Congresso inimigo do povo: organizadora destaca indignação popular contra impunidade

Luana Bife (CUT-SP) fala sobre a construção dos atos, denuncia retrocessos do Congresso e convoca a populacao; TVT exibe programa especial neste domingo, às 18h
"Congresso está de costas para quem o elegeu”, afirma organizadora. Foto: Reprodução

A mobilização nacional marcada para este domingo, 14 de dezembro, promete ocupar as principais capitais do país em resposta à aprovação, pela Câmara dos Deputados, do PL da Dosimetria que abre brechas para reduzir penas de condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. Em São Paulo, o ato organizado por centrais sindicais, movimentos sociais e frentes populares levará à Avenida Paulista o mote “Congresso inimigo do povo”, expressão que sintetiza o clima de indignação crescente nas ruas e nas redes. Leia em TVT News.

A dirigente da CUT–São Paulo, Luana Bife, que integra a organização da mobilização, afirma que o momento exige firmeza, articulação e ampla participação popular. Em entrevista ao Jornal TVT News Primeira Edição, Luana classificou a aprovação do projeto como um “show de horrores” conduzido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta.

Para ela, o texto aprovado representa “uma forma de anistia” aos responsáveis pela tentativa de golpe e pelos ataques ao Estado Democrático de Direito. A dirigente é categórica ao afirmar que o PL é, em essência, “o PL da impunidade e da injustiça”, por abrir brechas capazes de beneficiar indivíduos já condenados por participação nos atos antidemocráticos.

Segundo Luana, enquanto a população espera soluções para problemas concretos, o Congresso se dedica a iniciativas que caminham na direção oposta às necessidades do país. Ela cita as principais pautas que, em sua visão, deveriam estar no centro da agenda legislativa: o fim da escala 6×1, a taxação dos super-ricos e a ampliação de políticas públicas essenciais ao povo trabalhador. “Esse Congresso deveria estar discutindo o que é inerente ao povo brasileiro, mas está de costas para quem o elegeu”, afirmou.

A dirigente também lembrou episódios que marcaram a sessão de votação e simbolizam, para ela, o retrocesso democrático representado pela aprovação da proposta. Entre eles, a retirada forçada do deputado Glauber Braga do plenário, o corte da transmissão oficial e a violência dirigida a jornalistas e trabalhadores da imprensa que tentavam registrar o que ocorria. “Isso remete a tempos sombrios da nossa história, como o período da ditadura de 64”, disse. Para Luana, esse tipo de conduta reforça a urgência de mobilização popular diante da ameaça de um novo ciclo de impunidade para golpistas.

A expectativa para o domingo, segundo a dirigente, é de um ato tão grande quanto, ou maior, que o do último 21 de setembro, que levou milhares às ruas contra a chamada PEC da Impunidade. Ela relata que o clima nas redes sociais é de intensa movimentação, com coletivos, artistas e organizações multiplicando convocações. Na preparação, CUT, frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, além de diversos movimentos sociais, realizaram reuniões de alinhamento e ampliaram o esforço de convocação. “Há uma indignação enorme que será colocada para fora no domingo”, afirmou.

Questionada sobre críticas logísticas à manifestação anterior, especialmente relacionadas ao som do carro utilizado na Paulista, Luana disse que a organização vem trabalhando para melhorar a estrutura e garantir um ato mais robusto. Além disso, ela reforçou que a prioridade é concentrar forças na mobilização e nas pautas centrais que definem o sentido político do protesto.

A dirigente também comentou a presença de artistas e personalidades públicas no processo de convocação e destacou que Caetano Veloso, que já havia manifestado apoio aos atos de setembro, voltou a chamar a população às ruas. A expectativa, segundo ela, é de novas presenças confirmadas até o domingo.

O ato está marcado para as 14h na Avenida Paulista, com concentração no vão livre do MASP. As manifestações ocorrerão simultaneamente em diversas capitais e cidades do país, todas unificadas pelo mote “Congresso inimigo do povo – sem anistia para golpistas”.

A TVT acompanhará as manifestações em tempo real por meio das redes sociais e, às 18h, exibirá um programa especial com balanço nacional dos atos em São Paulo, Rio de Janeiro e demais capitais. O especial reunirá análises, imagens e informações atualizadas sobre a jornada de mobilização, reforçando o compromisso da emissora com a cobertura democrática e crítica do cenário político do país.

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