, as vendas de Cem Anos de Solidão aumentaram em 42,85%.
“Após o anúncio da série, o título se tornou o segundo mais vendido de Literatura Clássica na Livraria da Vila”, explica Faria. De acordo com o gerente, Cem Anos de Solidão só perde para Em Agosto Nos Vemos, também de García Márquez.
“Houve aumento de 42,85% nas vendas das edições do Cem Anos de Solidão“, conta o gerente da rede de livrarias que oferece três diferentes edições da obra de Gabriel García Márquez, incluindo uma edição comemorativa, em capa dura, dos 50 anos da publicação do livro. As outras duas edições são em brochura.
Para o gerente da livraria, a adaptação de livros para o audiovisual ajuda na vendas. “Houve um grande aumento nas vendas do livro É Assim Que Acaba após a estreia do filme nos cinemas. Assim como também teve aumento nas vendas do livro Ainda Estou Aqui, de 2015, do autor Marcelo Rubens Paiva, após divulgação das matérias e premiações em torno do filme”, explica Jean Faria.
Qual a importância de Cem Anos de Solidão?
O livro de Gabriel García Márquez é uma das obras mais importantes da literatura latino-americana e mundial. É o mais famosa e traduzido livro do movimento conhecido como realismo fantástico (também conhecido como realismo mágico ou realismo maravilhoso).
O realismo fantástico é um movimento literário tipicamente latino-americano e reúne autores da América Latina que publicaram obras com características semelhantes: contam histórias da América Latina, muitas vezes inspiradas em acontecimentos da realidade, mas narradas de forma tão mágica que não poderiam ser possíveis.
Entre os exemplos, uma peste de insônia que infecta toda a cidade, uma chuva de quatro anos, onze meses e dois dias ou um quarto em que a tinta não seca nunca dentro dos tinteiros, mas que é só visível para quem enxerga um velho cigano.
Além das qualidades da narração e estrutura literária, o livro permite diversas interpretações. Uma delas, é que Macondo, a cidade dos espelhos, seria uma metáfora da América Latina e que as repetições de nomes e de eventos, como os peixinhos de ouro vendidos para se transformarem em novos peixinhos de ouro ou a mortalha de Amaranta, que é costurada durante o dia para ser descosturada pela noite, simbolizam os eventos cíclicos pelos quais passa a América Latina.
As estirpes condenadas a cem anos de solidão que não merecem ter uma segunda oportunidade na terra seriam os latino-americanos, frustrados nas cíclicas tentativas de emancipação e de caminhar pelas próprias pernas.
Veja a resenha completa do livro Cem Anos de Solidão.
Uma dica para facilitar a leitura de Cem Anos de Solidão é ter, sempre à mão, a árvore genealógica da família Buendía. Imprima a imagem abaixo para facilitar sua leitura da obra-prima de Gabriel García Márquez.
Veja a ficha técnica da série Cem Anos de Solidão
- Título: Cem Anos de Solidão Netflix – Parte 1
- Episódios: 8 episódios (Parte 1) 8 episódios (Parte 2)
- Direção – Parte 1: Alex García López (E. 1, 2, 3, 7, e 8) e Laura Mora (E. 4, 5, e 6)
- Produtores Executivos: Diego Ramírez Schrempp, Juliana Flórez Luna, Andrés Calderón, Josep Amorós, Carolina Caicedo, Alex García López, Laura Mora, José Rivera, Rodrigo García, Gonzalo García Barcha
- Produtora: Dynamo
- Roteiro: José Rivera, Natalia Santa, Camila Brugés, e Albatros González
- Consultora de Roteiro: Maria Camila Arias
- Direção de Fotografia: Paulo Pérez e María Sarasvati
- Design de Produção: Bárbara Enríquez e Eugenio Caballero
- Figurino: Catherine Rodríguez
- Direção de Elenco: Yolanda Serrano e Eva Leira
- Trilha Sonora: Camilo Sanabria e Juancho Valencia
- Edição: Irene Blecua e Miguel Schverdfinger
- Cabelo e Maquiagem: Helmuth Karpf
- Supervisão de Efeitos Especiais: Jose Luis Orozco
- Assistentes de Direção: Jeiver Pinto Vargas e Nataly Valdivieso Gómez
- Locações: regiões de La Guajira, Magdalena, Cesar, Cundinamarca e Tolima, na Colômbia
Leia a Sinopse da série Cem Anos de Solidão Netflix
Após se casarem contra a vontade dos pais, os primos José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán abandonam o vilarejo onde moram para buscar um novo lar, mesmo temendo que os filhos nasçam com rabos de porco. Acompanhados por amigos, o casal chega às margens de um rio de pedras pré-históricas, onde fundam a cidade que batizam de Macondo. Diversas gerações da estirpe dos Buendía marcarão o futuro dessa cidade, atormentada pela loucura, amores impossíveis, guerras sangrentas e o medo de que uma terrível maldição os condene, inevitavelmente, a cem anos de solidão.
Publicado em 1967, Cem Anos de Solidão é um dos livros mais emblemáticos de Gabriel García Márquez, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1982 e um dos principais nomes do Realismo Mágico (ou Realismo Fantástico). Leia aqui a resenha sobre Cem Anos de Solidão
Considerado uma obra-prima das literaturas hispano-americana e universal, o romance aclamado pelo público já teve mais de 50 milhões de exemplares vendidos e foi traduzido para mais de 40 idiomas.
Sobre a Netflix e a produtora Dynamo
A Netflix é um dos principais serviços de entretenimento do mundo. São 278 milhões de assinaturas pagas em mais de 190 países com acesso a séries, filmes e jogos de diversos gêneros e idiomas.
Fundada em 2006, a Dynamo é uma empresa de entretenimento colombiana independente com sede em Bogotá. Até o momento, a Dynamo produziu mais de 47 longas-metragens e 25 séries de televisão. A Dynamo apoiou talentos, incluindo a equipe por trás de séries como Wild District (Netflix), Crime Diaries (Netflix), Green Frontier (Netflix), The Head of Joaquin Murrieta (Prime Video), Mala Fortuna (Prime Video) e filmes como The Hidden Face, Monos e recentemente Tarumama (HBO Max).
Além de desenvolver conteúdo original, a Dynamo também oferece serviços de produção de alto nível para produtores estrangeiros que desejam filmar na Colômbia. Forneceu serviços de produção local para muitos projetos, incluindo programas de televisão como Narcos (Netflix), El Chapo (Netflix/Univision), Medellin (Prime Video), Falco (Prime Video) e filmes como Los 33 com Antonio Banderas, American Made com Tom Cruise, Mile 22 com Mark Wahlberg e Gemini Man com Will Smith, entre outros.
Créditos
Fotos da produção: Mauro González e Pablo Arellano /Netflix
Legendas das fotos da produção: trechos de Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez (1967). Reproduzidos da edição em português da Editora Record