O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou decisão do presidente Donald Trump, Estados Unidos, de suspender a ajuda externa para agência humanitária da ONU. Em comunicado emitido nesta segunda-feira (28) pelo escritório de seu porta-voz, Guterres destacou a necessidade de preservar as iniciativas humanitárias e de desenvolvimento que “são essenciais para as comunidades mais vulneráveis do mundo”.
A medida norte-americana, confirmada pelo Departamento de Estado no último final de semana, envolve o congelamento de vários bilhões de dólares destinados à ajuda externa. Um dos destinos destes valores é o Brasil, particularmente a cidade de Manaus, que lida com acolhimento de imigrantes venezuelanos. A medida, embora criticada, é condizente com a política de extrema direita de Trump, que despreza a América Latina enquanto exalta o nacionalismo em seu país.
O corte foi anunciado após o presidente Trump assinar uma ordem executiva que suspende o financiamento por um período de 90 dias. Esses recursos, geridos pelo Departamento de Estado e pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), têm sido aplicados em programas ao redor do globo.
Preocupações da ONU
Guterres ressaltou a importância de garantir a continuidade dessas iniciativas, que impactam diretamente as vidas e os meios de subsistência de milhões de pessoas. “É essencial que as atividades humanitárias e de desenvolvimento continuem sendo realizadas, especialmente para as populações mais vulneráveis”, afirmou.
O líder da ONU também enfatizou que espera dialogar com a nova administração norte-americana sobre o futuro do apoio internacional. “Os Estados Unidos são um dos maiores provedores de ajuda e é fundamental que trabalhem construtivamente com a ONU para estabelecer um caminho estratégico a seguir”, declarou.
A decisão de suspensão preocupa, sobretudo, pelo impacto nos países em desenvolvimento, que enfrentam desafios significativos. Guterres pediu que sejam consideradas mais isenções para garantir a continuidade de programas que são cruciais para o combate à pobreza, a promoção da saúde e o apoio a emergências humanitárias.
A comunidade internacional agora observa com atenção os desdobramentos dessa medida e os efeitos que ela poderá ter nos esforços globais para atender às populações mais necessitadas, enquanto Trump toca suas políticas de isolamento, particularmente xenofóbicas em relação a imigrantes.
Situação na América
Trump têm adotado políticas migratórias cada vez mais restritivas, marcado por deportações em massa e relatos de violações de direitos humanos. Na atual gestão de Trump, o radicalismo parece ter se agravado. Apesar de algumas dessas práticas terem continuado sob Joe Biden, surgiram denúncias de que deportados na era Trump enfrentam condições desumanas e torturas. A Polícia Federal investiga casos, enquanto o Itamaraty cobra esclarecimentos dos EUA.
Enquanto isso…
Outro ponto questionável de Trump que revela o descaso com a América Latina resultou hoje em ação de apoio da empresa gestora do Google, a Alphabet. O Google anunciou que mudará o nome do Golfo do México para “Golfo da América” em suas plataformas nos Estados Unidos, alinhando-se à postura expansionista de Donald Trump. A mudança, anunciada em 27 de janeiro, será refletida no Google Maps após o registro oficial no Sistema de Nomes Geográficos dos EUA. Nos EUA, o novo nome será exclusivo, enquanto no México o nome original será mantido, e em outros países ambos os nomes serão exibidos.
A decisão gerou controvérsia internacional, especialmente entre países da América Latina, que veem a medida como uma afronta à soberania regional e um reflexo do desprezo de Trump pela identidade latino-americana. Especialistas em geopolítica alertam que mudanças simbólicas como essa podem intensificar tensões diplomáticas e consolidar uma narrativa de dominação cultural e política por parte dos Estados Unidos.
Questão regional
Por outro lado, países latinos organizam uma cúpula para tratar dos abusos de Trump. A Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) fará reunião de emergência quinta-feira (30) para tratar da questão das deportações. A reunião será feita em formato híbrido, mas Gustavo Petro, presidente da Colômbia que convocou a reunião, deverá participar de forma presencial, na capital hondurenha, Tegucigalpa.