Agenda do presidente Lula inclui visita de Estado em Jacarta, capital da Indonésia, e participação em cúpulas da Asean e do Leste Asiático, em Kuala Lumpur, na Malásia. O presidente Trump também estará na Asean e cresce a expectativa do encontro Lula-Trump. Leia sobre a viagem de Lula à Ásia com a TVT News.
Em viagens à Indonésia e à Malásia, Lula fortalece parcerias estratégicas e amplia presença do Brasil no Sudeste Asiático
O presidente Lula realiza, entre os dias 23 e 28 de outubro, visitas oficiais à Indonésia e à Malásia, em agendas voltadas ao fortalecimento das parcerias estratégicas com os países do Sudeste Asiático e à ampliação da presença do Brasil na região.
“A Indonésia é parceira estratégica do Brasil desde 2008 e é a terceira maior democracia do mundo, a quarta nação mais populosa e a principal economia da Asean”, explica o embaixador Everton Lucero, diretor do Departamento de Índia, Sul e Sudeste da Ásia do Ministério das Relações Exteriores.
Agenda de Lula na Indonésia
Em Jacarta, capital da Indonésia, Lula será recebido em visita de Estado nos dias 23 e 24 de outubro, em retribuição à visita do presidente indonésio, Prabowo Subianto, ao Brasil, em julho deste ano. A agenda marca um novo capítulo nas relações bilaterais, com ênfase em cooperação econômica, agrícola, energética e de desenvolvimento sustentável.
Segundo o embaixador Everton Lucero, Brasil e Indonésia figuram entre as principais lideranças do Sul Global, com sociedades plurais, grandes mercados internos e visões convergentes em fóruns multilaterais.
“A Indonésia é parceira estratégica do Brasil desde 2008 e é a terceira maior democracia do mundo, a quarta nação mais populosa e a principal economia da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático). Os contatos de alto nível entre o Brasil e a Indonésia têm se intensificado nos últimos anos”, pontuou.
Durante o encontro entre Lula e Subianto, os dois líderes devem aprofundar os entendimentos em áreas previstas no comunicado conjunto adotado durante a visita do presidente indonésio a Brasília: comércio e agricultura, segurança alimentar, bioenergia, desenvolvimento sustentável e defesa.
“O comércio tem crescido bastante, o que acaba sendo algo comum nos países da região. Nós mantemos um superávit bastante significativo com a Indonésia e com demais países do Sudeste Asiático”, destacou o embaixador.
Países que compõem a Asean, para onde Lula viaja nesta semana. Imagem: Wikimedia Commons
Agenda de Lula na Malásia
De 24 a 28 de outubro, Lula cumpre agenda oficial em Kuala Lumpur, a convite do primeiro-ministro Anwar Ibrahim, e participa da 47ª Cúpula da Asean. A visita tem como objetivo intensificar e diversificar o comércio e os investimentos bilaterais, com foco em setores estratégicos como energia, ciência, tecnologia e inovação.
O embaixador frisou que a aproximação política entre os dois países começou com uma coincidência de posições em questões globais entre o presidente Lula e o primeiro-ministro malasiano.
“Somos parceiros comerciais da Malásia de longa data, mas nunca tínhamos chegado ao ponto de elevar essa parceria para um nível mais político, mais visível. A viagem à Malásia é uma afirmação de que o Brasil está ampliando sua presença, com voz ativa e interesses concretos num país que é central na dinâmica de crescimento da região”, afirmou em conversa com jornalistas nesta segunda-feira (20).
Torres Petronas, em Kuala Lampur, símbolo da economia local. Foto: James Kerwin via Wikimedia Commons
Lucero ressaltou ainda que há três eixos principais na visita: ampliar e diversificar o comércio e os investimentos bilaterais; desenvolver cooperação em setores estratégicos para o desenvolvimento dos dois países; e aproveitar a sinergia política entre os líderes para uma maior convergência nas posições internacionais, especialmente em temas relacionados à Asean.
Lula vai se encontrar com Trump na Malásia?
O aguardado encontro entre Lula e Trump pode acontecer na Malásia, mas ainda não está confirmado. Trump e Lula estão confirmados para o encontro da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), que acontecerá em Kuala Lumpur nos dias 26 e 27.
O embaixador Everton Lucero, afirmou nesta segunda-feira que, se confirmado, o encontro entre os presidentes Lula e Donald Trump, pode ocorrer próximo domingo (no horário de Brasília), dia da abertura da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Após a solenidade, Lula terá reuniões bilaterais, entre elas com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e com outros líderes da região.
