Túnel Santos-Guarujá: a obra que esperou um século começa hoje

Santos e Guarujá finalmente serão ligadas por túnel submerso; empresa portuguesa fará a construção
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Túnel Santos-Guarujá trará benefícios logístico e qualidade de vida aos moradores da Baixada Santista - Foto: Henrique Filho/MPor

Depois de cem anos de espera, o túnel Santos-Guarujá promete encurtar distâncias, mudar rotinas e marcar para sempre a história de quem vive na região. Leia em TVT News.

Portuguesa Mota-Engil vence o leilão para construir o túnel Santos-Guarujá

Construtora portuguesa Mota-Engil arremata concessão do túnel Santos-Guarujá com deságio de 0,5%.

A empresa portuguesa, que tem participação acionária da gigante chinesa CCCC, supera espanhola Acciona em disputa.

A Mota-Engil Latam Portugal venceu a concessão do leilão do túnel imerso Santos-Guarujá, com proposta de desconto de 0,50%.

A obra que esperou um século: Santos e Guarujá finalmente serão ligadas por túnel submerso

Desde os anos 1920, quando Santos já despontava como o maior porto da América Latina, a população da Baixada Santista convive com uma espera que atravessou gerações, a promessa de uma ligação definitiva com o Guarujá.

O porto se consolidava como motor do desenvolvimento nacional, a movimentação de cargas crescia ano a ano e a travessia por balsas, ainda que vital, começava a se mostrar insuficiente. Foi nesse contexto que nasceu a ideia de uma travessia seca entre as duas margens, um sonho que atravessaria o século XX sem se concretizar.

A espera de cem anos pela travessia seca entre Santos e Guarujá
 

Nos anos 1940, a proposta voltou à tona com força. Em 1948, engenheiros e autoridades discutiram a possibilidade de uma ponte levadiça, que permitiria o trânsito de veículos e pedestres sem interromper a navegação. A polêmica foi intensa. Para uns, a ponte seria solução moderna, para outros, poderia comprometer o futuro do porto e restringir a entrada de navios cada vez maiores. Já se falava, então, que um túnel seria mais adequado, mas os custos e a complexidade técnica estavam além das possibilidades da época.
 

As décadas seguintes foram marcadas por idas e vindas. Nos anos 1960, novos estudos foram encomendados, refletindo o desejo de modernização. Nos anos 1980, governos estaduais e federais voltaram a anunciar planos, mas o contexto de crises econômicas e a falta de recursos públicos frustraram mais uma vez a população. A cada promessa, renascia a expectativa; a cada adiamento, crescia a sensação de frustração.
 

No início do século XXI, parecia que o projeto, finalmente, poderia avançar. Em 2010, um novo anúncio foi feito, reacendendo o entusiasmo de que a ligação deixaria de ser promessa. Mas, novamente, os obstáculos ambientais e financeiros travaram o processo. O túnel se transformou em símbolo de um sonho adiado, e, ao mesmo tempo, de uma necessidade cada vez mais urgente para o cotidiano da Baixada Santista.

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Túnel trará fim à espera nas filas das balsas. Foto: Ricardo Botelho


 

“É uma honra participar desse momento de uma construção que já completa 100 anos. Trata-se de uma obra que ficará para a história e que vai impactar a vida de cerca de 80 mil pessoas que cruzam diariamente esse canal. Um projeto que muitos dos nossos antepassados gostariam de ter visto realizado e que agora se torna realidade”

Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos

Para além da infraestrutura, a espera moldou a memória da região. Pais e avós transmitiram aos filhos a expectativa de ver a ligação construída. Trabalhadores que cruzavam diariamente o estuário acumulavam atrasos e histórias de travessias difíceis, especialmente em dias de chuva e mar agitado. O impacto econômico também se fazia sentir. A falta de uma passagem direta limitava a integração plena das cidades e colocava entraves logísticos para o escoamento de cargas de um dos maiores complexos portuários do mundo.

