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Da Redação
Dia da Consciência Negra e dica de leitura: Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô
Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô, livro da jornalista Claudia Alexandre, venceu a primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico em 2024, na categoria Ciências da Religião e Teologia, o principal prêmio da categoria na literatura brasileira. Sabia mais sobre a dica de leitura para o Dia da Consciência Negra com a TVT News.
O livro Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô: sobre masculinização, demonização e tensões de gênero na formação dos candomblés (Editora Aruanda/Fundamentos de Axé, 2023), apresenta um debate inédito no campo dos estudos sobre as tradições e religiosidades afro-brasileiras em relação às narrativas anteriores sobre o controverso orixá Exu.
Ao mesmo tempo que insere registros e informações sobre as experiências e protagonismo de mulheres negras – africanas, escravizadas, alforriadas, libertas, que resistiram pelo sagrado para manter as práticas ancestrais, a obra questiona sobre representações femininas de Exu, que não estiveram na definição do corpo das tradições yorubá-nagô dos primeiros candomblés na Bahia.
Com um detalhado levantamento bibliográfico, o livro destaca transformações na relação com o orixá Exu, que na iorubalândia (Nigéria, Benin, Togo, Gana) é conhecido como Esù, Elegbara, Legba ou Bara, comumente representado por figuras em pares – macho e fêmea, que não se popularizaram no Brasil.
Com prefácio assinado pela professora, escritora e ativista Dra. Núbia Regina Moreira, Exu-Mulher é baseado na tese de doutorado da autora, defendida em novembro de 2021, eleita a Melhor Tese do Ano, pelo Programa de Ciência da Religião da PUC-SP.
A tese foi finalista e segunda colocada do Prêmio SOTER/Paulinas de Teses (Prêmio Prof. Afonso Maria Ligório Soares) edição 2022, do Congresso Internacional da Soter (Sociedade de Teologia e Ciência da Religião). Mesmo ano em que lançou o livro-dissertação “Orixás no Terreiro Sagrado do Samba: Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai”, também pela Editora Aruanda/Fundamentos de Axé.

O racismo religioso é centralizado como uma das opressões sociais e atravessa a ambiguidade do orixá Exu, reivindicando o lado feminino do orixá, algo ainda pouco explorado na literatura sobre a formação dos candomblés de tradição yorubá-nagô. Em algumas localidades da África Ocidental são bem conhecidas as representações de Exu como um orixá ambíguo, que pode se apresentar como feminino e masculino.
Uma busca motivada por registros de que em África, região da iorubalândia, alguns grupos realizam práticas rituais específicas onde figuras de Exu – masculina e feminina – evidenciam as diferenças anatômicas do par: ele com seu falo desproporcional, apito e gorro; ela com seios e vulva demarcados e à mostra, jóias e, às vezes, acompanhada de outra figura que remete a uma criança.
As imagens apresentam penteados alongados, uma marca da identidade do orixá. Em alguns lugares Exu é cultuado por famílias inteiras e por mulheres, onde está associado não apenas à fertilidade, como à fecundidade e à maternidade. Existem cultos exclusivos a essa divindade, onde se encontram representações femininas, nas regiões yorubá de Egbado, Igbomina, Ibraba, Olobo e Oshogbo.
A pesquisa sobre Exu
Na capital Salvador a autora percorreu os três terreiros fundantes, que ainda mantém o sistema matriarcal: Casa Branca do Engenho Vellho, Ilê Opó Afonjá e Terreiro do Gantois. O resultado foi a constatação de que, apesar da liderança das mulheres, houve tensões na relação com o orixá Exu, o que exigiu dissimulações e negociações por parte das poderosas iyalorixás, em relação à dominação da Igreja Católica.
A masculinização e a demonização foram as principais transformações que Exu sofreu na travessia atlântica. A ideia de um culto individualizado para sua face feminina não foi adotada em nenhum dos antigos terreiros.
A autora debate sobre questões da hieraquia de gênero e as mulheres de terreiros, apontando como religiões de matrizes africanas foram atravessadas pela dominação patriarcal. Para as primeiras lideranças o Exu demonizado se transformou em um elemento demonizante. O destaque ao falo na representação da divindade, na diáspora negra, como símbolo de sua masculinidade teria excluído completamente os traços de feminilidade.
Na cosmogonia iorubá Olodumaré, o Deus Supremo, o teria constituído com os princípios masculino e feminino, dando-lhe controle sobre eles, um poder que não foi concedido a nenhuma outra divindade. Exu é dono da comunicação, do movimento, que mantém o equilíbrio e a energia vital, que é distribuída em partes iguais aos seres viventes, para que haja fertilidade e vida constante dos seus cultuadores.