“A grade da programação do presidente Lula não está totalmente tomada”, explicou o embaixador, que enfatizou que não há, ainda, a confirmação de uma possível reunião entre Lula e Trump.
Ao mesmo tempo, como há espaço nas agendas de ambos os presidentes, o diretor do Itamaraty diss que o encontro “É bastante possível” e explicou que as reuniões bilaterais são confirmadas em cima da hora.
De acordo com Itamaraty, é bastante possível que Lula e Trump se encontrem. Foto: Mark Garten/UN
Que horas pode acontecer o encontro de Lula e Trump na Malásia?
Se confirmada, a reunião de Lula e Trump em Kuala Lumpur pode acontecer após as 23h do sábado (horário Brasília): são 11 horas de diferença de Kuala Lampur para Brasília e o horário estimado para a abertura da reunião da Asean é às 10h (horário local, 23h do dia anterior no Brasil)
As reuniões bilaterais de Lula começariam a partir da madrugada de sábado para domingo.
O encontro entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos vem sendo preparado pelas chancelarias dos dois países. Depois da ligação de Trump para Lula, houve uma reunião em Washington, na última quinta-feira, entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio.
Lula na Cúpula da Asean, primeira participação do Brasil
Será a primeira vez que um chefe de Estado brasileiro participará de uma Cúpula da ASEAN, marcada para os dias 26 e 27.
No dia 28, Lula também participará da 30ª Cúpula do Leste Asiático, onde apresentará a visão do governo brasileiro sobre resiliência econômica e cooperação entre a Asean e o BRICS.
Lula receberá o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nacional da Malásia
Durante a passagem pela Malásia, o presidente Lula receberá o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nacional da Malásia, em reconhecimento à sua trajetória política e à atuação em prol da inclusão social e da cooperação internacional.
O presidente Lula fará um discurso especial durante a cerimônia, apresentando a visão brasileira sobre as relações com o Sudeste Asiático e o papel do Brasil no fortalecimento do Sul Global.
Lula participará de fóruns econômicos e empresariais nos Tigres Asiáticos
Na Indonésia e na Malásia, o presidente Lula participará de uma série de fóruns empresariais e encontros voltados ao fortalecimento das relações econômicas entre o Brasil e os países do Sudeste Asiático. Em Jacarta, está sendo preparado um grande evento com a presença de mais de cem empresários de destaque dos dois países.
O presidente Lula participará de sessão solene, enquanto representantes dos setores produtivos terão a oportunidade de dialogar diretamente com suas contrapartes indonésias em diferentes áreas de interesse econômico e comercial.
Na Malásia, a agenda prevê dois fóruns principais. O primeiro será vinculado à cúpula da ASEAN, reunindo lideranças empresariais e governamentais dos países-membros do bloco, e o segundo será o Fórum Bilateral Brasil-Malásia, voltado à aproximação direta entre os setores privados dos dois países.
Sede da Asean na Indonésia. Imagem: Gunawan Kartapranata
Nesse último, cerca de vinte empresários brasileiros de alto perfil, com atuação em áreas estratégicas e interesse em parcerias bilaterais, participarão de reuniões com investidores e autoridades locais, consolidando novas frentes de cooperação e negócios.
Como é o comércio entre o Brasil e a Asean?
Em setembro de 2025, o comércio bilateral entre Brasil e Indonésia alcançou US$ 567,8 milhões. As exportações brasileiras somaram US$ 373,3 milhões, e as importações US$ 194,5 milhões. A Indonésia ocupa o 19º lugar entre os destinos das exportações brasileiras.
O Brasil exporta principalmente farelo de soja, óleos brutos de petróleo, açúcares e melaço, enquanto importa gorduras e óleos vegetais, calçados e peças automotivas. Há também investimentos recíprocos em setores como mineração, sucroalcooleiro, papel e celulose, tabaco e têxteis.
Na Malásia, o comércio bilateral chegou a US$ 487,2 milhões no mesmo período, com US$ 346,4 milhões em exportações brasileiras e US$ 140,9 milhões em importações. O país ocupa o 23º lugar entre os principais destinos das exportações do Brasil.
O que é a Asean?
