Glauber: anistia e entrega das terras raras revelam submissão do bolsonarismo aos EUA

Deputado falou com a TVT News direto do plenário; terras raras estão na pauta do dia
Luta contra anistia é "central", disse deputado. Foto: Reprodução

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou nesta quinta-feira (18), em entrevista ao Jornal TVT News Primeira Edição, que a aprovação da urgência do projeto de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro e a articulação em torno da PEC da Blindagem representam uma grave derrota para a democracia brasileira. Segundo ele, o movimento que uniu Centrão e extrema direita mostra que o objetivo central é salvar Jair Bolsonaro e atender interesses externos ligados aos Estados Unidos. Leia em TVT News.

Braga falou ao vivo direto do plenário da Câmara, onde acompanhava outra votação considerada igualmente grave: a urgência de um projeto que abre caminho para a entrega das chamadas “terras raras” a grandes corporações privadas. Para o parlamentar, há uma conexão direta entre o incentivo de Washington aos golpistas brasileiros e os interesses estratégicos dos EUA em explorar esses minerais fundamentais para a indústria tecnológica. “Representantes de empresas já disseram que o Brasil é o paraíso das terras raras. O governo de Donald Trump tem aliados ideológicos, mas seus interesses são pragmáticos. Eles sabem que um governo Bolsonaro entregaria de bandeja esses recursos”, denunciou.

O deputado afirmou que a semana no Congresso foi marcada por derrotas duras, mas também por um movimento crescente de mobilização social contra as medidas. Ele destacou que a mesma articulação que aprovou a PEC da Blindagem foi responsável por levar à votação da anistia. “Isso faz com que a gente consiga amplificar nossa mobilização. Há protestos convocados em todo o país para este domingo, com atos confirmados no Rio e em São Paulo, no Masp, às 14 horas. Esse será um momento fundamental para pressionar Senado e Supremo Tribunal Federal”, disse.

Sobre a tramitação da anistia, Braga relatou que circula na Câmara a informação de que o relator deve ser o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), com votação já na semana seguinte. A versão em debate incluiria a redução de penas e até a possibilidade de prisão domiciliar para Bolsonaro, mantendo a inelegibilidade. “É o que se comenta nos corredores, mas sabemos que, em 24 horas, tudo pode mudar. Por isso, nossa preparação precisa ser firme. A luta contra essa matéria é central”, afirmou.

O parlamentar alertou para as contradições da oposição bolsonarista, citando o deputado Alberto Fraga (PL-DF). Segundo Braga, o aliado da extrema direita chegou a elogiar decisão do ministro Luís Fux, que reconheceu a existência de plano para assassinar Lula, Alckmin e ministros do Supremo, mas, ao mesmo tempo, defende anistia irrestrita até para quem planejou esses crimes. “Eles querem anistia de todo mundo. E, se não conseguirem tudo que querem, vão tentar avançar até o último minuto com acordos e pressões”, disse.

Na avaliação de Braga, a mobilização popular pode alterar o roteiro já traçado por Lira e pelo Centrão. Ele lembrou que o ex-presidente da Câmara foi o principal articulador da PEC da Blindagem, em acordo com os golpistas que ocuparam a mesa da Casa. “A repercussão social contra essa PEC foi muito maior do que eles calcularam. Esse é um elemento que pode modificar todo o cenário, inclusive a própria anistia. O resultado vai depender da nossa capacidade de mobilização”, reforçou.

Braga também criticou a estratégia de “pacificação” sugerida pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), que articula um projeto alternativo para reduzir penas de condenados, mas sem mexer nos líderes do golpe. Para ele, essa seria apenas uma forma de legitimar retrocessos. “Eles vão tentar ampliar o escopo, mas nossa agenda máxima tem que ser a não aprovação da anistia. Esse é o ponto central”, defendeu.

O deputado concluiu destacando que pesquisas de opinião já apontam maioria contrária à anistia, sinal de que a sociedade brasileira não aceita absolver golpistas. “As pesquisas mostram que aqueles que normalmente formam convicção mais tardiamente estão se posicionando pela responsabilização. Isso é importante, porque mostra que a opinião pública está do nosso lado. Cabe a nós transformar essa rejeição em pressão para barrar o retrocesso”, finalizou.

Assuntos Relacionados