Ao analisar a definição do papel da mulher como autoridade máxima nos terreiros de candomblé, bem como o trato com Exu e sua masculinidade demonizada, principalmente entre os séculos XIX-XX, a autora destaca uma série de aproximações e rejeições dentro da própria comunidade de axé.
“Sabe-se que no início havia resistência, por parte de antigas lideranças, em iniciar “filhos” e “filhas” deste orixá, ocorrendo muitos casos de troca pelo orixá Ogum, o grande guerreiro dos metais. As justificativas para tal barganha acabavam por reforçar o imaginário demoníaco imposto à divindade. Esses constrangimentos podem ter levado ao ocultamento e o silenciamento sobre qualquer assunto referente a existência do feminino de Exu”, disse Claudia.
Chama atenção o fato de a figura feminina de Exu, não ter sido introduzida nas representações do orixá nos candomblés nagôs no Brasi, ser desconhecida em algumas casas de culto ou, ainda, um assunto mantido em silêncio nos terreiros mais tradicionais. No livro estão disponíveis imagens e representações da figura feminina de Exu, evidenciando que a diáspora negra ainda mantém muitos fragmentos de violências que alteraram a relação do povo negro com seus sistemas de crenças e com a cosmologia africana, especialmente com Exu-Mulher.
Para saber mais sobre Exu
Trabalho de conclusão de curso: Exu, o mensageiro demonizado, de Ana Luiza Cardoso
Ouça o podcast
Exu-Mulher foi samba-enredo da Escola Pérola Negra
A Escola de Samba Pérola Negra levará para o Carnaval de SP, no Sambódromo do Anhembi, o enredo “Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô”, inspirado no livro da jornalista e pesquisadora Cláudia Alexandre.
A montagem do enredo sobre Exu-Mulher no Carnaval de 2025
A ideia do enredo surgiu de uma conexão espontânea do carnavalesco Rodrigo Meiners com o livro. “Eu estava lendo e não havia pensado em transformá-lo em enredo. Até que, ao assistir ao desfile da Mocidade Unida da Mooca, que homenageou Helena Theodoro, percebi que Claudia Alexandre havia participado do desfile. Fui pesquisar sobre ela e descobri que, além de escritora, é apaixonada pelo carnaval e autora de um livro sobre o Vai-Vai”, afirmou Meiners.
O carnavalesco também disse que o livro tem forte relação com a Pérola Negra, “uma escola de nome feminino, que tem uma mulher presidente”. Meiners montou a ideia e apresentou a Claudia, que entendeu como uma celebração aos 39 anos de carreira trabalhando na cobertura de carnaval e pesquisadora.
“Além de emocionada, estou tão ansiosa quanto fico quando vou entrar ao vivo para narrar ou comentar um desfile”, declarou emocionada a autora.
O desfile da Pérola Negra aconteceu no dia 22 de fevereiro de 2025, às 23h30, pelo Grupo de Acesso 2 do Carnaval de São Paulo, no Sambódromo do Anhembi e deu o título à escola.
Sobre Claudia Alexandre
Claudia Alexandre é jornalista, comunicadora de rádio e TV, doutora e mestre em Ciência da Religião pela PUC-SP. Pesquisadora das relações entre raça, gênero e religiosidades de matrizes africanas, Claudia também é sacerdotisa umbandista e Ebomi de Oxum no candomblé nagô-vodunsi.
Seu livro “Orixás no Terreiro Sagrado do Samba: Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai” também é referência na área. Não é a primeira vez que uma obra de Claudia inspira um enredo de carnaval. Em 2009, o livro “Na Fé de Vivaldo de Logunedé” inspirou a Vila Nova, de Santos. A emoção se repetiu com a Pérola Negra: “Exu-Mulher reinou na festa do carnaval, unindo os meus grandes temas de pesquisa: os terreiros sagrados, suas ancestralidades e experiências civilizatórias negras”, celebrou a autora.
Sobre o livro Exu-Mulher
Título: Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô: sobre masculinização, demonização e tensões de gênero na formação dos candomblés
Editora: Editora Aruanda/Selo Fundamentos de Axé – RJ
Ano: 2023
Autora: Claudia Alexandre (Instagram: @claualex16)
Prefácio: Nubia Regina Nogueira
Coordenação Editoral: Aline Martins
Capa: Amanara
Páginas: 464
ISBN: 978-65-97708-19-5
Contato/vendas: www.editoraaruanda.com.br
Consciência Negra: conheça 12 autoras e autores negras e negros da literatura brasileira
Educador destaca escritoras e escritores negras e negros e obras fundamentais para compreender a formação cultural e social do Brasil e a força da literatura produzida por autores negros. Leia em TVT News.
Dicas de leitura para o Dia da Consciência Negra
O Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, é uma data criada para homenagear Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo do período colonial e símbolo da resistência à escravidão no Brasil. Instituído oficialmente pela Lei nº 12.519/2011, o dia propõe a reflexão sobre o papel do povo negro na construção da sociedade brasileira, a luta contra o racismo e a valorização da cultura afro-brasileira.
Na opinião do professor Paulo Rogerio Rodrigues, ler autores negros é um ato de reconhecimento, reparação e ampliação de repertório cultural. É uma forma de enxergar o Brasil por meio de olhares que, por muito tempo, foram silenciados, mas que sempre estiveram presentes na construção da nossa identidade coletiva.
“A literatura produzida por autores negros vai muito além da temática do racismo; ela fala sobre humanidade, pertencimento, memória e futuro. Essas obras refletem nossa história e constituem um instrumento potente de letramento racial e educação antirracista. Ao incorporá-las às nossas leituras, às práticas escolares e às rodas de conversa, ampliamos olhares e contribuímos para a construção de uma sociedade mais consciente, plural e empática”, afirma o educador.

