Bolsonaro: Entenda o julgamento da denúncia do ex-presidente e aliados

Confira datas do julgamento da denúncia, quem está em cada núcleo e como funcionará o processo caso os acusados se tornem réus
Julgamento da denúncia pela Primeira Turma do STF decide se Jair Bolsonaro e aliados se tornarão réus. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Bolsonaro e outros 33 aliados tiveram o julgamento marcado pelo o STF. Eles foram separados em núcleos por acusação de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Em meio a tantas notícias e informações, a TVT News organizou a seguinte matéria para você relembrar quem são os acusados em cada núcleo, por quais crimes podem se tornarem réus e como será o julgamento.

Todos eles serão julgados pela Primeira Turma do STF, pois o relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, faz parte do grupo. A Primeira Turma é composta pelos ministros: Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Flávio Dino.

Os ministros decidirão se a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) é válida e se as provas demonstram sustentação do caso. Se for votado em sim, os acusados se tornam réus.

A ação penal entrará na fase de instrução. Nesse estágio, serão coletadas provas, ouvidas testemunhas e analisados documentos que possam corroborar ou enfraquecer a acusação. Durante essa etapa, a defesa também poderá solicitar, por exemplo, a nulidade de provas ou questionar diligências realizadas.

Ao final da instrução, ainda sem prazo definido, o STF realizará um novo julgamento para decidir se condena ou absolve os réus, entre eles pode estar o ex-presidente Bolsonaro.

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Se condenado, Bolsonaro pode pegar mais de 30 anos de cadeia. Foto: Fernando Frazão/ABR

Núcleo 1 e o julgamento

O julgamento da denúncia do “núcleo 1”, que contém Jair Bolsonaro, está marcado em três sessões.

➡️ A primeira acontece na terça-feira (25), com previsão de início 9h30.

➡️ A segunda, será após o almoço, ainda na terça-feira (25), por volta das 14h.

➡️ A terceira será na manhã do dia seguinte, quarta-feira (26).

O referente grupo é considerado o principal pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Eles são acusados por liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça contra patrimônio tombado, responsabilidade pelos atos lesivos à ordem democrática.

Nele está o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ajudante de ordens Mauro Cid (que fez delação premiada) e outros membros do alto escalão do governo bolsonarista.

Quem está no “núcleo 1”?
  • Jair Bolsonaro
  • Mauro Cid
  • Walter Braga Netto
  • Alexandre Ramagem
  • Almir Garnier
  • Anderson Torres
  • Augusto Heleno
  • Paulo Sérgio Nogueira

A sessão obedecerá o rito previsto no regimento interno do Supremo Tribunal Federal, sem nenhuma alteração especial:

1 – Abertura da sessão pelo presidente.

2 – Leitura do relatório pelo relator.

3 – Sustentação oral do PGR por 30 minutos.

4 – Sustentação oral das defesas (8 réus, 15 minutos para cada – ordem definida pelo presidente).

5 – Voto do relator nas preliminares.

6 – Votos dos demais ministros sobre preliminares (ordem: Dino, Fux, Cármen e Zanin, presidente).

7 – Voto do relator no mérito da denúncia.

8 – Votos dos demais ministros sobre o mérito (ordem: Dino, Fux, Cármen e Zanin, presidente).

Núcleo 2 e o julgamento

O STF marcou três sessões para julgar o núcleo 2 dos acusados por tentativa de golpe de Estado:

➡️ Primeira sessão acontece na terça-feira, dia 29 de abril, às 9h30

➡️ Segunda sessão está prevista para às 14h

➡️ Já a terceira sessão ocorre na quarta-feira, dia 30 de abril, às 9h30

Núcleo 2 é o grupo dos ex-assessores de Bolsonaro

  • Filipe Martins (ex-assessor de assuntos internacionais de Bolsonaro)
  • Marcelo Câmara (ex-assessor de Bolsonaro)
  • Silvinei Vasques (ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal)
  • Mário Fernandes (general do Exército)
  • Marília de Alencar (ex-subsecretária de Segurança do Distrito Federal)
  • Fernando de Sousa Oliveira (ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança do Distrito Federal).

De acordo com o inquérito elaborado pela PGR, eles foram responsáveis por repassar informações sensíveis da segurança de Alexandre de Moraes e da segurança pública nacional. Também foi constatado a instrumentalização de ferramentas estatais com o objetivo de fortalecer o plano de golpe de Estado.

Núcleo 3 e o julgamento

O núcleo 3 tem julgamento marcado para o início de abril.

➡️ Primeira sessão acontece na terça-feira, dia 8 de abril, às 9h30.

➡️ Segunda sessão está prevista para às 14h, também na terça-feira.

➡️ Já a terceira sessão ocorre na quarta-feira, dia 9 de abril, às 9h30.

O núcleo 3 é referente aos militares que fizeram parte do plano, incluindo os “kids-pretos”

  • Bernardo Romão Corrêa Netto

Coronel do Exército. Ele foi preso na Operação Tempus Veritatis, da PF, por tentativa de golpe de Estado e envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023. Ele era integrante do “kids-preto”, grupo de elite do Exército. Netto foi responsável por intermediar convite de participação ao golpe a outros integrantes e de marcar uma reunião em Brasília.

  • Cleverson Ney Magalhães

Coronel de Infantaria, ex-oficial do Comando de Operações Terrestres. Ele também foi subcomandante do Centro de Instruções de Guerra na Selva (CIGS).

  • Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira

General e ex-chefe Comandante do Comando de Operações Terrestres (COTER). No cargo, ele aceitou empregar as forças na tentativa de golpe. Ele também era comandante do “kids-preto”. O grupo de elite tinha como objetivo matar o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

  • Fabrício Moreira de Bastos

Coronel e foi adido do Exército em Tel Aviv, capital de Israel, cargo responsável por estreitar relações diplomáticas com o outro país. Ele foi responsável por “ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe”.

  • Hélio Ferreira Lima

Tenente-coronel da ativa do Exército. Ele foi exonerado do cargo de comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus, em fevereiro de 2024.

  • Marcio Nunes Resende Júnior

Coronel do Exército. Ele foi responsável por “ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe”.

  • Nilton Diniz Rodriguez

General do Exército e foi comandante do 1º Batalhão de Forças Especiais e do Comando de Operações Especiais, unidades militares localizadas em Goiânia (GO).

  • Rafael Martins de Oliveira

Tenente-coronel da ativa do Exército e fazia parte do grupo de “kids pretos”, após as eleições de 2022.

  • Rodrigo Bezerra de Azevedo

Integrante do grupo “kids preto”. Participou do monitoramento ilegal da rotina de Alexandre de Moraes.

  • Ronald Ferreira de Araújo Júnior

Tenente-coronel do Exército. Ele teria participado da elaboração da minuta que embasaria um decreto de golpe de Estado.

  • Sérgio Cavaliere de Medeiros

Tenente-coronel do Exército. De acordo com a PF, ele integrava o ‘núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral’.

  • Wladimir Matos Soares

Agente da Polícia Federal (PF) que se infiltrou dentro da segurança do então presidente eleito Lula. O objetivo da ação era coletar e repassar informações sensíveis para que os golpistas conseguissem realizar o plano “Verde e Amarelo” de sequestrar e assinar Lula, Alckmin e Moraes.

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