Você já distribui balas e doces para crianças? Ou já ganhou sua sacolinha com balas? Hoje é dia de Cosme e Damião, festa que mescla tradições das religiões católica, do candomblé e da umbanda e que segue com força no Brasil, tanto nos centros urbanos, como nas periferias. A reportagem da TVT News conta um pouco mais sobre o que é a Festa de Cosme e Damião.
Hoje, a Ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo citou a festa durante a cerimônia de posse no ministério. A ministra fez referência à festa no discurso ao dizer que trabalhará para resgatar a alegria na pasta. “A alegria das crianças. Hoje é dia de Cosme e Damião, que essa alegria nos invada. A alegria das crianças é, portanto, resistência, porque elas não se rendem”, disse a ministra.
27 de setembro é Dia de Cosme e Damião
No dia 27 de setembro celebra-se o Dia de Cosme e Damião em diversas partes do Brasil. Data conhecida pela distribuição de balas e doces às crianças, a festividade tem profundo significado nas tradições religiosas de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé. No entanto, a festividade não se limita à religiosidade: para muitos, é também um dia de solidariedade e generosidade, marcado pela distribuição de alimentos e presentes. “A Igreja Católica Apostólica celebra os santos Cosme e Damião em 26 de setembro, já a Ortodoxa entre outubro e novembro (há variações)”, explica o professor da USP e pesquisador de cultura popular, Dennis Oliveira.
De acordo com o professor, o que acontece, no Brasil, é a “africanização” da festa de origem católica. “Cosme e Damião tem origem cristã, eram irmãos gêmeos que exerceram a medicina gratuitamente até a morte deles, por volta em 300 dC. Entretanto, no Brasil, há uma africanização de Cosme e Damião que são celebradas pelas tradições de matriz africana como reverencia aos ibejis ou eres“, explica Oliveira.
E qual a relação de Cosme e Damião com os Ibejis, da tradição Yorubá?
Quer entender qual a relação entre os gêmeos Cosme e Damião e os Ibejis? O professor Dennis Oliveira conta que Ibeji vem do youruba ibi (nascimento) e ji (dois).
“Ou seja, são gêmeos, uma simbolização do princípio da dualidade – a dialética é africana!!! E se refere a tudo que se inicia ou brota, como a criança, a nascente de um rio, o germinar das plantas. Algumas tradições afirmam que os ibejis são os filhos gêmeos de Xangô e Iansã. Por isto, as casas de umbanda e de candomblé angola reverenciam Cosme e Damião com entrega de doces para crianças”, conta Oliveira.
O professor da Faculdade Sesi de Educação, Lucas Scaravelli da Silva, conta que na “tradição da nação Yorubá (Jeje e Ketu) se denominam Ibejis, e na tradição na nação Congo-Angola se denominam Vunjis“, complementa Lucas. Ele conta que, além do doces, há distribuição da comida às divindades. “Além dos doces, que dialogam com a distribuição para as crianças, em Salvador e no Rio de Janeiro ainda mantém em suas casas tradicionais a confecção e distribuição do Caruru, comida típica dos santos”, explica Lucas.
Influência da ancestralidade Yorubá na festa de Cosme e Damião
A ancestralidade Yorubá tem grande impacto no culto a Cosme e Damião no Brasil. Na Umbanda e no Candomblé, os santos gêmeos são representados pelos Ibejis, que na mitologia africana simbolizam a dualidade, a infância e a harmonia entre opostos. Os Ibejis são muito respeitados como protetores das crianças e por trazerem alegria e fartura para os lares. Essa influência se reflete na prática de dar doces, balas e brinquedos, um símbolo de celebração da vida e de respeito às crianças. O Dia de Cosme e Damião, então, torna-se um momento em que a ancestralidade africana se mistura à cultura popular brasileira, criando uma festa que atravessa diferentes camadas sociais e religiosas.
Como é o Dia de Cosme e Damião no Cais do Valongo no Rio de Janeiro
Um dos pontos mais simbólicos da celebração de Cosme e Damião no Rio de Janeiro acontece no Cais do Valongo, local histórico que serviu como principal ponto de desembarque de africanos escravizados na cidade. Ali, são distribuídos doces em homenagem aos Ibejis, reforçando a conexão entre as tradições africanas e o presente. A festa no Cais do Valongo tem um valor cultural significativo, não apenas pela preservação da memória dos antepassados, mas também como uma forma de resistência e celebração da herança afro-brasileira, fundamental para a identidade do país.
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