Para Paulo, a valorização da cultura e da representatividade negra na escola é um movimento essencial para a formação de leitores críticos e cidadãos sensíveis à diversidade. “Construir repertório sobre a cultura afro-brasileira e africana, em suas múltiplas expressões artísticas, literárias e simbólicas, é também uma forma de reconhecer outras maneiras de ver e interpretar o mundo”, acrescenta.
O educador, elenca 12 autoras e autores negras e negros brasileiros essenciais para leitura, confira.
Dicas de autoras e autores negras e negras da literatura brasileira
Abdias do Nascimento (Franca/SP, 1914 – Rio de Janeiro/RJ, 2011)
Neto de africanos escravizados, foi antirracista, ativista do movimento negro e dos direitos civis, escritor, poeta, dramaturgo, político, artista plástico, ator e professor universitário. Foi considerado o “mais completo intelectual e homem de cultura do mundo africano do século XX”; exilou-se nos Estados Unidos e Nigéria durante 13 anos durante a Ditadura Militar, representando a América do Sul em encontros e congressos na África; e chegou a ser indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2010, por sua extensa e incansável luta contra o racismo e em favor da valorização das culturas africanas e afro-brasileiras.

Sua principal obra é Genocídio do Negro Brasileiro (1978), livro em que o autor apresenta, com um texto combativo, a visão oficial estabelecida à época de que o Brasil seria uma “democracia racial”, um lugar em que o grande problema do negro era a pobreza e não o preconceito de cor; e que aqui os negros brasileiros viviam em uma condição muito mais favorável do que a vivida pelos negros no sul dos Estados Unidos ou na África do Sul do apartheid.
Ana Maria Gonçalves (Ibiá/MG, 1970)
A autora fez carreira como publicitária em São Paulo e largou tudo para se dedicar à escrita e à pesquisa na Bahia. É a 13ª mulher e a primeira negra a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). Sua principal obra, uma das mais marcantes do século XXI, é “Um defeito de cor” (2006), romance histórico que conta a trajetória de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas – uma vida marcada por mortes, estupros, violência e escravidão.

Carolina Maria de Jesus (Sacramento/MG, 1914 – São Paulo/SP, 1977)

Carolina de Jesus foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil. Peregrinou com a mãe, vinda de sua cidade natal, em busca de trabalho pelas cidades do interior paulista, quando chegou à capital do estado em 1947 e se instalou na favela do Canindé, de onde saía diariamente para trabalhar como catadora de papel. Sua principal obra é “Quarto de Despejo” (1960), um autêntico exemplo de literatura-verdade, que relata o cotidiano triste e cruel de uma mulher que faz de tudo para sobreviver, espantar a fome e criar seus filhos em meio a um ambiente de extrema pobreza e desigualdade de classe, de gênero e de raça.
Conceição Evaristo (Belo Horizonte/MG 1946)
Conceição Evaristo é romancista, contista, poeta, e pesquisadora na área de literatura comparada. Estreou na literatura em 1990, e é um dos nomes mais importantes da literatura brasileira contemporânea. Sua matéria-prima literária é a vivência das mulheres negras, e seu trabalho tem por base reflexões sobre as profundas desigualdades raciais brasileiras. Entre suas principais obras estão “Ponciá Vicêncio” (2003), “Olhos d’Água” (2014) e “Canções para ninar meninos grandes” (2018) – um mosaico afetuoso de experiências negras, que discute as contradições e complexidades em torno da masculinidade de homens negros e os efeitos nas relações com as mulheres negras.

Djamila Ribeiro (Santos/SP, 1980)
Filósofa, ativista e escritora, coordena a iniciativa Feminismos Plurais. É professora universitária com passagens por diversas instituições, como a PUC-SP, New York University, além de ter sido a primeira brasileira a lecionar no Martin Luther King Program, no MIT. Já vendeu mais de 1 milhão de exemplares de seus livros, entre eles sua obra mais famosa, “Pequeno manual antirracista” (2019), que trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Na obra, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas, sendo uma luta de todas e todos.

Itamar Vieira Junior (Salvador/BA, 1979): escritor, geógrafo e servidor público, é doutor em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia. Suas obras abordam temas como a herança colonial, a luta pela terra, a dignidade do povo negro e a força das comunidades tradicionais. Por meio de uma narrativa poética e poderosa, Itamar convida o leitor a revisitar a história do país pela voz daqueles que, por séculos, foram silenciados, reafirmando a literatura como território de resistência e memória coletiva. Sua trajetória literária ganhou destaque nacional e internacional com o romance “Torto Arado” (2019), sua principal obra, vencedora dos prêmios Jabuti, Oceanos e LeYa, e considerada uma obras mais importantes da literatura brasileira contemporânea.
Na história, nas profundezas do sertão baiano, as irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Ocorre então um acidente. E para sempre suas vidas estarão ligadas — a ponto de uma precisar ser a voz da outra. Numa trama conduzida com maestria e com uma prosa melodiosa, o romance conta uma história de vida e morte, de combate e redenção.

