Com tarifaço de Trump, ato na Paulista ganha nova bandeira

Protesto desta quinta (10) mantém foco em justiça tributária, fim da escala 6x1 e críticas ao Centrão, mas incorpora reação a Trump em defesa de Bolsonaro
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Manifestantes se reúnem no MASP: defesa da soberania entra na pauta, com ataques dos EUA. Foto: Reprodução TVT News

O ato convocado por movimentos populares, centrais sindicais e partidos progressistas para a noite desta quinta-feira (10), na Avenida Paulista, ganhou uma nova bandeira às vésperas de sua realização, com a decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, sob a justificativa de que Jair Bolsonaro estaria sendo perseguido pela Justiça brasileira. Tal ingerência estrangeira passou a ser denunciada pelos organizadores como mais um ataque da extrema direita internacional à soberania do Brasil e ao Estado democrático de direito. Leia em TVT News.

O ato tem cobertura ao vivo da TVT News.

A manifestação, que começa às 18h em frente ao MASP, já vinha sendo preparada com foco em pautas sociais e econômicas. Entre elas, a taxação dos super-ricos, proposta pelo governo federal e atacada pelo Congresso Nacional, e o fim da escala de trabalho 6×1. Também estão no centro da mobilização as críticas à atuação do Congresso, especialmente da base conservadora, composta pelo chamado Centrão e pela extrema-direita, na derrubada de medidas que beneficiam a classe trabalhadora e na defesa de privilégios de grandes empresários e do sistema financeiro.

Ato na Paulista também em defesa da soberania brasileira

Agora, com o anúncio das tarifas de Trump — que devem entrar em vigor em 1º de agosto — os organizadores ampliaram o escopo da manifestação para incluir a denúncia do que classificam como “chantagem econômica” de caráter político. A carta enviada por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva causou forte repercussão por vincular diretamente as tarifas a uma suposta perseguição de Bolsonaro pela Justiça brasileira. O republicano afirmou que o Brasil está “tratando injustamente” o ex-presidente, que é réu por tentativa de golpe de Estado, e sugeriu que o país estaria violando princípios democráticos ao responsabilizar penalmente o líder da extrema direita.

Para os movimentos sociais que convocam o ato, a medida anunciada por Trump é parte de uma ofensiva articulada da extrema direita internacional, que envolve não apenas ameaças econômicas, mas também apoio político a golpistas e ataques à soberania de países que buscam fortalecer políticas sociais e democráticas. “Essa mesma elite que desrespeita o trabalhador todo dia, também defende que o Brasil seja subserviente aos Estados Unidos, mas aqui não.”, afirmam os organizadores.

Entre os participantes confirmados estão a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Intersindical, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União Nacional dos Estudantes (UNE), e demais movimentos que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Lideranças parlamentares e representantes de movimentos por moradia, juventude, mulheres e cultura também devem marcar presença.

A crítica ao Centrão, apontado como “inimigo do povo”, segue como eixo central do protesto. Para os organizadores, o bloco parlamentar atua hoje como principal obstáculo para a aprovação de reformas estruturais no país. Um dos exemplos mais recentes é a derrubada, no Congresso, do decreto que elevava a alíquota do IOF para investimentos no exterior feitos pelos super-ricos. A medida, que aumentaria a arrecadação sem afetar a maioria da população, foi rejeitada com apoio massivo de parlamentares ligados ao agronegócio, ao setor financeiro e à velha política.

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Brasil soberano é a nova palavra de ordem na manifestação da Av. Paulista. Foto: Foto: Emily Gondim

Com a entrada da pauta internacional e a denúncia do tarifaço de Trump, o ato desta quinta ganha novo fôlego e reforça o caráter combativo da mobilização. Para os movimentos, trata-se de enfrentar tanto os ataques internos promovidos pelo Congresso, quanto as ameaças externas articuladas por setores reacionários internacionais. A defesa da democracia, da soberania e da justiça social unifica as bandeiras que estarão nas ruas da Paulista, num momento em que o país volta a ser alvo de pressões que extrapolam suas fronteiras.

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