Bolsonaristas reúnem 41 senadores por impeachment de Moraes

Em tentativa desesperada de livrar Bolsonaro da cadeia, bolsonaristas tentam impeachment de Alexandre de Moraes. Entenda na TVT News
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A articulação, capitaneada pela ala bolsonarista do Congresso, ganhou tração após a decisão de Moraes de decretar a prisão domiciliar do ex-presidente Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Bolsonaristas no Senado Federal prometem protocolar nesta quinta-feira (7) um pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, após reunir as 41 assinaturas necessárias para dar entrada ao processo. A informação está sendo divulgada por parlamentares da oposição. Entenda na TVT News.

Impeachment de Moraes teria assinaturas necessárias no Senado, dizem bolsonaristas

A articulação, capitaneada pela ala bolsonarista do Congresso, ganhou tração após a decisão de Moraes de decretar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no curso das investigações sobre tentativa de golpe de Estado. Em atos desesperados, a base da extrema direita tenta sequestrar instituições para impedir que a Justiça chegue ao ex-presidente inelegível e réu por uma série de crimes.

A confirmação da última assinatura veio do senador Laércio Oliveira (PP-SE), que aderiu ao movimento pela manhã. Com isso, o documento foi encaminhado formalmente ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Cabe agora, exclusivamente, a ele decidir se o processo terá ou não seguimento no Legislativo.

O pedido representa ofensiva política de parlamentares bolsonaristas. Eles já vinham adotando estratégias de obstrução legislativa e ocupação da Mesa Diretora do Senado, em protesto contra a falta de andamento na pauta de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Com a entrega do pedido, anunciaram o fim da obstrução como gesto político para aumentar a pressão sobre Alcolumbre.

Apesar da reunião das assinaturas, Alcolumbre disse ontem que não deve pautar o impeachment de Moraes, o que travaria a investida dos bolsonaristas. O julgamento só pode ser aberto com o apoio de dois terços dos senadores, ou seja, 54 votos.

Os 41 bolsonaristas

A mobilização foi encabeçada pelo líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), que divulgou uma imagem com os nomes e rostos dos senadores bolsonaristas favoráveis ao impeachment de Moraes. A lista inclui nomes de peso do bolsonarismo e parlamentares de partidos de centro e direita, incluindo algumas “surpresas” como a presença de Alessandro Vieira (MDB-SE), que não adotava postura radical há pouco tempo. Confira:

  • Alan Rick (União Brasil-AC)
  • Alessandro Vieira (MDB-SE)
  • Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
  • Carlos Portinho (PL-RJ)
  • Carlos Viana (Podemos-MG)
  • Cleitinho (Republicanos-MG)
  • Damares Alves (Republicanos-DF)
  • Dr. Hiran (Progressistas-RR)
  • Eduardo Girão (Novo-CE)
  • Eduardo Gomes (PL-TO)
  • Efraim Filho (União Brasil-PB)
  • Esperidião Amin (Progressistas-SC)
  • Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
  • Hamilton Mourão (Republicanos-RS)
  • Ivete da Silveira (MDB-SC)
  • Izalci Lucas (PL-DF)
  • Jaime Bagattoli (PL-RO)
  • Jayme Campos (União Brasil-MT)
  • Jorge Kajuru (PSB-GO)
  • Jorge Seif (PL-SC)
  • Luis Carlos Heinze (Progressistas-RS)
  • Lucas Barreto (PSD-AP)
  • Magno Malta (PL-ES)
  • Márcio Bittar (União Brasil-AC)
  • Marcos do Val (Podemos-ES)
  • Marcos Rogério (PL-RO)
  • Mecias de Jesus (Republicanos-RR)
  • Margareth Buzetti (PSD-MT)
  • Nelsinho Trad (PSD-MS)
  • Oriovisto Guimarães (Podemos-PR)
  • Pedro Chaves (MDB-GO)
  • Plínio Valério (PSDB-AM)
  • Professora Dorinha Seabra (União Brasil-TO)
  • Rogério Marinho (PL-RN)
  • Sergio Moro (União Brasil-PR)
  • Styvenson Valentim (Podemos-RN)
  • Tereza Cristina (Progressistas-MS)
  • Wellington Fagundes (PL-MT)
  • Wilder Morais (PL-GO)
  • Zequinha Marinho (Podemos-PA)
  • Laércio Oliveira (PP-SE)

Trâmite para impeachment no Senado

Segundo o Regimento Interno do Senado e a Constituição Federal, o processo de impeachment contra um ministro do STF exige 41 assinaturas para ser admitido e deliberado. Caso aceite, o julgamento só pode ser aberto com o apoio de dois terços dos senadores, ou seja, 54 votos.

Apesar de terem atingido o número mínimo de assinaturas, a iniciativa dos bolsonaristas ainda enfrenta um obstáculo: o presidente do Senado. Davi Alcolumbre não sinalizou qualquer intenção de dar andamento ao processo, o que, na prática, pode travar a tentativa dos parlamentares. Pelo contrário, como dito anteriormente.

Historicamente, pedidos de impeachment contra ministros do STF são arquivados sem análise de mérito, dada a tensão institucional que tais processos geram. O caso atual, porém, ocorre em um momento de agravamento da polarização política e de intensificação do confronto entre parte do Legislativo e o Judiciário.

A ofensiva contra Moraes aprofunda o embate entre bolsonaristas e o STF. O ministro é alvo frequente de críticas por suas decisões nos inquéritos que investigam ações antidemocráticas, milícias digitais e, mais recentemente, a tentativa de golpe que envolve Jair Bolsonaro e aliados. O uso do impeachment como instrumento de retaliação tem levantado alertas sobre os limites da Constituição e o risco de sua banalização em contextos de alta polarização.

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