Jeferson Tenório (Rio de Janeiro/RJ, 1977)
Jefferson Tenório é doutor em teoria literária e um dos mais proeminentes autores contemporâneos. Seus livros abordam o racismo estrutural e como ele impacta as esferas da vida em sociedade; além de temas como o pertencimento e a importância dos afetos e da memória. Entre suas principais obras está “O avesso da pele” (2020) – um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, violência e negritude. Conta a história de Pedro, que, após a morte do pai, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, o autor mostra um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, e um denso relato sobre as relações entre pais e filhos.
Kiusam de Oliveira (Santo André/SP, 1967)
escritora, educadora e doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, é uma das principais referências da literatura infantil e juvenil afro-brasileira. Com uma obra voltada à valorização da ancestralidade africana e à construção da identidade positiva da criança negra, Kiusam se destaca por integrar oralidade, espiritualidade e pedagogia antirracista em suas histórias. Entre seus livros mais conhecidos estão “Omo-Oba: histórias de princesas” (2009), que reconta mitos do candomblé a partir de uma perspectiva feminina; e “Solfejos de Oxum” (2019), que celebra a força e a delicadeza das divindades afro-brasileiras. Sua produção literária e acadêmica inspira educadores e leitores na construção de práticas mais inclusivas e plurais, reconhecendo a infância negra como protagonista de sua própria história e herdeira de uma rica tradição cultural e simbólica.
Lélia González (Belo Horizonte/MG, 1935 – Rio de Janeiro/RJ, 1994)
Lélia González foi escritora, pesquisadora, professora, intelectual e defensora de direitos humanos brasileira. Pioneira nos estudos sobre mulheres negras no Brasil e no mundo, dedicou-se a escancarar as dimensões estruturais e simbólicas da discriminação racial no País, tendo contribuído para a consolidação do movimento negro brasileiro. Uma de suas principais obra é “Lugar de Negro” (1982), em parceria com Carlos Hasenbalg; sintetizando pontos centrais da questão racial brasileira e questionando o mito da “democracia racial”, isto é, a ideia de que o Brasil seria um país livre do racismo, incitada durante a ditadura militar.

Machado de Assis (Rio de Janeiro/RJ, 1839 – Rio de Janeiro/RJ, 1908)
Machado de Assi foi jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo. É considerado o maior escritor da literatura brasileira. Seus livros têm como principal característica o diálogo entre o autor e o leitor, com uso de ironia e humor, explorando os aspectos psicológicos dos personagens para criticar os costumes da sociedade brasileira da época. Entre suas principais obras estão “Memórias póstumas de Brás Cubas” (1881), “Quincas Borba” (1891) e “Dom Casmurro” (1899) – uma trinca de livros memoráveis da nossa criação literária.

Maria Firmina dos Reis (São Luís/MA, 1822 – Guimarães/MG, 1917)

Filha de mãe branca e pai negro, é apontada como a primeira mulher negra a publicar um romance. Foi a primeira mulher negra aprovada em um concurso público para professora primária na província de Guimarães, além de ter sido pioneira na fundação de uma escola mista, onde meninos e meninas podiam estudar juntos. Seu principal romance, “Úrsula” (1859), foi revolucionário para a época, abordando o tráfico negreiro a partir do ponto de vista do sujeito escravizado e transformado em “mercadoria humana”.
Paulo Lins (Rio de Janeiro/RJ, 1958)
Romancista, roteirista, poeta e professor. Entre os 6 anos e o início da idade adulta, foi morador da favela carioca Cidade de Deus, onde se dedicou à pesquisa antropológica a respeito da criminalidade e das classes populares, que resultou no seu mais famoso romance homônimo “Cidade de Deus” (1997) – livro adaptado para o cinema em 2004 com a direção de Fernando Meirelles, que recebeu quatro indicações ao Oscar. A obra faz um painel das transformações sociais pelas quais a favela passou: da pequena criminalidade dos anos 60 à situação de violência generalizada e de domínio do tráfico de drogas dos tempos atuais.
As dicas de leitura para o dia da Consciência Negra foram de Paulo Rogerio Rodrigues é coordenador pedagógico da Escola Bilíngue Aubrick. Profissional com larga trajetória na educação básica com foco na gestão pedagógica e educacional desde a Educação Infantil até os anos finais do Ensino Fundamental 2, com MBA em Gestão Escolar e especialização em Educação Antirracista, Bilinguismo e Neuropsicologia.
Dia da Consciência Negra: 20 novembro é feriado de luta
20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é feriado nacional para reforçar a luta pela igualdade e o sentimento de identidade afro-brasileira. Desde 2023, o Dia da Consciência Negra é feriado nacional. A Lei 14.759/23, sancionada pelo presidente Lula, estabelece oficialmente o dia 20 de novembro como feriado em todo o país, reforçando a importância da data para toda a sociedade brasileira. Leia sobre o Dia da Consciência Negra com a TVT News.
Dia da Consciência Negra é feriado de luta, memória e resistência
A frase “Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista” é da filósofa Ângela Davis e é um convite à reflexão sobre o combate ao racismo. Esse convite ganha ainda mais força no 20 de novembro, dia da Consciência Negra.
Em 2023, o presidente Lula sancionou a Lei 14.759/23 que torna o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, como feriado nacional. Esse foi mais um passo de uma série de políticas públicas de combate ao racismo no Brasil.

