Mauro Cid teve prisão decretada, mas STF revogou; tudo nesta sexta-feira 13

Uma sexta-feira muito louca para Mauro Cid que já teve a prisão decretada e revogada. Às 11h ele prestou esclarecimentos para a PF
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Mauro Cid era ajudante de ordens de Bolsonaro. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O tenente-coronel Mauro Cid foi preso na manhã desta sexta-feira (13). Segundo informações da CNN, o Supremo Tribunal Federal (STF) já mandou revogar a determinação de prisão. A TVT News irá atualizar as informações conforme ficarem públicas.

Enquanto a prisão era anunciada, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a revogação, antes que Cid fosse efetivamente detido. A Polícia Federal (PF) vai ouvir Cid às 11h. Também foi determinado pela Justiça um pedido de busca e apreensão na casa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em Brasília.

A CNN diz que o pedido foi motivado por um possível plano de fuga estar sendo articulado com o ex-ministro do Turismo do governo Bolsonaro, Gilson Machado. A ação é vista como uma tentativa de atrapalhar processo.

O ex-presidente Bolsonaro pediu a revogação da delação premiada de Mauro Cid, alegando que o ex-ajudante de ordens estaria mentindo em depoimentos para a PF.

O ex-ministro do Turismo foi preso por suspeita de tentar emitir um passaporte português para que Cid fugisse do país.

De acordo com o g1, o pedido de documentos portugueses de Mauro Cid aconteceu no dia 11 de fevereiro de 2023, três dias depois dos atos golpistas bolsonaristas, conhecido como 8 de janeiro.

Já em fevereiro deste ano, o ministro do STF e relator do caso, Alexandre de Moraes, pediu esclarecimentos dos advogados sobre a questão.

Na época, a defesa do tenente-coronel afirmou que não existia intenções de sair do país. O pedido teria acontecido porque a esposa e as filhas possuem cidadania portuguesa e que o documentos só tem utilidade para acessar serviços públicos e privados e para identificação.

Na resposta, a defesa também falou que a deleção premiada partiu do próprio Cid e que ele estava usando tornozeleira eletrônica, “sendo impossível empreender viagem para o exterior sem autorização” de Moraes.

Possível conta fake usada por Cid ilegalmente

A revista Veja publicou na quinta-feira (12), capturas de tela que mostram Mauro Cid usando uma conta falsa no Instagram sob o nome de “Gabriela R”. Em conversa com uma pessoa não identificada, Cid fala que Alexandre de Moraes é o cão.

O uso de redes sociais era proibido para o tenente-coronel em cláusula da delação premiada com a PF.

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Mauro Cid usava perfil falso para manter diálogo com outras pessoas. Imagem: Revista veja/Reprodução

O perfil também fala sobre detalhes de como foi a colaboração com a Polícia Federal nos primeiros momentos da delação premiada. Mais uma vez, Mauro Cid tornou a dizer que a PF o induzia a dizer o que queriam para completar lacunas da investigação.

Entretanto, durante o interrogatório o tenente-coronel reforçou que em todos os momentos esteve na presença do advogado e que não foi forçado a dizer nada além da verdade.

O tenente-coronel é delator no caso que julga tentativa de golpe por Jair Bolsonaro e outros aliados bolsonaristas, sendo considerado peça chave para desvendar os planejamento ou não do golpe. Nessa posição, ele não pode mentir e nem omitir sobre a trama golpista e outros casos relacionados ao governo Bolsonaro.

As condições da delação premiada podem ser revogadas pela PF, caso seja comprado que Mauro Cid não cumpriu com as regras do acordo.

Em um dia que faz frio em boa parte do Brasil, o tenente-coronel foi tirado das cobertas pela PF. Não bastasse o pequeno inconveniente no frio, esta sexta-feira é 13, uma data que celebra o terror, e os piores pesadelos do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro se concretizaram brevemente: uma determinação de prisão. Até parece um roteiro de filme.

*Em atualização

Principais pontos da delação de Mauro Cid

  • Mauro Cid afirmou que Bolsonaro “encaminhava diretamente” ataques a ministros do STF por mensagens. 
  • O tenente-coronel também citou que o “gabinete de ódio”, grupo que espalhava fake news nas redes sociais, consistia em três assessores de Bolsonaro, que possuíam “relação direta” com o filho do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, que coordenava as postagens. O grupo atuava em uma “salinha” sem janela no mesmo andar da sala de Bolsonaro. 
  • Bolsonaro queria monitorar um suposto encontro de Moraes com o general Hamilton Mourão em São Paulo, no fim de 2022. O ex-ajudante de ordens disse no depoimento que “desconhece” outros motivos para o monitoramento do ministro do STF.
  • Bolsonaro pediu para que fossem inseridos dados falsos sobre as vacinas de covid-19 em seu cartão de vacinação e no de sua filha, Laura Firmo Bolsonaro. As informações foram adicionadas nos sistemas do Ministério da Saúde. 
  • Mauro Cid disse que blindou o ministro da Defesa de Bolsonaro, Braga Netto, em primeiros depoimentos por “respeito pela hierarquia”. Braga Netto é general do Exército, patente superior à de Cid.
  • A Polícia Rodoviária Federal (PRF) pedia para participar dos eventos de Bolsonaro, mesmo que fossem em áreas fora da jurisdição da instituição. De acordo com Cid, essa atuação da PRF provocava conflitos com a equipe de segurança de Bolsonaro, que, por sua vez, deixava a corporação agir como queria.
  • Mauro Cid diz que nunca presenciou ordens de Bolsonaro a Silvinei Vasques, então diretor-geral da PRF, mas destaca que ambos eram próximos e que Silvinei costumava participar dos eventos do então presidente.
  • Braga Netto entregou dinheiro dentro de sacola de vinho para Mauro Cid no Palácio da Alvorada. A quantia foi passada para Rafael Martins de Oliveira, integrante dos chamados “kids pretos”, grupo das Forças Especiais do Exército, para financiar atos golpistas. Cid disse em delação que não se lembra do valor ou da data em que ocorreu a transação. 
  • Bolsonaro pediu que joias sauditas fossem vendidas para pagar indenização à deputada Maria do Rosário, em 2019. O ex-presidente foi condenado por dizer, em 2014, quando ainda era deputado federal, que Rosário “não merecia ser estuprada”. 
  • A venda das joias sauditas resultou em 86 mil dólares, ou R$ 489 mil, que foram repassados para Bolsonaro entre 2022 e 2023. 

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