Milhares de trabalhadores ocupam neste momento os dois sentidos da Avenida Paulista, no centro de São Paulo, em ato convocado por centrais sindicais, movimentos populares e pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. Acompanhe a manifestação na Paulista com a TVT News.
Destaques do ato dos trabalhadores
- Deputada Erika Hilton (PSOL-SP) definiu a taxa de Trump como “absurda” e “chantagem”
- Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT diz que o tarifaço “vai prejudicar todo o povo brasileiro”
- Deputada estadual Ediane Maria (Psol-SP) disse que o Congresso está preocupado unicamente em “favorecer aqueles que já são favorecidos nesse país
- Manifestação dos trabalhadores reúne “verdadeiros patriotas”, diz Boulos
Trabalhadores tomam a Av. Paulista pela soberania do Brasil
A manifestação, que teve início por volta das 18h em frente ao MASP, nesta quinta-feira (10), reúne diversas categorias e movimentos organizados em resposta ao avanço de pautas conservadoras no Congresso Nacional e à recente ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil. De acordo com os organizadores, cerca de 60 mil pessoas participam do ato.
A mobilização, que já vinha sendo articulada como um protesto contra a atuação do Centrão e seus aliados – apontados como “inimigos do povo” – na tentativa de barrar projetos do governo federal voltados à distribuição de renda, ganhou novos contornos com o anúncio do tarifaço de Trump, que estabeleceu tarifas de 50% sobre produtos brasileiros com a justificativa de que Jair Bolsonaro estaria sendo perseguido politicamente pela Justiça brasileira.
- Vídeo: Boulos no ato da Av. Paulista diz que postura de Tarcísio é vergonhosa
A decisão, que escancarou uma articulação internacional em defesa do ex-presidente, foi incorporada pelos organizadores como mais uma bandeira de resistência do povo brasileiro diante da ofensiva da extrema direita global.
A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, comenta o tarifaço de Trump contra o Brasil: “Vai prejudicar todo o povo brasileiro, nós temos que reagir, somos um país soberano”. Ela defende que o governo Lula reaja com reciprocidade. “O ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, Eduardo, estão depondo contra o povo brasileiro e atacando a economia e nossos interesses”, defende.
Entre as principais reivindicações da mobilização estão a taxação dos super-ricos, medida apoiada por movimentos sociais e sindicatos como parte de uma reforma tributária justa, e o fim da escala de trabalho 6×1, que precariza ainda mais a vida de trabalhadores em setores como comércio e serviços.
A deputada Erika Hilton (PSOL-SP), autora da PEC que quer colocar fim à escala 6×1, diz que a pauta do trabalho digno está se fortalecendo desde o ano passado. A PEC pretende reduzir a jornada máxima de trabalho para 36 horas semanais, em 4 dias por semana. Também seria possível trabalhar 5 dias com pouco mais de 7 horas diárias.
De acordo com uma pesquisa Quaest divulgada em julho, 88% dos deputados federais de direita são contra o fim da escala 6×1 – opinião que se repete entre 70% dos parlamentares do Centrão.
A deputada também afirmou que não há motivações econômicas na medida imposta pelo presidente dos EUA, que deseja somente inocentar o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe. Erika criticou a reação da extrema-direita e do Centrão à taxa de Trump ao Brasil: “o Congresso precisa parar de permitir que o Brasil e seus parlamentares se comportem como vira-latas de Donald Trump”, e classificou a nota divulgada pela Casa como “vergonhosa”.
O vereador Nabil Bonduki (PT) defendeu a taxação dos super-ricos. Para ele, é preciso conquistar uma tributação mais justa no Brasil com isenção de quem tem renda abaixo de R$ 5 mil, um dos projetos do governo Lula que enfrenta resistência do Congresso. Nabil também criticou a taxação dos Estados Unidos ao Brasil: “não podemos nos submeter a essa pressão absurda que está sendo feita pelo [Donald] Trump, pressionando a Justiça brasileira a absolver [Jair] Bolsonaro”.

As entidades também denunciam a recente derrubada, no Congresso, do decreto presidencial que aumentava a alíquota do IOF para investimentos no exterior realizados por pessoas com patrimônio elevado — o que, para os organizadores, evidencia a opção dos parlamentares pelo privilégio dos mais ricos em detrimento das necessidades do povo.
O protesto na Paulista representa uma resposta coletiva à paralisia do Congresso em relação às pautas populares e à tentativa de setores da política tradicional e da elite econômica de impedir o avanço de conquistas sociais. Com palavras de ordem, faixas e bandeiras, os manifestantes expressam sua indignação não apenas contra a postura do legislativo, mas também contra a interferência estrangeira nos rumos da política nacional. A mobilização deve seguir ao longo da noite, com atos simbólicos e manifestações culturais em defesa da democracia, da soberania e dos direitos dos trabalhadores.