Durante a entrevista coletiva de fim de ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou diretamente o agravamento das tensões entre a Venezuela e os Estados Unidos, adotando um tom de preocupação regional e defesa explícita da diplomacia como único caminho possível para evitar um conflito armado na América do Sul. Entenda na TVT News.
Lula revelou que manteve conversas diretas tanto com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, quanto com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Sobre a Venezuela, conversei com o presidente Maduro e com o presidente Trump”, afirmou. Segundo o presidente brasileiro, o recado aos dois interlocutores foi claro e objetivo. “Disse para Trump da preocupação do Brasil com a Venezuela. Isso aqui é zona de paz e não de guerra.”
Ao comentar o conteúdo da conversa com o presidente norte-americano, Lula destacou que rechaçou qualquer solução baseada no uso da força. “Disse que as coisas não se resolveriam com tiro. Disse para sentarmos e encontrarmos solução”, afirmou, reforçando a posição histórica da diplomacia brasileira em defesa da negociação e da solução pacífica de controvérsias.
O presidente também levantou questionamentos sobre os reais interesses por trás do acirramento das tensões envolvendo Caracas. “Nunca ninguém disse o real motivo disso. Se é o petróleo da Venezuela, as terras raras, minerais críticos. Ninguém coloca na mesa o que quer”, declarou, ao sugerir que fatores econômicos e estratégicos estariam no centro da disputa, ainda que não explicitados publicamente.
Lula e Brasil pela paz
Lula afirmou que colocou o Brasil à disposição como mediador do diálogo, tanto junto ao governo venezuelano quanto ao governo norte-americano. “Falei para Maduro que se o Brasil pudesse ajudar, temos todo interesse. Disse isso para Trump também”, relatou. Segundo ele, a proposta envolve não apenas conversas bilaterais, mas uma articulação mais ampla. “Podemos ajudar, conversar com outros países para que a gente evite um confronto na nossa querida América do Sul.”
O presidente ressaltou que o engajamento brasileiro decorre não apenas de uma opção política, mas de uma responsabilidade geopolítica concreta. “O Brasil tem muito apreço por isso. Temos muitos quilômetros de fronteira com a Venezuela”, afirmou. Para Lula, a proximidade territorial torna inaceitável qualquer escalada militar na região. “Não queremos guerra no nosso continente.”
Lula reconheceu que o cenário é instável e que as ameaças têm sido constantes. “Todo dia vemos uma ameaça e estamos preocupados, obviamente”, disse, ao sublinhar que o Brasil acompanha a situação de forma permanente. Segundo ele, o país tem um papel central na preservação da estabilidade regional. “O Brasil tem muita responsabilidade na América do Sul.”
Ao final, o presidente revelou que pretende intensificar os esforços diplomáticos ainda antes do fim do ano. “Estou pensando, antes do Natal, em conversar de novo com Trump para saber o que é possível o Brasil contribuir para que tenhamos um acordo diplomático e não uma guerra fratricida”, afirmou.
A fala reforça a estratégia do governo brasileiro de reposicionar o país como ator ativo na mediação de conflitos internacionais, especialmente no entorno regional, apostando no diálogo multilateral e na diplomacia presidencial como instrumentos centrais para evitar crises armadas no continente sul-americano.
