Lula envia projetos para criar universidades federais Indígena e do Esporte

Lula oficializou projeto para a criação de duas universidades. A Universidade Federal Indígena e a Universidade Federal do Esporte
As novas universidades, segundo o governo, representam um marco na ampliação do acesso à educação pública e gratuita, com foco em inclusão. Foto: Ricardo Stuckert/PR
As novas universidades, segundo o governo, representam um marco na ampliação do acesso à educação pública e gratuita, com foco em inclusão. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou nesta quinta-feira (27) o envio ao Congresso Nacional de dois projetos de lei que criam novas instituições públicas de ensino superior: a Universidade Federal Indígena (Unind) e a Universidade Federal do Esporte (UFEsporte). A cerimônia ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília, e contou com a presença dos ministros Camilo Santana (Educação), André Fufuca (Esporte) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas). Entenda na TVT News.

As novas universidades, segundo o governo, representam um marco na ampliação do acesso à educação pública e gratuita, com foco em inclusão, reparação histórica e formação profissional. Grupos técnicos interministeriais serão responsáveis pelo desenho institucional das unidades ao longo de 2026, e a previsão é que ambas comecem a funcionar já em 2027.

Universidade Federal Indígena

Durante a cerimônia, Lula destacou que a criação da Unind atende a uma reivindicação histórica dos povos originários e representa, segundo ele, um gesto de “devolução de cidadania e respeito”.

O presidente afirmou que, ao longo da história, o Estado brasileiro falhou com os povos indígenas, que foram alvo de violência, exploração e apagamento cultural. “Quase dizimaram os povos indígenas no nosso país. Hoje estamos recuperando a decência, a dignidade dos povos indígenas que nunca deveriam ter sido tratados da forma que foram tratados no Brasil”, disse.

Lula também ressaltou que a demarcação de terras, embora essencial, não é suficiente para garantir condições dignas de vida. “Cabe ao Estado garantir financeiramente que vocês tenham condições de viver com decência, sem precisar viver de favor”, afirmou, criticando indicadores como a mortalidade infantil e a longevidade mais baixa entre populações indígenas.

A universidade, segundo ele, será um espaço para fortalecer identidades, culturas, saberes e protagonismo. “Essa universidade é para isso, para devolver para vocês a cidadania e o respeito que um dia tentaram tirar.”

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, classificou o envio do projeto como um momento “histórico e estruturante”, com potencial para ampliar a formação acadêmica indígena e fortalecer políticas de valorização cultural.

Universidade Federal do Esporte

Ao anunciar a criação da UFEsporte, Lula afirmou que o Brasil não pode depender de “milagres individuais” para formar atletas de alto rendimento. Ele defendeu que o Estado assuma a responsabilidade de garantir condições de desenvolvimento esportivo desde a base.

“Tem atleta que não tem um tênis para correr, não tem as calorias necessárias para se alimentar. Essas pessoas terão muito menos chance de ser um atleta de alto rendimento. E de quem é o papel? É do Estado”, declarou.

O presidente citou nomes como Adhemar Ferreira da Silva, João do Pulo e Gustavo Kuerten para ilustrar como o talento brasileiro, muitas vezes, supera a falta de investimentos. “A iniciativa privada só entra no jogo quando o atleta já é famoso. Ela não quer pagar, quer ganhar”, criticou.

Segundo o governo, a universidade terá foco em ciência do esporte, formação multidisciplinar e políticas públicas, abrangendo diversas modalidades e promovendo inclusão. Lula fez menção especial ao esporte paralímpico, defendendo que o país invista em centros de excelência e em acessibilidade.

“Não é só medalha de ouro, prata ou bronze. É medalha de dignidade, de respeito, de orgulho pessoal”, afirmou.

Universidades: educação como política de cuidado

Ao longo do discurso, Lula retomou sua visão de que o papel do Estado é “cuidar” do povo, especialmente daqueles com menos oportunidades. “Eu não gosto muito da palavra governar. Eu gosto da palavra cuidar”, disse o presidente, enfatizando que políticas públicas precisam tratar desigualmente quem mais precisa.

Lula lembrou ainda de sua trajetória pessoal para defender a ampliação do acesso ao ensino superior. “Eu sou o único presidente da República que não tem curso universitário. Tenho obsessão de tentar garantir para outros aquilo que eu não tive”, afirmou. “Nunca a filha de uma empregada doméstica teve chance de disputar a mesma vaga que a filha da patroa. Agora, pode.”

2027: início das atividades

Os projetos seguem agora para tramitação no Congresso. A expectativa do governo é aprovar as propostas em 2025, viabilizar estruturação e contratação de equipes em 2026 e inaugurar as universidades em 2027. O presidente também afirmou que os locais de instalação já estão definidos, mas ainda dependem de ajustes e negociações internas.

Ao final da cerimônia, Lula reforçou que as novas instituições fazem parte de um compromisso mais amplo de reconstrução do país. “Nós estamos abrindo a porta dizendo: entrem, esse país é de vocês.”

As duas universidades, afirmou o presidente, pretendem unir políticas de inclusão, produção de conhecimento e desenvolvimento humano, reafirmando o papel do ensino superior público como motor de transformação social.

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