Dia Internacional da Doação de Livros reforça poder transformador da leitura

14 de fevereiro é o Dia da Doação de Livros. Veja dicas de doações para outras pessoas viajarem na leitura com você
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Confira 10 livros que vão estimular seu hábito de leitura. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Em 14 de fevereiro é celebrado o Dia Internacional da Doação de Livros, iniciativa importante e convidativa para promover o conhecimento pelo hábito da leitura em pessoas de todas as idades. Veja dicas de leitura e de doação de livros com a TVT News.

De acordo com a psicopedagoga e escritora infantil Paula Furtado, “doar livros é muito mais do que entregar objetos; é abrir portas para mundos desconhecidos, despertar sonhos e cultivar o amor pela leitura. Livros doados tem o poder de inspirar, ensinar e criar novos caminhos para quem o recebe”.

Quer buscar formas de incentivar novas leituras? A especialista listou seis iniciativas para te ajudar, confira:

  • Compartilhe livros que foram importantes para você – Isso ajuda a perpetuar sua vivência com alguém.
  • Proporcione ocasiões de leitura em conjunto. Sente-se com uma criança e leia junto. Ler amplia o vocabulário, estimula o pensamento crítico e desenvolve a criatividade para o domínio da linguagem oral e escrita.
  • Incentive conversas e promova o poder transformador da leitura.
  • Transforme a troca de livros e a leitura em um momento prazeroso. O afeto fortalece laços e constrói memórias afetivas que perduram por toda a vida.
  • Torne o ato de doar uma oportunidade de cura. As narrativas tocam camadas profundas da nossa psique, e nos ajudam a ressignificar dores e a enxergar nossas jornadas sob novas perspectivas.
  • Integre diferentes gerações. Para uma criança, pode ser o primeiro contato com um universo cheio de possibilidades. Para um adulto, uma oportunidade de reconexão ou descoberta.

Bons livros podem vir de todos os lugares. Elas podem ter sido escritas por homens, mulheres, de diferentes nacionalidades, grupos socioeconômicos, etnias e idades. A pluralidade e diversidade são o maior segredo para te instigar a visitar novos mundos ficcionais ou novas realidades longe do seu cotidiano. Talvez num sebo você encontre o livro perfeito, vindo dessa política de doações.

Pensando em valorizar a diversidade, a Fuvest, vestibular específico de acesso à Universidade de São Paulo (USP), escolheu apenas livros escritos por mulheres como leitura obrigatória para as edições da prova entre 2026 a 2029.

Entre as autoras escolhidas estão Clarice Lispector, Conceição Evaristo, Lygia Fagundes Telles e Rachel de Queiroz, além de outras como Djaimilia Pereira de Almeida, Julia Lopes de Almeida e Nísia Floresta. Livros como estes estão em bibliotecas públicas e podem ser doados pela economia circular em sebos.

Leu até aqui e ainda não sabe qual literatura procurar? A TVT ajuda!

Confira 10 livros escolhidos pela TVT News para você devorar e repassar para outras pessoas:

Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva

Inspiração por trás do filme de mesmo nome pré-indicado ao Oscar 2025, Ainda Estou Aqui retrata a história de sua mãe, Eunice Paiva. Tendo sido uma mulher de muitas vidas, Eunice foi casada com o deputado Rubens Paiva, cassado e exilado em 1964. Mãe de cinco filhos, passou a criá-los sozinha quando, em 1971, o marido foi preso por agentes da ditadura, sendo torturado e morto. Em meio à dor, ela se reinventou. Voltou a estudar, tornou-se advogada, defensora dos direitos indígenas. Nunca chorou na frente das câmeras.

Ao falar de Eunice, e de sua última luta, desta vez contra o Alzheimer, Marcelo Rubens Paiva fala também da memória, da infância e do filho. E mergulha num momento obscuro da história recente brasileira para contar — e tentar entender — o que de fato ocorreu com Rubens Paiva, seu pai, naquele janeiro de 1971.

