A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, voltou a ser alvo de ataques por parte dos parlamentares na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (2). A ministra disse que se sentiu “terrivelmente agredida” e que pediu “muita calma” em oração a Deus antes de comparecer à comissão.
O deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES), um dos mais truculentos da oposição bolsonarista, voltou a dizer que Marina é “adestrada” e que usa a a mesma estratégica de retórica das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e dos grupos terroristas palestino Hamas e libanês Hezbollah.
“Usei a expressão adestramento numa sessão passada, e não foi uma ofensa pessoal, porque repetições que busca resultado é adestramento”, disse Evair. “Esse modus operandi da ministra não é algo isolado. A estratégia dela é a mesma que as Farcs colombianas usam, que o Hamas, Hezbollah usam.”
Marina disse que o que acontecia naquela sessão era algo “num nível piorado” em comparação ao que aconteceu no Senado. “Depois do que aconteceu ali (no Senado), as pessoas iam achar muito normal fazer o que está acontecendo aqui num nível piorado”, afirmou Marina. “Fui terrivelmente agredida.”
Já o presidente da comissão de Agricultura, Rodolfo Nogueira (PL-MS), pontuou que Marina se apresenta como um símbolo de defesa ambiental, mas é protagonista de um dos capítulos mais desastrosos da política ambiental.
“A senhora, que fez a sua carreira, se apresentando como símbolo da defesa ambiental, protagoniza hoje um dos capítulos mais contraditórios e desastrosos da política ambiental brasileira. Sob sua gestão, o desmatamento na Amazônia aumentou 482%”, afirmou.
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Chegamos ao menor número de alerta de desmatamento do mês de junho. O desmatamento caiu 32% no país inteiro. Nós trazemos os dados, não para camuflar, mas para colocar a verdade”, isse Marina Silva, citando versículo repetidamente utilizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao defender os dados divulgados pelo INPE de queda e estabilidade do desmatamento no atual governo.
Na mesma linha, falou o deputado Zé Trovão (PL-SC), outro bolsonarista folclórico: “Você foi jogada na cova dos leões pelo governo”, afirmou. “O presidente Lula não tem apreço pela senhora”, completou.
A ministra disse que “é melhor receber injustiças do que praticar injustiças”. Após ser desrespeitada, afirmou que rezou antes de ir à Câmara.
“Eu fiz uma longa oração. E eu pedi a Deus que me desse muita calma e muita paciência, porque eu sabia que depois do que aconteceu, [há] aqueles que gostam de abrir a porteira para o negacionismo, para a destruição do meio ambiente, para o machismo, para o racismo”, disse a ministra. Em seguida, afirmou que “está em paz”.
No fim de maio, Marina Silva deixou a Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado depois de ouvir que não merecia respeito como ministra. A chefe da pasta do Meio Ambiente retornou ao Congresso após ter sido convocada e foi alvo de novas falas hostis.