A nova edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, realizada pelo DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher Contra a Violência, revela um cenário complexo: embora alguns indicadores de violência doméstica apresentem redução, a percepção das brasileiras sobre o aumento da violência e do machismo no país voltou a crescer em 2025. Leia em TVT News.
Principais dados da violência contra a mulher no Brasil (2025)
| Dado | Percentual / Estimativa |
|---|---|
| Mulheres que já sofreram violência na vida | 27% |
| Violência nos últimos 12 meses | 4% (3,7 milhões) |
| Percepção de que a violência aumentou | 79% |
| Percepção de que o Brasil é “muito machista” | 70% |
| Presença de testemunhas nas agressões | 71% |
| Violência digital nos últimos 12 meses | 10% |
| Primeira agressão antes dos 19 anos | 38% |
Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher aponta queda nas agressões, mas percepção de insegurança cresce
Uma em cada quatro mulheres no Brasil já foi vítima de violência doméstica ou familiar. O dado faz parte da 11ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, realizada pelo Instituto DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência.
O levantamento, que entrevistou mais de 21 mil mulheres em todo o país, aponta que, embora tenha havido uma leve oscilação para baixo em comparação a 2023, o cenário ainda exige atenção máxima das políticas públicas e da sociedade.
Os números mostram que a violência não é apenas um evento isolado, mas uma realidade persistente. Enquanto 27% das entrevistadas declaram abertamente já ter sofrido agressões provocadas por homens em algum momento da vida, a pesquisa identificou um dado ainda mais alarmante quando se detalham as situações específicas: 33% das brasileiras vivenciaram algum tipo de violência — física, psicológica, moral, patrimonial ou sexual — apenas nos últimos 12 meses.

Dados alarmantes sobre a violência de gênero
A pesquisa traz, pela primeira vez, informações sobre o contexto das agressões. Um dos pontos mais tristes do levantamento é a presença de testemunhas. Estima-se que 71% dos episódios de violência ocorridos no último ano foram presenciados por terceiros. Na maioria esmagadora desses casos, as testemunhas eram crianças, muitas vezes filhos da própria vítima.
Principais dados da pesquisa sobre violência doméstica
| Indicador da Pesquisa (2025) | Porcentagem / Estimativa |
|---|---|
| Mulheres que já sofreram violência doméstica na vida | 27% |
| Mulheres que vivenciaram alguma situação de violência nos últimos 12 meses | 33% |
| Consideram o Brasil um país muito machista | 70% |
| Casos de violência presenciados por terceiros | 71% |
| Mulheres que sofreram a primeira agressão antes dos 19 anos | 38% |
| Sofreram violência digital nos últimos 12 meses | 10% |
O início precoce e o silêncio
O levantamento do DataSenado confirma que a violência contra a mulher no Brasil começa cedo. Cerca de 38% das vítimas relatam que a primeira agressão ocorreu quando tinham até 19 anos de idade. Esse dado reforça a necessidade de ações educativas e preventivas voltadas para a juventude, visando romper o ciclo de abusos antes que ele se consolide.
Violência vivida cai, mas percepção de piora cresce
A pesquisa mostra que 27% das mulheres brasileiras já sofreram violência doméstica em algum momento da vida, percentual que havia subido para 30% em 2023, mas retornou ao patamar de 2021.
Entre os episódios ocorridos nos últimos 12 meses, houve queda:
- 4% das mulheres relataram violência recente, frente a 7% em 2023 — o que representa 3,7 milhões de vítimas, 2,2 milhões a menos que no levantamento anterior.
Apesar disso, a percepção geral aponta em sentido inverso:
- 70% das brasileiras consideram o Brasil “muito machista”;
- 79% acreditam que a violência doméstica aumentou no último ano.
Os dados reforçam a discrepância entre a vivência das agressões e a forma como o problema é sentido pela população, sugerindo que a violência continua sendo reconhecida como questão estrutural e persistente.

Ambiente familiar aparece como local mais citado de desrespeito
Pela primeira vez desde 2011, houve aumento expressivo da percepção de desrespeito dentro de casa. O ambiente familiar passou de 14,9 milhões para 18,3 milhões de mulheres que o consideram o local onde mais ocorre desrespeito, enquanto a rua segue como o espaço mais apontado.
Agressões recaem sobre jovens e são recorrentes
A violência atinge majoritariamente mulheres jovens:
- 38% disseram ter sido agredidas pela primeira vez antes dos 19 anos;
- 29%, entre 20 e 29 anos.
Entre as vítimas de violência recente, 58% afirmam que as agressões acontecem há mais de um ano, indicando forte recorrência.
A pesquisa também revela um dado alarmante:
- 71% das agressões ocorreram com testemunhas presentes, muitas delas crianças.

Rede de apoio e busca por ajuda
Após a violência, 57% procuraram a família e 53%, a igreja. As Delegacias da Mulher foram acionadas por 28% das vítimas, enquanto 11% recorreram ao Ligue 180.
Quase metade das medidas protetivas solicitadas foi descumprida, apontando desafios no cumprimento de mecanismos legais.
Violência digital atinge 10% das mulheres
A edição de 2025 amplia a investigação sobre agressões digitais. O estudo estima que 8,8 milhões de brasileiras, o equivalente a 10% da população feminina adulta, sofreram algum tipo de violência digital no último ano — como mensagens ofensivas, difamação em redes sociais ou invasão de contas.