Veja na Companhia das Letras

Amoras, de Emicida

Na música Amoras, Emicida canta: “Que a doçura das frutinhas sabor acalanto/ Fez a criança sozinha alcançar a conclusão/ Papai que bom, porque eu sou pretinha também”. E é a partir desse rap que um dos artistas brasileiros mais influentes da atualidade cria seu primeiro livro infantil e mostra, através de seu texto e das ilustrações de Aldo Fabrini, a importância de nos reconhecermos no mundo e nos orgulharmos de quem somos — desde criança e para sempre.

Veja na Companhia das Letras

O avesso da pele, de Jeferson Tenório

Vencedor do Prêmio Jabuti 2021, O avesso da pele é a história de Pedro, que, após a morte do pai, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, Jeferson Tenório traz à superfície um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, e um denso relato sobre as relações entre pais e filhos.

O que está em jogo é a vida de um homem abalado pelas inevitáveis fraturas existenciais da sua condição de negro em um país racista, um processo de dor, de acerto de contas, mas também de redenção, superação e liberdade. Com habilidade incomum para conceber e estruturar personagens e de lidar com as complexidades e pequenas tragédias das relações familiares, Jeferson Tenório se consolida como uma das vozes mais potentes e estilisticamente corajosas da literatura brasileira contemporânea.

Os outros livros escrito por Jeferson Tenório também são boas recomendação.

Veja na Companhia das Letras

O Capital Para Crianças, de Joan R. Riera

Lançado na ocasião da celebração ao bicentenário de Karl Marx em 2018, O capital para crianças, tem o intuito de apresentar as ideias do filósofo alemão aos pequenos. O livro explica de forma acessível e divertida a obra mais importante do filósofo alemão e suas contribuições para a história, para a política e para a sociedade.

Veja na Boitempo Editorial

Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez

Em Cem anos de solidão, um dos maiores clássicos da literatura, o prestigiado autor narra a incrível e triste história dos Buendía – a estirpe de solitários para a qual não será dada “uma segunda oportunidade sobre a terra” e apresenta o maravilhoso universo da fictícia Macondo, onde se passa o romance. É lá que acompanhamos diversas gerações dessa família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo. Para além dos artifícios técnicos e das influências literárias que transbordam do livro, ainda vemos em suas páginas o que por muitos é considerado uma autêntica enciclopédia do imaginário, num estilo que consagrou o colombiano como um dos maiores autores do século XX.

Em nenhum outro livro, García Márquez empenhou-se tanto para alcançar o tom com que sua avó materna lhe contava os episódios mais fantásticos sem alterar um só traço do rosto. Assim, ao mesmo tempo em que a incrível e triste história dos Buendía pode ser entendida como uma autêntica enciclopédia do imaginário, ela é narrada de modo a parecer que tudo faz parte da mais banal das realidades.

Demais livros escritos por Gabriel García Márquez também merecem sua atenção. Amor Nos Tempos de Cólera é um exemplo importantíssimo da vasta coletânea produzia pelo autor.

Leia a resenha na TVT News

Chomsky & Mujica: Sobrevivendo ao século XXI, de Saúl Alvídrez

Duas referências mundiais do pensamento contemporâneo se reúnem em Chomsky & Mujica: sobrevivendo ao século XXI para conversar sobre questões transcendentais que afetam a humanidade e debater alternativas para o futuro. De um lado, José Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai e ex-guerrilheiro que alcançou enorme popularidade internacional pregando a austeridade, a sabedoria e o bom senso. Do outro lado, Noam Chomsky, o intelectual e ativista estadunidense que revolucionou a linguística e se dedica a temas humanísticos e filosóficos do nosso tempo. O documentarista mexicano Saúl Alvídrez reuniu os dois pela primeira vez, criando o clima propício para uma frutífera troca de ideias.

Do encontro dessas vozes, surgem reflexões que permitem uma aproximação das grandes questões que o mundo está enfrentando: as consequências das mudanças climáticas, os males da política, a corrupção, o populismo, a crise do capitalismo e as suas sucessivas mutações, a lógica da economia de mercado e os problemas de produção, entre muitas outras.