Criada em 1967, a Asean reúne países do Sudeste Asiático com o objetivo de assegurar estabilidade política, promover o desenvolvimento regional e aprofundar a integração econômica. O bloco busca consolidar uma zona de livre comércio e construir política externa e aduaneira unificadas entre seus membros.
“Essa cúpula tem algumas particularidades. É uma oportunidade de encontro com diversos líderes mundiais, já que todos os grandes países têm algum tipo de relação com a Asean e participam das cúpulas. Desde 2023, o Brasil mantém com a Asean uma parceria de diálogo setorial”, explicou embaixador Everton Lucero, diretor do Departamento de Índia, Sul e Sudeste da Ásia do Ministério das Relações Exteriores.
Durante o encontro, deverá ser formalizado o ingresso do Timor-Leste como 11º membro da Asean, um passo apoiado pelo Brasil. “Considerando o Timor-Leste, os 11 países da Asean somam mais de 680 milhões de habitantes e um PIB agregado de cerca de 4 trilhões de dólares. Em conjunto, formariam a quarta maior economia do mundo. O comércio do Brasil com os países da Asean já superou 37 bilhões de dólares em 2024 e continua crescendo”, destacou.
O embaixador Lucero observou ainda que “a Asean é hoje o quinto principal parceiro comercial do Brasil, o quarto destino das nossas exportações e o grupo que respondeu por mais de 20% do superávit do comércio exterior brasileiro, com saldo favorável de cerca de 15,5 bilhões de dólares”.
Guilherme Boulos assumirá Secretaria-Geral da Presidência
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP), nesta segunda-feira (20), e o convidou para ocupar o cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, no lugar de Márcio Macêdo, que estava na função desde o início do governo, em janeiro de 2023.
O anúncio foi feito em comunicado oficial do Palácio do Planalto. A troca será formalizada na próxima edição do Diário Oficial da União (DOU).
A Secretaria-Geral a Presidência é o ministério responsável pelo diálogo e interlocução do governo com organizações da sociedade civil e movimentos sociais.
Na reunião em que Boulos recebeu o convite para a pasta, estavam presentes Márcio Macedo, a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, e os ministro Rui Costa, da Casa Civil, e Sidônio Palmeira, da Secretaria de Comunicação Social.
Boulos tem 43 anos e uma trajetória política voltada ao ativismo urbano, como militante do MTST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. No novo cargo terá como desafios na articulação política entre Palácio do Planalto, movimentos sociais e sociedade civil.
Boulos assume no lugar de Márcio Macedo. Foto: Ricardo Stuckert
Boulos agradece ao presidente Lula
Nas redes sociais, Boulos agradeceu ao presidente Lula a indicação para o cargo de ministro.
Agradeço ao Presidente Lula pelo convite para ser Ministro da Secretaria Geral da Presidência da República. Minha principal missão será ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil. Minha grande escola de vida e de luta foi o movimento social brasileiro e levarei esse aprendizado agora ao Planalto. Presidente, sua confiança será honrada com muito trabalho!
O novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência nasceu em São Paulo, mais precisamente na região de Pinheiros, no dia 19 de junho de 1982. Foi filho caçula dos médicos infectologistas e professores universitários Maria Ivete e Marcos, Guilherme Boulos.
Seus primeiros anos de estudo foram em escolas particulares. Quando no Ensino Médio, pediu a seus pais que o transferissem para uma escola pública.
O interesse pela política acabou levando-o a ingressar no movimento estudantil, aos 15 anos.
Na Escola Estadual Fernão Dias Paes, criou um grêmio estudantil, participou de protestos contra a direção e fez trabalhos de alfabetização de jovens e adultos em comunidades da capital.
Ingressou no curso de filosofia da USP em 2000. Especializou-se em psicologia clínica pela PUC, e se tornou mestre em psiquiatria pela USP. Na vida profissional, Boulos foi também professor da rede pública e escritor, tendo publicado os livros “Por que ocupamos?”; “De que lado você está?”; e “Sem Medo do Futuro”.
Boulos atuou no movimento social e foi para a carreira política
Aos 19 anos, Boulos foi morar em uma ocupação do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) – grupo do qual viria a se tornar uma liderança, dedicando-se por décadas à luta por moradia digna e reforma urbana. Foi ali que conheceu sua companheira, Natália Szermeta, com quem teve duas filhas: Sofia e Laura.
Foi eleito deputado federal em 2022, com mais de 1 milhão de votos, tornando-se não apenas o candidato mais votado do estado, segundo mais votado de todo o país.
