A Justiça do Paraná determinou, nesta quinta-feira (13), a revogação da prisão domiciliar de Jorge Guaranho, condenado pelo assassinato de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu. O desembargador Gamaliel Seme Scaff decidiu pela “imediata condução” de Guaranho ao Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde ele cumprirá sua pena de 20 anos em regime fechado. A defesa ainda pode recorrer da decisão. Confira mais em TVT News.
A revogação ocorreu após uma nova avaliação médica realizada em 27 de fevereiro, a pedido do desembargador. O laudo concluiu que, apesar das condições de saúde apresentadas por Guaranho, o CMP tem estrutura adequada para prestar a assistência necessária ao condenado.

De acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), Guaranho foi transferido para o CMP na sexta-feira (14).
Defesa questiona decisão
Os advogados de Guaranho expressaram perplexidade com a decisão, alegando que, durante os dois anos em que esteve preso na unidade, ele não recebeu a assistência médica necessária. Em nota, a defesa afirmou estar “confiante de que o Tribunal de Justiça revisárá essa decisão”.
O julgamento e a condenação
Guaranho foi julgado pelo Tribunal do Júri de Curitiba entre os dias 13 e 15 de fevereiro deste ano, mais de dois anos após o crime. O assassinato ocorreu em 9 de julho de 2022, quando Guaranho invadiu a festa de aniversário de Marcelo Arruda, decorada com temas do PT e do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Após uma discussão inicial, Guaranho deixou o local e retornou armado, disparando contra Arruda, que revidou.
Marcelo Arruda não resistiu aos ferimentos e faleceu na madrugada seguinte, deixando quatro filhos, um deles recém-nascido na época. Durante o confronto, Guaranho foi baleado e espancado por convidados, sofrendo sequelas neurológicas e motoras.
O júri condenou Guaranho por homicídio qualificado, considerando agravantes como motivo fútil e perigo comum. Após a sentença, sua defesa solicitou prisão domiciliar alegando complicações de saúde decorrentes das agressões. O pedido foi aceito pelo desembargador Gamaliel Scaff em 15 de fevereiro.
Atuação do Ministério Público
No dia 10 de março, o Ministério Público do Paraná recorreu da decisão, pedindo aumento da pena e argumentando que a sentença não considerou adequadamente a conduta social negativa do réu.
O Complexo Médico Penal, unidade destinada a presos com necessidades médicas especiais, declarou possuir estrutura adequada para atender Guaranho, informação que embasou a revogação da prisão domiciliar.
Com a decisão, Guaranho inícia o cumprimento da pena em regime fechado, enquanto sua defesa avalia possíveis recursos.
Repercussão do caso
O assassinato de Marcelo Arruda teve grande repercussão nacional, especialmente pelo contexto político. Guaranho, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, invadiu a festa do petista e abriu fogo após uma discussão. O crime deixou marcas profundas na família da vítima e na comunidade local.

Depois de ser hospitalizado em Foz do Iguaçu, Guaranho foi transferido para o CMP, onde permaneceu até setembro de 2024. Durante o julgamento, ele declarou que não tinha intenção de brigar ou matar, mas admitiu ter retornado ao local armado.