Acompanhe a história do túnel Santos-Guarujá


 

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Desde os anos 1920, quando Santos já despontava como o maior porto da América Latina, a população da Baixada Santista convive com uma espera que atravessou gerações, a promessa de uma ligação definitiva com o Guarujá. Imagem: Secom/PR

Novo PAC possibilitou o túnel Santos-Guarujá

O ponto de virada ocorreu em 2024, quando o Governo Federal incluiu a obra entre as prioridades do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Pela primeira vez, havia clareza de orçamento, cronograma e modelo de execução. Em agosto de 2025, foi lançado o edital para a construção do primeiro túnel submerso da América Latina, com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões.
 

Em visita simbólica a Santos, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, percorreu o trajeto da futura ligação e resumiu o sentimento coletivo. “É uma honra participar desse momento de uma construção que já completa 100 anos. Trata-se de uma obra que ficará para a história e que vai impactar a vida de cerca de 80 mil pessoas que cruzam diariamente esse canal. Um projeto que muitos dos nossos antepassados gostariam de ter visto realizado e que agora se torna realidade.”
 

Túnel Santos-Guarujá é obra complexa de engenharia

A grandiosidade do túnel se mede não apenas pelos bilhões em investimentos, mas pela transformação que deve gerar. Com a travessia submersa, a região terá mais integração urbana e logística, encurtando distâncias e favorecendo a mobilidade de trabalhadores, estudantes e famílias. A obra também deve impulsionar o Porto de Santos, fortalecendo sua competitividade internacional e abrindo novas possibilidades para o escoamento de cargas.
 

O projeto do Túnel Santos-Guarujá prevê 1,5 km de extensão, sendo 870 metros imersos sob o estuário

O impacto ambiental foi considerado no desenho do projeto, com soluções que buscam reduzir emissões e ampliar a sustentabilidade da operação. A obra também dialoga com o futuro do transporte na região, ao incluir espaço para ciclistas e pedestres e prever integração com o VLT, estimulando uma mobilidade mais limpa.
 

O projeto prevê 1,5 km de extensão, sendo 870 metros imersos sob o estuário. O túnel contará com duas faixas por sentido para veículos, corredor exclusivo para o VLT e acessos para pedestres e ciclistas. Mais que uma solução de mobilidade, trata-se de um marco de engenharia inédito no continente, que promete mudar para sempre a rotina de quem vive na Baixada Santista. Estima-se que cerca de 80 mil pessoas utilizem diariamente a ligação, hoje limitada às balsas e catraias.
 

Túnel vai inaugurar nova era para os moradores da Baixada Santista

Para os moradores, o impacto vai além da mobilidade. A estudante Maria Eduarda vê no túnel uma conquista cotidiana. “A gente sabe que existem trabalhadores, tanto de Santos quanto do Guarujá, que trabalham nas cidades. E é importante que a gente consiga otimizar esse tempo pra eles, porque é um jeito de dar mais conforto, tanto pra ir quanto pra voltar do serviço.”
 

A autônoma Meire Rodrigues reforça a dimensão da segurança. “Acredito que vai facilitar muito a locomoção de todos, vai diminuir a questão do tempo. Hoje atrasa bastante, tanto de carro quanto de bicicleta. Eu, por exemplo, morro de medo da travessia na barca. E no dia de chuva é pior ainda, o mar fica mais agitado e é bem complicado. Acho que o túnel vai facilitar muito o transporte de muita gente. No meu caso, também uso o carro, e essa solução ajudaria bastante.”
 

Depois de cem anos de tentativas, a ligação entre Santos e Guarujá deixa de ser apenas promessa para se transformar em realidade. Uma obra que une memória, inovação e desenvolvimento, pronta para encurtar distâncias e inaugurar uma nova era de mobilidade na Baixada Santista.

Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da RepúblicaSecom

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