Com informações da Agência Brasil
Nota à imprensa: mudança na Secretaria-Geral da Presidência
Leia a nota oficial que comunicou a ida de Boulos para o ministério:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o deputado federal Guilherme Boulos nesta segunda-feira (20) e o convidou para ocupar o cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Boulos irá substituir o ministro Márcio Macêdo na função.
Márcio, a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) e os ministro Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social) participaram do encontro com o presidente. A nomeação de Boulos sairá publicada no Diário Oficial de amanhã (21).
Nove dias após o início do acordo de cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, a Faixa de Gaza voltou a ser atacada. O frágil “acordo de paz”, firmado entre Israel e o Hamas, enfrentou seu primeiro grande teste no último domingo (19), quando o exército israelense atacou novamente civis palestinos. A nova investida ocorreu depois de Israel acusar o Hamas de supostamente violar a trégua ao atacar tropas israelenses em Rafah, no sul de Gaza. Entenda na TVT News.
O Hamas negou ter rompido o cessar-fogo e acusou Israel de “fabricar pretextos fracos para justificar crimes contra civis”. O grupo afirmou seguir comprometido com o acordo, mediado por Washington, enquanto o governo israelense sustenta que enfrenta provocações contínuas.
Escalada militar e aumento do número de vítimas
A ofensiva israelense teve consequências devastadoras para a população palestina. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, ao menos 45 palestinos morreram nas últimas 24 horas, elevando para 68.216 o número total de mortos desde o início do conflito atual, em 7 de outubro de 2023. Outros 170.361 ficaram feridos.
O Gabinete de Mídia do Governo de Gaza afirmou que Israel violou o acordo de trégua 80 vezes desde sua assinatura, incluindo 21 incidentes apenas no domingo. Segundo a Al Jazeera, desde o início do cessar-fogo, 97 palestinos foram mortos e 230 ficaram feridos. Entre as vítimas mais recentes estão 11 membros de uma mesma família, incluindo sete crianças, mortos após cruzarem uma área de retirada controlada por Israel.
Grande parte dos confrontos se concentrou ao longo da chamada “Linha Amarela”, fronteira delimitada pelo acordo para a retirada parcial das forças israelenses. O limite, que deveria representar uma zona de segurança, se transformou em palco de tiroteios e confusão.
Moradores palestinos relatam que a linha é praticamente invisível e só pode ser vista em mapas online. “Quando eu ou as crianças saímos, as balas vêm na nossa direção”, contou Hala Obaid à BBC News, uma deslocada que vive em uma tenda próxima à região de Shujaiya. O exército israelense afirmou que disparou contra “indivíduos armados” que cruzaram a Linha Amarela, alegando ameaça imediata.
Ajuda humanitária limitada e travessias bloqueadas
Após suspender o envio de ajuda no domingo, Israel reabriu dois pontos de passagem, Kerem Shalom e Kissufim, para a entrada de caminhões com suprimentos. A passagem de Rafah, que liga Gaza ao Egito, permanece fechada “até novo aviso”.
A Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) alertou que o volume de ajuda “está muito abaixo do necessário”. O diretor interino da agência, Sam Rose, afirmou que as restrições impostas por Israel têm atrasado a distribuição de alimentos, medicamentos e materiais para abrigo temporário.
Pressão dos EUA
Em meio à escalada da violência, o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que a trégua “permanece em vigor” e prometeu lidar com as violações “de forma rigorosa, mas adequada”.
Seus enviados especiais, Jared Kushner e Steve Witkoff, chegaram a Israel no domingo (19), para tentar salvar o acordo e avançar para a chamada “fase dois” do plano de paz norte-americano: que prevê a retirada das tropas israelenses, o desarmamento do Hamas e a criação de um governo palestino transitório com apoio internacional. O vice-presidente JD Vance deve chegar ao país nos próximos dias para se reunir com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Enquanto os bombardeios continuam apesar do “acordo de paz”, civis palestinos enfrentam mais uma vez o medo, a escassez e a incerteza do futuro. “Queremos apenas paz de espírito, sem medo”, disse Hala Obaid, ecoando um sentimento que parece distante de se concretizar em Gaza.
Tribunal de Justiça determina que a Secretaria de Educação de São Paulo reintegre ao programa Sala de Leitura todos os professores que se afastaram por motivo de licença médica. Leia em TVT News.
