O deputado federal Reimont (PT-RJ) afirmou nesta terça-feira (14), em entrevista ao Jornal TVT News Primeira Edição, que o governo Lula deve responder politicamente à infidelidade de partidos do Centrão no Congresso Nacional, após a derrota da Medida Provisória (MP) alternativa ao aumento do IOF, com a retomada de pautas de interesse popular — como o fim da escala 6×1 e a tarifa zero no transporte público. Leia em TVT News.
Segundo o parlamentar, é hora de “constranger o Congresso Nacional”, que, em suas palavras, “tem agido como inimigo do povo”.
Reimont avaliou que a crise entre o Executivo e o Legislativo expõe o caráter de uma Câmara “desalinhada com as necessidades do país”. “Nós sabemos que o Congresso Nacional recebeu recentemente um carimbo, que é o carimbo ‘Congresso inimigo do povo’. E ele estava avançando para assumir esse papel quando votou, por exemplo, a PEC da blindagem”, disse o deputado.
O petista lamentou o distanciamento entre o Parlamento e as pautas defendidas pelo governo federal. “Eu queria muito que o Congresso tivesse antenado com as pautas do presidente Lula, que é um governo que tem olhado pra vida do povo brasileiro. Queria que as pautas do Congresso fossem alinhadas com as necessidades do Brasil. Falo com tristeza, não com alegria. Nós queremos um Congresso que fiscalize, mas que não seja um Congresso que prejudique o povo votando pautas sem consonância com a realidade brasileira”, afirmou.
Para Reimont, as recentes exonerações de aliados do Centrão indicam que o governo deve adotar uma postura mais firme diante de partidos que “mamavam nas tetas do governo com tantas indicações” e, mesmo assim, “traíram o governo em votações decisivas”. “Imagine, vice-presidência da Caixa Econômica com o PL. Muita loucura”, criticou.
O deputado defendeu que o Planalto avance agora sobre uma agenda que pressione o Congresso e mobilize a população. “Esse é o momento de colocar sim a discussão da tarifa zero. Esse é o momento de discutir e tratar sim o tema do fim da escala 6×1. Esse é o momento de pautar a taxação dos super-ricos”, declarou.

Segundo ele, essas medidas são amplamente compreendidas e apoiadas pela população. “Hoje de manhã, numa padaria perto da minha casa, a conversa era essa: ‘que absurdo os ricos no Brasil não pagarem imposto’. Isso é tão palatável pro povo. O governo tem que botar isso na pauta pra fazer um certo constrangimento do Congresso Nacional, que não pode ser pautado por Nicolas [Ferreira], [Paulo] Bilynskyj e Sóstenes Cavalcante”, afirmou.
O deputado também defendeu o enfrentamento ao discurso liberal de “Estado mínimo”, que, segundo ele, se traduz em ataques a direitos trabalhistas e sociais. “Os deputados que querem dizer que o Estado tem que ser um Estado pequeno, meritocrático, que as pessoas podem avançar sem depender do Estado — essa lorota toda — são os mesmos que defendem a manutenção da escala 6×1. Eles acham que o trabalhador pode não ter vida além do trabalho”, criticou.
Para Reimont, a luta contra a jornada extenuante deve ser conectada a outras bandeiras. “A luta contra a escala 6×1 está ligada à luta dos trabalhadores de aplicativo, à reforma administrativa e à tarifa zero. Tudo está interligado. É um pacote que a sociedade precisa compreender”, afirmou.
Ele citou ainda a importância de servidores públicos com estabilidade, “que garantem políticas públicas e têm a coragem de dizer ‘não’ quando o poder tenta agir de forma ilegal”. O deputado lembrou o episódio das joias sauditas: “Se fosse um seletista, Bolsonaro teria conseguido levar. Mas lá estava um servidor público com estabilidade que disse: ‘não vai retirar, não’”.
Reimont também comentou a atuação da extrema direita no Congresso, que, segundo ele, “diminuiu de fôlego, mas continua perigosa”. “A extrema direita se articula internacionalmente, está organizada em Portugal, na Itália, nos Estados Unidos, de braço dado com o genocídio de Israel. Eles estão envergonhados, mas a gente não pode descuidar. É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”, disse, parafraseando a música Divino Maravilhoso, um clássico na voz de Gal Costa.
O deputado relatou um episódio de hostilidade no aeroporto de Brasília envolvendo a deputada Júlia Zanatta (PL-SC). “Ela me enfrentou dizendo: ‘O senhor vai chamar o Conselho Tutelar pra mim porque estou com minha filha?’. Eu pensei: ‘Ai, Jesus, isso de novo’. Eles querem causar, querem provocar o confronto físico”, contou.
Para o parlamentar, é fundamental que a mídia progressista mantenha vigilância e mobilização contra as pautas da direita. “É preciso que nossas mídias alternativas, como a TVT, e os blogs progressistas estejam atuantes. Temos que manter a luta nas redes, nas ruas e nas plenárias. A luta é permanente”, concluiu.