Diante da ameaça de um colapso civilizacional e das alternativas contraditórias da esquerda, Chomsky & Mujica apontam os valores que devemos priorizar para avançarmos em direção a uma mudança sustentável: a democracia, a liberdade, a vida com propósito, o amor e a amizade como pilares a partir dos quais um novo rumo pode ser construído.

Os livros escritos por Noam Chomsky são de teor acadêmico, mas são ótimas leituras, tanto é que são obrigatórias em diversos cursos da área de humanas. Suas publicações giram entorno da sociologia, filosofia e linguística.

Veja no Grupo Editorial Record

Eu Me Lembro, de Selton Mello

Eu Me Lembro celebra quatro décadas da carreira do ator e diretor Selton Mello, trazendo memórias da família, dos amigos e a profundidade da relação do ator e diretor com a arte. A trajetória é narrada em primeira pessoa, em resposta a uma série de perguntas feitas por um time de 40 estrelas da TV, teatro, cinema e literatura. 

Fernanda Torres e sua mãe, Fernanda Montenegro, Matheus Nachtergaele, o diretor Guel Arraes, Lázaro Ramos, Marjorie Estiano, Jeferson Tenório e Fábio Assunção são alguns dos nomes que ajudam a revelar um Selton de coração aberto: a carreira consolidada, suas dores, alegrias e uma história repleta de encontros de alma.  

Leia a resenha na TVT News

Outros livros cabeça que pode ser interessante ter na prateleira e ler nas próximas semanas são os livros de Fernanda Torres, primeira brasileira a concorrer ao Oscar de melhor Atriz. Como sugestão damos o mais recente, de 2013, Fim.

Mulheres, Raça e Classe, de Angela Davis

Profundamente analítico, traça as interseções de raça, classe e gênero na luta contra opressões. A autora desafia visões simplistas, expondo a centralidade das mulheres negras. Sua crítica à esquerda ortodoxa e reflexões sobre representatividade são atuais.

Mulheres, raça e classe, de Angela Davis, é uma obra fundamental para se entender as nuances das opressões. Começar o livro tratando da escravidão e de seus efeitos, da forma pela qual a mulher negra foi desumanizada, nos dá a dimensão da impossibilidade de se pensar um projeto de nação que desconsidere a centralidade da questão racial, já que as sociedades escravocratas foram fundadas no racismo. Além disso, a autora mostra a necessidade da não hierarquização das opressões, ou seja, o quanto é preciso considerar a intersecção de raça, classe e gênero para possibilitar um novo modelo de sociedade.

Veja mais na Boitempo Editorial

Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus

Do diário de Carolina Maria de Jesus surgiu este autêntico exemplo de literatura-verdade, que relata o cotidiano triste e cruel de uma mulher que sobrevive como catadora de papel. Com uma linguagem simples, mas contundente e original, a autora comove o leitor pelo realismo e pela sensibilidade na maneira de contar o que viu, viveu e sentiu durante os anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com seus três filhos.

Ao ler este relato, você vai acompanhar o duro dia a dia de quem não tem amanhã. E vai perceber com tristeza que, mesmo tendo sido escrito na década de 1950, este livro jamais perdeu sua atualidade. 

Carolina Maria de Jesus foi catadora de papel e viveu na favela do Canindé. Apaixonada por livros, ela alimentava sonhos e desabafava a sua triste realidade nas folhas encardidas de seus cadernos, que, mais tarde, tornaram-se públicas por meio desta obra única.

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A vegetariana, de Han Kang

“Eu tive um sonho”, diz Yeonghye, e desse sonho de sangue e escuros bosques nasce uma recusa radical: deixar de comer, cozinhar e servir carne. É o primeiro estágio de um desapego em três atos, um caminho muito particular de transcendência destrutiva que parece infectar todos à sua volta. A vegetariana tem sido apontado como um dos livros mais importantes da ficção contemporânea da ganhadora do Nobel de Literatura de 2024, Han Kang. Uma história sobre rebelião, tabu, violência e erotismo escrita com a clareza atordoante das melhores e mais aterradoras fábulas. A tradução, diretamente do coreano, restitui o estranhamento do original.

Veja mais na Todavia

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