Justiça determina que professores afastados por licença médica sejam reintegrados ao Programa Sala de Leitura
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou que a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) reintegre ao Programa Sala de Leitura todos os professores que se afastaram entre 5 de junho e 3 de outubro de 2025 por motivo de licença médica. A Seduc é subordinada ao governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
A decisão, assinada pelo juiz Josué Vilela Pimentel, da 8ª Vara da Fazenda Pública da capital, acolhe pedido da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), que contestou a exclusão de docentes em tratamento de saúde do programa.
Em outubro, o juiz já havia concedido uma tutela de urgência, reconhecendo que afastamentos e licenças médicas devem integrar o rol de exceções previstas na Resolução Seduc nº 95/2024, que regula a atribuição de classes e aulas. A nova decisão amplia os efeitos dessa tutela, garantindo que a proteção também alcance os docentes prejudicados nos 120 dias anteriores à decisão original.
Segundo o juiz, limitar os efeitos da decisão apenas a casos posteriores a 3 de outubro “esvazia a efetividade da tutela concedida” e viola o princípio da isonomia, já que professores em situação idêntica ficariam sem a mesma proteção jurídica. A Seduc deverá recompor administrativamente os vínculos, restabelecer as aulas e contratos dos docentes e comprovar o cumprimento no prazo de 15 dias, sob pena de multa diária.
Salas de leitura: Apeoesp entrou com ação para que afastamentos médicos não possam punir os educadores. Foto: Governo do Estado de São Paulo
“Essa decisão é uma grande vitória da categoria e da Apeoesp, porque reafirma que o adoecimento de professores não pode ser tratado como falta ou motivo de punição. A luta é por respeito e valorização profissional. Nenhum docente deve ser penalizado por buscar tratamento médico”, afirmou a deputada estadual Professora Bebel (PT), segunda presidenta da Apeoesp.
Para a Apeoesp, a decisão representa um importante precedente jurídico e uma afirmação de direitos humanos e trabalhistas, especialmente num contexto de sobrecarga e adoecimento da categoria.
O que é a Sala de Leitura
Coordenado por docents, as salas de leitura são espaços em que os estudantes têm acesso a um arquivo diversificado e atualizado de livros, jornais, revistas e materiais multimídia para aprimorar a leitura.
A nova política habitacional, desenvolvida pelos ministérios das Cidades e da Fazenda, em parceria com a Caixa, tem como objetivo assegurar o direito à moradia digna, promover inclusão social e urbana e movimentar a economia local, com geração de emprego e renda na cadeia da construção.
O Reforma Casa Brasil é voltado a famílias que já têm imóvel, mas enfrentam problemas estruturais ou de adequação, como telhados danificados, pisos comprometidos, instalações elétricas e hidráulicas precárias, falta de acessibilidade ou necessidade de ampliação.
Como funciona Reforma Casa Brasil
O programa terá R$ 30 bilhões do Fundo Social, voltados a famílias com renda de até R$ 9.600. A Caixa também vai separar R$ 10 bilhões do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para rendas superiores a esse limite — totalizando R$ 40 bilhões em crédito.
Perfil
O Reforma Casa Brasil atende inicialmente moradores de áreas urbanas em capitais, municípios com mais de 300 mil habitantes, ou que façam parte de arranjos populacionais com esse porte. O crédito é voltado principalmente para uso residencial, mas pode contemplar imóveis de uso misto.
As famílias poderão financiar valores a partir de R$ 5 mil (nas modalidades voltadas às faixas 1 e 2), com prazo de pagamento de até 60 meses. Os recursos podem ser usados para compra de materiais, pagamento de mão de obra e serviços técnicos, como projetos e acompanhamento de obras. A operação será simplificada e digital, iniciando pelo site da Caixa ou aplicativo do banco, a partir de 3 de novembro.
O valor das parcelas será limitado a 25% da renda familiar. Cada família poderá ter apenas uma operação ativa por vez.
As taxas de juros variam conforme a faixa de renda mensal das famílias:
Faixa 1: renda de até R$ 3.200, juros a partir de 1,17% ao mês
Faixa 2: renda entre R$ 3.200,01 e R$ 9.600, juros de 1,95% ao mês
Acima de R$ 9.600: condições estabelecidas pela CAIXA
Para famílias com renda acima de R$ 9,6 mil, as condições serão estabelecidas pela Caixa, contemplando valores de financiamento a partir de R$ 30 mil, prazo de pagamento até 180 meses e taxa de acordo com o valor do crédito.