Outra foi a Lei 10.639, que que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no currículo das escolas públicas e particulares do ensino fundamental e médio. A lei também estabeleceu o dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra no calendário escolar.
A Lei 10.639 foi um avanço na luta antirracista no Brasil e teve como influência a ação do movimento negro brasileiro. A Lei 11.645, de 10 de março de 2008, ampliou a ação da Lei 10.639, incluindo a temática “história e cultura indígena” no currículo escolar.
Saiba mais sobre o feriado do Dia da Consciência Negra em SP

O projeto de lei do deputado Teonilio Barba (PT) que instituiu o Dia Estadual da Consciência Negra como feriado no estado de São Paulo é o Projeto de Lei nº 370/2023. A lei foi aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo e sancionada pelo governador do estado, resultando na Lei Ordinária 17.746/2023.
A lei determina que o dia 20 de novembro seja feriado estadual, oficializando a data como Dia Estadual da Consciência Negra. Anteriormente, a data era comemorada apenas em âmbito municipal, dependendo de legislação específica aprovada pelos vereadores.
Qual a importância do Dia da Consciência Negra?
Para marcar o Dia da Consciência Negra, a TVT News entrevista a jornalista, professora de capoeira e ativista do samba, Lyllian Bragança. Ela conta sobre os desafios das mulheres negras no Brasil e as lutas de todas e todos neste 20 de novembro. Veja a entrevista completa sobre Dia da Consciência Negra aqui.
Dia da Consciência Negra: o que pensam as militantes do movimento negro
Voz da consciência negra, a jornalista, professora de capoeira e militante contra o machismo nas escolas de samba, Lyllian Bragança, defende fortalecimento da identidade afro-brasileira na luta por igualdade e justiça.
Em entrevista exclusiva à TVT News, a jornalista reflete sobre desafios das mulheres negras no Brasil e a necessidade de engajamento constante para futuro mais igualitário.
- Vídeo: veja a entrevista completa com Lyllian Bragança
Lyllian Bragança conversou com a reportagem da TVT News sobre a importância do Dia da Consciência Negra e quais são os caminhos para ampliar a visibilidade da data e aumentar o debate sobre as conquistas e a luta histórica da população negra no Brasil.
Durante um bate-papo profundo e inspirador, Lyllian destacou a relevância do 20 de novembro e enfatizou o papel essencial das mulheres negras na luta por igualdade e justiça. Para ela, a consciência negra não deve ser limitada ao 20 de novembro, mas fazer parte de um movimento contínuo de educação, resistência e fortalecimento da identidade afro-brasileira.
Consciência negra e a história silenciada
Lyllian disse acreditar que a verdadeira conscientização negra precisa passar por um debate profundo sobre a branquitude e o projeto de poder estabelecido no Brasil, onde a história do povo negro foi, e ainda é, apagada e silenciada.
“A nossa história não foi contada como deveria. A Lei 10.639, que propõe a inclusão da história da África e dos negros no currículo escolar, ainda é pouco trabalhada nas escolas. Existem iniciativas, mas é um caminho longo para que todos entendam a importância de resgatar nossa verdadeira história”, afirmou.
Ela destacou que a própria compreensão sobre a identidade negra começou na escola de samba, aos 17 anos, um lugar, segundo ela, no qual se reconectou com suas raízes. “Foi no samba, no Candomblé e na capoeira que pude entender quem eu sou e o que significa ser uma mulher preta no Brasil”, revela Lyllian.

O desafio da representatividade e do enfrentamento
Ao falar sobre a trajetória como jornalista, sambista e capoeirista, Lyllian recordou o impacto da faculdade, quando tentou se distanciar por não se ver representada nos espaços acadêmicos.
“Foi doloroso, mas eu não podia fugir do que sou. O samba e minha vivência no Candomblé me deram o capital simbólico para falar sobre minha história e sobre as injustiças que enfrentamos como mulheres negras”, conta.
Além de defender o samba, ela também é uma ativista pela liberdade religiosa, principalmente dentro do contexto do Candomblé. “É preciso que as mulheres negras, que estão à frente desses movimentos, sejam ouvidas. O samba, a capoeira e o Candomblé precisam ser valorizados, pois somos nós, com nossas histórias, que conseguimos transmitir esse conhecimento”, afirmou.

Dia da Consciência Negra e o desafio das mulheres negras no Brasil
Para Lyllian, os maiores desafios enfrentados pelas mulheres negras no Brasil continuam sendo a violência de gênero, o racismo estrutural e a exclusão social. Ela criticou o pacto de poder que marginaliza a população negra, dificultando o acesso a recursos e a educação. “A construção coletiva é necessária, mas é difícil. As periferias carecem de educação de qualidade e de um movimento que promova a conscientização”, analisou Lyllian.
Ela também comentou sobre a falta de acesso das pessoas mais velhas da comunidade negra a serviços essenciais como, por exemplo, a elaboração de projetos culturais durante a pandemia. “Muitos mestres do samba e da capoeira enfrentaram dificuldades imensas para acessar recursos durante a pandemia. Esse é um reflexo da exclusão social histórica”, lamentou.

