Em entrevista ao TVT News Primeira Edição, Marcelo Freixo, ex-deputado federal e atual presidente da Embratur, classificou como “um dia muito triste para a história da democracia brasileira” a aprovação do projeto de lei conhecido como PL da dosimetria, que beneficia golpistas como Bolsonaro. O projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados com 291 votos favoráveis, 148 contrários e 74 abstenções.
Freixo ressaltou que a votação representa um retrocesso frente ao fortalecimento das instituições democráticas, conquistado após décadas de luta. “A dosimetria votada ontem é um tapa na cara desse fortalecimento da democracia”, afirmou, destacando que se trata de um crime grave, planejado para desestabilizar a República, envolvendo até mesmo planos de assassinato do presidente, vice-presidente e ministros da Suprema Corte.
O ex-parlamentar criticou o contraste entre a severidade com que o sistema de justiça trata pequenos crimes e a indulgência aplicada a figuras envolvidas em tentativas de golpe. “É enorme a quantidade de pessoas acusadas de furto que estão presas há mais de dois anos sem julgamento. E alguém que tentou um golpe, que comandou crimes gravíssimos, pode ficar pouco tempo detido. Para a realidade do país, isso é uma agressão”, afirmou.
Freixo ainda criticou a narrativa punitivista da extrema-direita, voltada principalmente para o controle da população pobre, e denunciou a armadilha de associar defesa de direitos humanos à proteção de criminosos, algo que, segundo ele, é usado como estratégia política.
Ao tratar das respostas possíveis à aprovação do PL, o presidente da Embratur admitiu dificuldades de impedir que o Senado siga o mesmo caminho da Câmara. “Vejo muita dificuldade. Acho que o Senado vai aprovar a dosimetria. Temos poucas ferramentas hoje, mas é essencial melhorar o diálogo entre os poderes”, disse, reforçando a importância de uma atuação estratégica e pedagógica junto à sociedade.
Apesar da gravidade do cenário político, Freixo destacou avanços positivos do governo, em especial no setor de turismo. Sob sua gestão, a Embratur registrou recorde histórico na entrada de turistas internacionais em 2025, com expectativa de alcançar 9 milhões de visitantes até dezembro, frente ao recorde anterior de 6,5 milhões. “O turismo gera emprego, renda e desenvolvimento sustentável. É uma política estratégica que precisa ser valorizada”, afirmou.
O ex-deputado reforçou que a consolidação de uma imagem positiva do país no exterior também contribui para fortalecer a democracia e a economia, mostrando que é possível avançar mesmo diante de crises institucionais internas.