Impactos
Com a iniciativa, o Governo Federal pretende melhorar as condições de moradia, estimular o setor da construção civil e valorizar o patrimônio das famílias. Cada reforma representa um impulso direto na economia, com geração de empregos locais e fortalecimento de pequenos comércios e prestadores de serviço. Além de promover segurança habitacional e bem-estar, o programa contribui para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, reforçando o compromisso do Brasil com moradia adequada, segura e sustentável para todos.
Crédito habitacional
O lançamento do Reforma Casa Brasil complementa o novo modelo de crédito imobiliário anunciado pelo presidente Lula em 10 de outubro, que modernizou o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e ampliou o acesso ao crédito habitacional, fortalecendo a classe média e o setor da construção civil. As mudanças tornam o sistema mais eficiente e sustentável e maximizam o uso da poupança como fonte de financiamento.
Eficiente e sustentável
Até então, 65% dos depósitos da poupança tinham obrigatoriamente de ser aplicados pelos bancos em crédito imobiliário, 20% eram recolhidos compulsoriamente pelo Banco Central e 15% tinham livre aplicação. A partir das mudanças, a poupança será maximizada como fonte de financiamento, com um modelo mais eficiente e sustentável, no qual o volume de depósitos determinará o montante de crédito habitacional disponível.
Transição
A transição para esse novo modelo será gradual e terá plena vigência a partir de janeiro de 2027. Até lá, permanece o direcionamento obrigatório de 65% dos recursos captados na poupança para o crédito habitacional. O percentual será reduzido de forma escalonada, acompanhando a redução dos depósitos compulsórios no Banco Central e a incorporação de novas modalidades de captação, como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).
Pela primeira vez, o Papa Leão XIV se reúne com o MST e outros movimentos populares para dar continuidade ao diálogo iniciado pelo Papa Francisco. Encontro está marcado para o dia 23 de outubro. Leia em TVT News.
No Vaticano, Papa Leão XIV receberá o MST e outros movimentos populares
Evento ocorre durante o V Encontro Mundial de Movimentos Populares (EMMP), seguindo a tradição do legado do Papa Francisco, que deu início ao encontro com entidades populares em 2014.
Dessa forma, o Papa Leão XIV demonstra a continuidade do diálogo com os movimentos populares no mundo, reunindo cerca de 130 representantes de entidades sociais, um chamado para que os movimentos continuem caminhando junto à Igreja na construção de um mundo mais fraterno.
Constituindo a esperança de outro mundo possível, fundado não no individualismo e sim na justiça, na solidariedade e na fraternidade”, declarou o Padre Mattia Ferrari, coordenador do encontro.
O evento pretende abordar temas como o direito à terra, teto e trabalho, além debater os desafios das questões geopolíticas como guerras, crise de representação política, crise imigratória e ambiental. Articulações de todos os continentes estão sendo convocadas para participar do evento.
Durante a agenda de outubro será realizado o encontro com os movimentos populares entre os dias 21 a 24 no Spin Time Labs, em Roma; no dia 23 às 16h está prevista uma audiência com o Papa Leão XIV, no Vaticano; e entre os dias 25 e 26 ocorre o Jubileu dos Movimentos Populares no Vaticano, incluindo uma missa na Praça de São Pedro.
A organização é impulsionado pelo Comitê Organizador dos Movimentos Populares, com o apoio do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (DISSUI), o Vicariato de Roma, e a colaboração do Pólo Cívico Esquilino e da comunidade de Spin Time Labs.
Papa Leão XIV dá continuidade do legado do Papa Francisco
Em 2024, o MST e outras organizações celebraram encontro com o Papa Francisco durante o evento Arena da Paz, no Vaticano, onde a bandeira do MST foi abençoada pelo pontífice. Na ocasião, João Pedro Stedile representou o Movimento, quando teve a oportunidade de discursar para os presentes, transmitindo a mensagem de solidariedade e lutas dos Sem Terra do Brasil, citando os versos do bispo Dom Pedro Casaldáliga: “Malditas sejam todas as cercas; malditas todas as propriedades privadas que nos impedem de viver e amar”.