Avanços e desafios das mulheres negras
Embora reconheça avanços no campo político, como a ascensão de figuras como a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, Lyllian ressaltou que ainda há muito a ser feito. “Apesar da presença de algumas mulheres negras na política, a verdadeira tomada de decisão ainda está nas mãos de poucos. O dinheiro, o capital, não está com a gente”, critica.
Caminho para um Brasil mais justo
Para Lyllian, o futuro do Brasil está nas crianças, e é essencial educá-las sobre a importância da identidade negra. “Temos que ensinar desde cedo a importância do cabelo crespo, da cultura negra, e como respeitar essas questões”, afirmou. Ela também acredita que mulheres negras devem ocupar mais espaços de fala, principalmente em áreas como o Candomblé, a capoeira e o samba, para que suas vozes não sejam silenciadas.

“Ensinar a nossas crianças sobre Zumbi, Dandara, e os valores da nossa ancestralidade é essencial. O Candomblé, por exemplo, ensina a importância da natureza e da preservação, valores que precisamos incorporar desde cedo”, ressalta Lyllian, após lembrar que a luta pela igualdade racial deve ser diária e não apenas um evento comemorativo em 20 de novembro.
FAQ Dia da Consciência Negra
| O que é o Dia da Consciência Negra? |
| O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é uma data de reflexão e reconhecimento da luta das negras e dos negros contra o racismo e pela igualdade de direitos. A data homenageia Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra no Brasil. |
| Por que o Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro? |
| O dia foi escolhido por marcar o aniversário da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e ícone da resistência à escravidão. A data simboliza a luta pela liberdade e igualdade racial. |
| Qual é a importância do Dia da Consciência Negra? |
| O Dia da Consciência Negra reforça a importância de combater o racismo e valorizar a cultura negra no Brasil. A data promove o debate sobre a inclusão social e o respeito às contribuições históricas dos negros à formação da sociedade brasileira. |
| Como o Dia da Consciência Negra é comemorado? |
| A data é marcada por eventos culturais, rodas de conversa, palestras e manifestações em várias cidades do país. Essas ações tem como objetivo valorizar a cultura negra e conscientizar sobre as desigualdades raciais ainda presentes. |
| O Dia da Consciência Negra é feriado no Brasil? |
| Sim, a partir de 2023, o Dia da Consciência Negra é feriado nacional. A Lei 14.759/23, sancionada pelo presidente Lula, estabelece oficialmente o dia 20 de novembro como feriado em todo o país, reforçando a importância da data para a sociedade brasileira. |
Leia também sobre o feriado de 20 de novembro
Mulheres negras sustentam lares, acumulam cuidados e enfrentam as maiores desigualdades
Na semana do Dia da Consciência Negra, o Departamento de Estudos Intersindicais (Dieese) lançou um boletim sobre mulheres negras que escancara a permanência das desigualdades de gênero e raça no mundo do trabalho brasileiro. O estudo, baseado nos dados da PNAD Contínua do 2º trimestre de 2025, mostra que as mulheres negras, pilares históricos da economia e das famílias brasileiras, seguem enfrentando os piores indicadores de emprego, renda e reconhecimento profissional. Confira na TVT News.
Embora sejam presença central na sustentação dos lares e da economia do cuidado, essas trabalhadoras seguem invisibilizadas e mal remuneradas. O boletim destaca que 30% dos lares brasileiros, quase 24 milhões de domicílios, são chefiados por mulheres negras, proporção maior que a verificada entre homens brancos. Ainda assim, elas enfrentam mais barreiras para acessar e permanecer em trabalhos formais, além de dedicarem muito mais tempo aos cuidados não remunerados, o que limita suas oportunidades.
Desemprego dobrado, informalidade maior e sobrecarga
A desigualdade na inserção ocupacional aparece já na comparação dos contingentes de trabalhadoras. Segundo o levantamento, 23,9 milhões de mulheres negras estão fora do mercado de trabalho, número mais que o dobro do observado entre homens brancos. A taxa de desocupação chega a 8,0% entre mulheres negras; o dobro dos 4,1% verificados entre homens brancos.
Além disso, 39% das mulheres negras trabalham na informalidade, contra 31% dos homens brancos. Quase 40% delas não contribuem para a Previdência, o que revela vulnerabilidade social reforçada pela ausência de políticas públicas de cuidado, creches, saúde e mobilidade urbana.
O peso das tarefas não remuneradas, como limpeza da casa, cuidado de crianças, idosos e pessoas doentes, recai majoritariamente sobre as mulheres. Segundo o estudo, elas dedicam 21 dias a mais por ano a esse tipo de trabalho do que os homens.