Encontro com o Papa vai tratar dos direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras terem acesso à terra, teto, de ter acesso a um trabalho digno, assim como reflexões mais sobre a necessidade da humanidade repensar a sua lógica de consumo, Foto: Reprodução/Instagram MST
Em 2020, o Papa Francisco já havia reconhecido os esforços dos movimentos sociais, como o MST, dedicando uma carta, onde dizia: “Se a luta contra a covid-19 é uma guerra, vocês são um verdadeiro exército invisível lutando nas perigosas trincheiras […]”. Em mensagem enviada devido às ações de solidariedade executadas durante a pandemia, período em que o Movimento Sem Terra distribuiu mais de 10 mil toneladas de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade.
Com este novo encontro, o novo pontífice, Papa Leão XIV, perpetua a aliança e reconhecimento da Igreja com a atuação dos movimentos populares.
“A expectativa que nós temos é de um encontro fraterno, mas ao mesmo tempo muito afirmado em compromissos concretos, diante do cenário que estamos vivendo, que é de aprofundamento das questões que nós já refletimos há 11 anos”, afirma Ayala Ferreira, da direção nacional do setor de Direitos Humanos no MST, representante do Movimento que estará diante do Papa no encontro com os movimento sociais.
Ela cita que os encontros anteriores dos segmentos populares com o papado, permitiu que a Igreja extraísse sínteses que foram colocadas nas suas várias publicações e diretrizes, e que o próximo encontro dará continuidade à essa trajetória, onde frente à um cenário global de suscetíveis crises, a Igreja se coloca disponível, em sinal de alento, assumindo um compromisso mais radical com as populações vulneráveis e com os que dedicam suas vidas lutando por justiça social e contra as desigualdades.
Em 2020, o Papa Francisco já havia reconhecido os esforços dos movimentos sociais, como o MST. Foto: Vatican News
“Então, nós tivemos essa síntese dos três T’s, dos direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras terem acesso à terra, teto, de ter acesso a um trabalho digno, assim como reflexões mais sobre a necessidade da humanidade repensar a sua lógica de consumo, sua lógica de desenvolvimento capitalista, para cuidar do que o Papa Francisco mencionava da Casa Comum, da mãe terra e do direito de todos os seres vivos terem condições de existência sem ser nessa lógica desenfreada da mercantilização da vida e dos bens da natureza”, cita Ayala.
Para Frei Betto, documento do papa Leão XIV consagra a Teologia da Libertação
Em artigo publicado no ICL, o teólogo e escritor Frei Betto defende que o documento Exortação Apostólica Dilexi Te (“Eu te amei”), escrito pelo Papa Leão XIV, aproxima a Igreja Católica dos mais pobres, como pedia a Teologia da Libertação.
“A Exortação Apostólica Dilexi Te (Eu te amei), do papa Leão XIV, ressoa como sopro de esperança e significativa reafirmação do Evangelho vivido a partir dos pobres. No Brasil, onde a desigualdade social tem rosto, cor e território — o rosto das mulheres negras periféricas, o corpo exaurido dos trabalhadores informais, os povos indígenas ameaçados, os jovens de favelas mortos pela violência —, o conteúdo do documento não chega como novidade, e sim confirmação e estímulo da caminhada histórica da Teologia da Libertação e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs)”, afirma Frei Betto.
Lula e Papa Leão XIV: Diálogo sobre fé, justiça social e desafios globais. Foto: Vatican Media
“Não se trata de levar Deus aos pobres, mas de encontrá-Lo ali.” (79) . Para Frei Betto, “essa afirmação de Dilexi Te poderia ter sido escrita por Dom Hélder Camara, Pedro Casaldáliga ou irmã Dorothy Stang. Expressa o coração da espiritualidade libertadora, para qual o povo não é objeto de pastoral, mas sujeito histórico da libertação”.
“A Teologia da Libertação sempre enfatizou que o Reino de Deus é uma utopia que se concretiza na história e desemboca no outra lado da vida, e que a salvação começa aqui e agora, e a evangelização exige transformação social”, explica Frei Betto. O documento do Para Leão XIV “confirma que o amor cristão deve se traduzir em compromisso social, em ações que enfrentem as estruturas da exclusão”, conclui Frei Betto.
Dilexi Te convida a uma Igreja “em saída”, que abandone o conforto das sacristias e caminhe com o povo. No Brasil, onde a pobreza é estrutural e a fé é popular, o documento pontifício chega como reforço e confirmação da Teologia da Libertação, que nos lembra que o amor de Deus é revolucionário, rompe as cadeias da indiferença e denuncia as causas da injustiça.