Renda menor e concentração em ocupações desvalorizadas
Mesmo quando conseguem uma ocupação, as mulheres negras recebem salários muito inferiores aos dos homens brancos. O rendimento médio delas é 53% menor, diferença que representa R$ 30.800 a menos por ano no bolso de cada trabalhadora. Entre pessoas com ensino superior, a desigualdade se agrava: a diferença anual chega a R$ 58 mil.
A metade dessas mulheres (49%) ganha no máximo um salário mínimo, enquanto entre os homens brancos essa proporção é de 20%.
A concentração em ocupações desvalorizadas também é marcante: uma em cada seis mulheres negras trabalha no serviço doméstico ou na limpeza de edifícios, atividades essenciais, mas historicamente precarizadas. Entre as dez ocupações mais comuns para esse grupo, seis pertencem à economia do cuidado, que inclui cozinheiras, cuidadoras, trabalhadoras de limpeza e profissionais de enfermagem de nível médio. O rendimento médio dessas ocupações mal ultrapassa R$ 1.800.

Mulheres negras e escolaridade
Apenas 14% das mulheres negras têm ensino superior completo, contra 24% dos homens brancos. Mas, mesmo quando têm a mesma escolaridade, a desigualdade permanece, e aumenta. Mulheres negras com ensino superior ganham menos da metade do que recebem os homens brancos com a mesma formação.
No topo da hierarquia, a disparidade é ainda mais profunda: entre homens brancos, um em cada 17 ocupados é diretor ou gerente; entre mulheres negras, apenas uma em cada 46 chega a essas posições.

Racismo e sexismo estruturais
O boletim sustenta que essas desigualdades não são acidentais, mas resultado direto de um sistema que historicamente desvaloriza o trabalho das mulheres negras. Da escravização aos empregos mais precarizados, sua força de trabalho sempre sustentou famílias, comunidades e a economia brasileira, sem o devido reconhecimento.
A publicação ecoa o lema da Marcha Nacional das Mulheres Negras de 2025: “Pelo bem viver, contra o racismo, o sexismo e as desigualdades”, e afirma que não há democracia, justiça social ou desenvolvimento sustentável possível enquanto o trabalho dessas mulheres seguir invisibilizado e precarizado.
Principais dados apresentados pelo Dieese
- 30% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres negras.
- A taxa de desocupação delas é de 8,0%, o dobro da dos homens brancos (4,1%).
- O rendimento médio das mulheres negras é 53% menor que o dos homens brancos — diferença anual de R$ 30.800.
- Entre pessoas com ensino superior, a diferença anual média de rendimentos chega a R$ 58 mil.
- 49% das mulheres negras ganham até um salário mínimo.
- 1 em cada 6 está no trabalho doméstico ou na limpeza de edifícios.
- Apenas 1 em 46 mulheres negras ocupa cargos de direção; entre homens brancos, 1 em 17.
- 39% das trabalhadoras negras estão na informalidade.
- 23,9 milhões de mulheres negras estão fora da força de trabalho.
Dia da Consciência Negra: Marchando por um Brasil com Igualdade Racial
Artigo escrito pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e pela deputada federal Benedita da Silva, especial para a TVT News, sobre o Dia da Consciência Negra.
Marchando por um Brasil com Igualdade Racial
Por Anielle Franco e Benedita da Silva
Neste 20 de novembro, feriado nacional e data que rememora a luta e resistência de Zumbi, Dandara e o quilombo de Palmares, é importante ecoar a relevante contribuição negra na construção e sustentação deste país. Somos mais da metade da população brasileira, quase 56% segundo o último censo, mas continuamos enfrentando desafios e desigualdades estruturais que nos impedem de existir com bem-viver e dignidade.
Travamos batalhas dia após dia para que o 20 de novembro não seja apenas uma data comemorativa, mas sim um marco nacional de denúncia, de ação coletiva e cuidado com a memória e luta por reparação para nosso povo. No campo institucional, temos atuado para ampliar políticas de ações afirmativas, fortalecer mecanismos de participação social, consolidar marcos legais de combate ao racismo e promover iniciativas que impactem diretamente a vida das populações negras de favelas e periferias, do campo e da cidade.

Avanços recentes como a lei de cotas no serviço público, a renovação da lei de cotas nas universidades, o programa nacional Juventude Negra Viva, a titulação de mais de 30 territórios quilombolas devem ser celebrados como legado dessa nova gestão do presidente Lula e do Ministério da Igualdade Racial.
No campo da justiça social e econômica, nosso esforço tem sido no sentido de enfrentar as desigualdades a partir de uma perspectiva de reparação social e econômica. Segundo um estudo da UFG, 63,1% da população que trabalha na escala 6×1 é composta por trabalhadores negros (pretos e pardos), a maioria trabalhadores assalariados de baixa renda e dos trabalhadores informais é negra, concentrada em ocupações precarizadas e com menor proteção social. Esses dados evidenciam que a desigualdade não é apenas um problema social, mas enraizado na formação econômica-racial do Brasil.
Marchando por políticas públicas pela igualdade racial
Por isso, defendemos medidas estruturais, queremos o fim da escala 6×1, queremos a taxação de super-ricos, o fortalecimento de políticas redistributivas e a criação de novos instrumentos de reparação histórica. No Congresso Nacional, estamos liderando o debate sobre um Fundo Nacional de Reparação que representa um passo importante para colocar na agenda do Estado brasileiro a responsabilidade de enfrentar de forma sistêmica os danos acumulados por séculos de escravidão, exclusão e violência institucional.

Reafirmamos que a agenda da igualdade racial deve permanecer estruturante no Estado brasileiro. Isso significa garantir continuidade institucional, ampliar investimentos, fortalecer conselhos e mecanismos de participação e manter o diálogo permanente com movimentos sociais, organizações da sociedade civil e lideranças comunitárias de favelas e periferias.
E neste novembro, mês que também marcharemos lado a lado com milhares de mulheres negras do Brasil e do mundo, também iremos ecoar um manifesto pelo direito ao futuro, por uma política que não nos viole mas que permita que possamos ocupar e permanecer em espaços de poder.
Seguiremos trabalhando para que o Brasil avance de forma consistente na construção de um país mais justo, inclusivo e comprometido com os direitos da população negra. Com passado, presente e futuro a nossa frente, estaremos de mãos dadas marchando por um país com fomenta memória, planta reparação e colhe o bem-viver para todos.

Sobre as autoras, Benedita da Silva e Anielle Franco
Benedita Sousa da Silva Sampaio é professora, auxiliar de enfermagem, assistente social e política filiada ao Partido dos Trabalhadores. Foi vice-governadora e governadora do Rio de Janeiro, estado pelo qual foi senadora e atualmente é deputada federal.
Anielle Francisco é professora, jornalista e ativista brasileira, filiada ao Partido dos Trabalhadores. É fundadora do Instituto Marielle Franco e ministra da Igualdade Racial do Brasil

Programação da Marcha das Mulheres Negras mobiliza Brasília
A capital federal se prepara para receber, em 25 de novembro, a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que retorna a Brasília dez anos após sua primeira edição. Com concentração marcada para as 8h30 no Museu da República, o ato deve reunir milhares de pessoas e será precedido por uma extensa agenda de debates, atividades culturais e encontros nacionais e internacionais. Saiba mais na TVT News.
A mobilização integra o calendário do Mês da Consciência Negra e acontece paralelamente à programação especial lançada pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que acompanhará a marcha e dedicará reportagens, entrevistas e conteúdos culturais ao tema.
Semana de atividades começa no dia 20
A preparação para a marcha começa oficialmente em 20 de novembro, com a Semana por Reparação e Bem Viver, que transforma Brasília em um grande espaço de encontros, oficinas, feiras, rodas de conversa e intervenções artísticas. A proposta é criar um “aquilombamento preparatório”, fortalecendo vínculos e ampliando o debate sobre justiça racial, democracia e cuidado como estratégia política.
Entre os dias 22 e 24, acontecem os Diálogos Globais por Reparação e Bem Viver, que reunirão mulheres negras da África, das Américas e da Europa. Os encontros abordarão temas como economia do cuidado, segurança pública, enfrentamento ao racismo e violência de gênero, e justiça climática.
Além das atividades abertas ao público, a Marcha contará com ações articuladas por movimentos sociais e organizações políticas. Em 24 de novembro, a Fundação Perseu Abramo realiza o Encontro das Mulheres do PT em Marcha, onde serão apresentadas pesquisas e a terceira edição do estudo “Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado”.
No dia 25, data da Marcha das Mulheres Negras, a FPA instalará a Tenda das Beneditas na área de concentração, em homenagem à deputada Benedita da Silva e como ponto de acolhimento para militantes e participantes.
A programação cultural terá destaque especial para expressões da diversidade negra, incluindo eventos dedicados à cultura LGBTQIA+ e a realização do Ball “1 Milhão de FQs Negras: A Revolução das Bonecas”, que aproxima a cena Ballroom da mobilização política.
Estrutura nacional e internacional
A organização da Marcha envolve comitês impulsores em todos os 27 estados, além de núcleos municipais, regionais e um Comitê Internacional que articula militantes da diáspora e de países africanos. A expectativa é reunir 300 mil pessoas.
Participam mulheres negras de diferentes identidades e territórios (quilombolas, ribeirinhas, periféricas, trabalhadoras, artistas, acadêmicas, jovens e anciãs) além de coletivos focados em pautas específicas, como juventudes negras, justiça climática, psicólogas negras, LBTI e justiça reprodutiva.
Ato projeta um futuro de direitos inegociáveis
A Marcha de 2025 retoma o legado da primeira edição, realizada em 2015, que reuniu entre 50 mil e 100 mil mulheres em Brasília e se tornou um marco na luta contra o racismo, a violência e as desigualdades estruturais. Agora, o mote “Por Reparação e Bem Viver” reforça a defesa de políticas públicas e direitos historicamente negados às mulheres negras, grupo que, segundo dados do IBGE, lidera os índices de precarização do trabalho, desigualdade de renda, exclusão educacional e feminicídios.
Para as organizadoras, a marcha não é apenas um ato, mas um processo contínuo de transformação social. E a programação construída ao longo de novembro busca preparar o terreno para esse futuro onde, como afirma o texto de convocação, “os direitos, vozes e presenças negras sejam inegociáveis”.
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Notícias do dia com o Jornal TVT News Segunda Edição | 19-11-2025
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